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Local: Varanda em Pernambuco

domingo, janeiro 07, 2007

Atendendo a pedido


Ontem encontrei o Ronaldo, um carioca boa praça que ajudava a tocar o Piedade Chopp, boteco na esquina aqui de casa.

Resolveu se associar numa padaria em Cavaleiro, um distrito interiorano e popular do município de Jaboatão dos Guararapes.

Ronaldo é um dos poucos, porém fiéis, leitores dos Meusditos. Cobrou-me trabalho. “Onde já se viu, desde que foi para São Paulo não escreveu mais nada. Tá ficando vagabundo, meu chapa?”

Confessei que sim. Não uma vagabundagem padrão, mas uma vagabundagem de enjôo. Cansei um pouco de dar atenção para o Brasil e para a maioria dos brasileiros.

É uma missão quase impossível. Quando você pensa que já chegamos no fundo do poço, eles, com a maior cara dura, provam que não: sempre podemos piorar. Agora mesmo, vários suplentes de deputados, senadores e vereadores pelo Brasil a fora vão assumir sua vaga por vinte e nove dias, embolsar coisa como R$ 40 mil, no caso dos federais, sem contar verbas de gabinete. Com um senão: os parlamentos estão em recesso. Mesmo que quisessem, o que não é o caso, não poderiam trabalhar.

Tom Jobim tinha razão, o Brasil não é para amadores.

Enquanto isso vou devorando o livro do Armando Conde, meu amigo e ex patrão: “A Riqueza da Vida, memórias de um banqueiro boêmio”.

O Armando é uma figuraça com uma vida riquíssima, cercado por amigos exóticos e bastante divertidos.

Anos atrás teve um câncer nas cordas vocais. Operou-se e se deu bem. Por coincidência também eu tive o problema. Quando internado na UTI do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, ouvi na cabine ao lado uma discussão de duas ou três enfermeiras com um tal de Dr. Julinho que não queria parar quieto. Mais tarde soube que era o Julinho Parente, boêmio de carteirinha que bebeu metade da Escócia e amicíssimo do Armando.

Semanas depois, ao telefone, Armando me disse que o Julinho também tinha tido câncer na “güela”. (é assim que ele diz goela). Perguntei como ele estava e o Armando disse: "Ele morreu. Aliás, Alfredo, o Julinho não morreu, ele gastou...!"

Recomendo o livro.