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terça-feira, março 28, 2006

Escala Mantega

Muito se especulou sobre quem substituiria o Palocci. Falou-se em Mercadante e Ciro Gomes, por exemplo. A cadeira do Ministro da Fazenda não se presta a incendiário ou palanqueiro. Mercadante está, assim como ensinou Lula, sempre em cima de um palanque, melhor dizendo, de uma passarela desfilando com arrogância seu pretenso saber. O outro, coitado, é um rapazola mal criado que confunde firmeza política com desaforos.
Ambos seriam uma escolha equivocada. Seria mais ou menos como nomear a Heloisa Helena membro do Copom. Seriam vários incêndios por reunião, certamente com vítimas de ambos os lados até mesmo fatais. Junto lá se ia o Brasil.

Os três últimos bem sucedidos Ministros da Fazenda foram sem dúvida o Fernando Henrique, o Pedro Malan e o agora defenestrado Palocci. Não pela capacidade técnica que o cargo talvez exigisse (que se mostrou absolutamente desnecessária) e sim pela postura olímpica dos três, pairando sempre acima das confusões diuturnas dos simples mortais com ares de navegarem sempre em ventos de bonança e céu de brigadeiro. Sóbrios, contidos, quase sempre didáticos, não se furtavam de compartilhar com a plebe ignara seus ditames, deixando sempre no ar de forma difusa um aviso de que sabiam o que estavam fazendo.

Um saiu para ser presidente da República, Malan, confesso não saber por onde anda mas seguramente está bem talvez freqüentando a banca universitária e Conselhos de Administração de grandes empresas. E Palocci tenta de todas as maneiras não ter sua prisão decretada por reinações nos recreios de Ribeirão Preto quando prefeito.

Agora temos o Mantega, genovês, desde os dois anos de idade no Brasil, economista com doutorado em sociologia. Enquanto presidente do BNDES vendeu seu peixe direitinho, inclusive com críticas à equipe econômica pelas altas taxas da TJLP. Não creio que terá dificuldades em defender o contrário agora, com pequenos ajustes.

Mas, voltando à vaca fria, o que importa é sua postura. Não podemos negar que possui aquele ar blasè que tanto sucesso fez nos seus antecessores e que os torna inescrutáveis. É como cara de jogador de pôquer, não pisca. Mas este ministro vem com uma marca registrada que nos ajudará muito a desvendar as verdadeiras dificuldades dos momentos econômicos. Ele pisca pra cacete! Onde já se viu Ministro da Fazenda que é o primeiro a piscar? Seu tic nervoso lhe retesa um pouco o lado esquerdo superior desde o ombro até o olho. Aí é que está a oportunidade!

Todos sabemos que o tic nervoso se presta como um relógio para medir o stress de seu portador. Quanto maior o stress mais acentuado o tic. Vamos referendar como 75 em 100 o repuxar de seu olho esquerdo na primeira entrevista que deu ontem ao Jornal Nacional. A partir desse referencial vamos a cada nova aparição do ministro saber se seu stress está baixo, alto ou altíssimo. Acredito que numa iminente dispensa sumária do cargo deve bater fácil os 100 pontos na Escala Mantega de Stress. Com o adequado uso da escala poderemos detectar com antecedência a queda do Henrique Meirelles, por exemplo.

Ministro da Fazenda que pisca era só o que nos faltava! Bons negócios!