Domingueiras!
Tenho ciúme da minha praia. Não gosto do domingo.
Domingo não é um dia de se ir à praia. É um dia de irem à praia. Quem vai à praia aos domingos vai em bando em número nunca inferior a sete, oito pessoas. Juntando todo mundo é uma horda que invade a sua sempre tranqüila paisagem.
As piscinas nos arrecifes de águas cálidas e translúcidas viram o piscinão de Ramos com xislhões de pessoas por metro quadrado, todas praticando alguma atividade inconveniente ou jogando bola, ou areia, ou água uns nos outros ou pura e simplesmente... mijando. É uma festa!
O caldinho de sururu com uma cervejinha gelada que em dias de semana você curte sossegado, no domingo tem que ser protegido das milhares de crianças que frenéticas gritam e correm ao seu redor. Não sei o que acontece com as criancinhas domingueiras que ao chegarem à praia pulam e gritam, berram, nas pontinhas dos pés, balançando as mâozinhas, aquele grito histérico, estridente e interminável externando não sei se seu ódio à humanidade ou, na falta de vocabulário mais apropriado, seu deslumbramento com as ondas do mar.
Tempos atrás um pai começou a jogar bola com um garotinho de 4 anos no meio das barracas. Como sou predestinado não deu outra: a bola veio certeira no meu copo de cerveja derrubando o precioso líquido no meu colo, na mesa e na areia.
Indignado berrei um “porra, cacete”! O imbecil, travestido de pai, responde: “não vê que o garoto tem só quatro anos?” Retruco: “mas você não!”, ainda em tom exaltado. Se mancou e ficou quieto.
Pois bem, justamente na mesa do imbecil sentava-se uma jovem senhora gorda que tinha por mau hábito urinar-se sentada na cadeira enquanto degustava sua cervejinha. Olha o padrão! Ela sorvendo a cervejinha e a mijada correndo solta por baixo da cadeira! Apelidei-a de cascatinha!
Mas a natureza é sábia. Com alguns meses mais o mar comeu aquele pedaço de praia, a barraca, a calçada e tudo mais. Todos tivemos que mudar de freguesia e a mijona sumiu. Nunca mais a vi!
Domingo é fogo. Vendedores de tudo: cds, redes, búzios, colares e miçangas em geral, ciganas cartomantes querendo ler sua mão, caldinhos e até uma horrorosa de uma batata frita! Todos os vendedores, lógico, com suas indefectíveis havaianas levantando areia no calcanhar quando passam entre as barracas!
E os negociadores de preço. Quanto é a cerveja? Dois e cinqüenta. Tá cara, lá na barraca no fim da praia tá por dois e quarenta! Quanto é o camarão? Cinco dois copos (é, é por copo mesmo). Tá, mas bota um choro aí. Deixa experimentar, e mete a mão em mais três camarões! È irritante!
E tem os criativos como um vendedor de camarão que se apropriou do refrão pentelho da Globo e vende gritando: camarão e voceeê, tuuudo a veeer!
Domingo não é dia de se ir à praia!
1 Comments:
Domingo na praia e todo dia em São Paulo. naaaaaaada a veeeeer!!!!!!
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