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Local: Varanda em Pernambuco

segunda-feira, outubro 15, 2007

Nossa Senhora e eu

Não sou uma pessoa religiosa. Como vários de nós, nasci católico, batizado, fui criado na religião católica mas não me tornei um católico.

Meus avós maternos eram praticantes. Aliás uma das primeiras vezes que ouvi um palavrão foi um proferido pelo meu avô, no trânsito, mandando um motorista que havia lhe dado uma “fechada” à puta que o pariu. Fiquei chocado. Como um senhor tão religioso poderia dirigir tal impropério a seu próximo?

Com o tempo percebi que a religião não santificava o homem. Muitas vezes, ao contrário, acolhia os maiores monstros em seu rebanho.

O segundo impacto pessoal com a religião foi na minha primeira comunhão. Na primeira confissão, menti ao padre. Não me lembro qual a mentira mas, seguramente, pela idade, nada de muito grave. Mesmo assim, acreditem vocês, na noite anterior à comunhão, tive uma caxumba que me derrubou e me acamou por uma semana. Fiquei impressionadíssimo! Só poderia ser castigo de Deus! Curado, confessei-me novamente, tendo o cuidado de dizer a verdade, inclusive, relatando a mentira na primeira confissão.

No ginásio estudei no Colégio Santa Cruz, de padres canadenses. Em matéria de religião não foi uma boa experiência. Como em qualquer comunidade, havia os bons padres e os maus. Aos maus, não dei mole e vice versa. Tive sérias desavenças com alguns. Credito a eles meu afastamento da religião e do colégio que não aceitou minha nova matrícula no primeiro científico, quando fui reprovado.

Casei-me no religioso, como vários, pela beleza e tradição da cerimônia. Já havia na época, necessidade de um pequeno “curso de noivos” para casar na igreja. Não me dispus a fazê-lo e apelei ao meu avô que pediu ao pároco da igreja minha dispensa do curso. Valeu o pistolão, não fiz o tal curso.

Quando nasceram meus filhos não os batizei, deixando para eles, no futuro, a decisão. Quando terminaram o primário quis que cursassem o Colégio Santo Américo, um ótimo colégio. Como não eram batizados, mais uma vez precisei de um lobby, desta vez, de uma prima de minha mulher, amiga do diretor do Colégio.

Pensei comigo, não são os padres missionários de Deus? Porque não aceitar alunos não batizados e ter a oportunidade de convertê-los à religião? Pelo jeito não queriam trabalho, desacostumados do sacerdócio.

Meu filho mais novo, para glória do diretor do colégio, aos 16 anos, pediu para ser batizado. Foi uma cerimônia comovente.

E assim venho levando a vida sem religião. Dizem os irreverentes que jamais se viu um ateu no leito da morte. Que na hora do vamos ver, todos chamam por Deus!

Toda manhã em minhas caminhadas passo em frente a uma pequena igreja, a de Nossa Senhora de Piedade, a beira mar da praia de mesmo nome.

Um dia quando passava em frente à igreja me veio uma não rara urgência fisiológica, uma tremenda dor de barriga. Meio na brincadeira olhei para a igreja e na maior camaradagem falei: “Ô minha Nossa Senhora me ajude!”

Não é que deu certo! Cheguei em casa a tempo, são e salvo!

Desde então mantenho com N.S. de Piedade um relacionamento informal convidando-a sempre para me acompanhar nos meus exercícios matinais.

Sexta feira passada, dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, li que havia um site na internet onde se podia acender uma vela virtual a Nossa Senhora. Moderninho, não?

Como Nossa Senhora é mãe, só tem uma, resolvi acender uma vela pedindo proteção aos leitores dos “Meusditos”.

Se quiserem um reforço para garantir e acender uma individual, o endereço é http://www.santuarionacional.com/. Aproveitem, nunca é demais uma boa amizade!