Tainha à "investment grade".
Como de costume fui às seis da manhã dar umas braçadas na piscina dos arrecifes da praia aqui defronte.
Encontrei dois companheiros e esperei que algum deles se manifestasse sobre o Brasil ter alcançado, ontem, o esperado “investment grade”. Não tocaram no assunto. Nem eu.
Tenho para mim que na caminhada da manhã e nas braçadas no mar deve-se conversar merda. Nada de elucubrações econômicas, políticas ou sociais. É hora de descontração, de exercício físico, para começar o dia bem disposto.
Deixei para lá.
Mais tarde, vi que meu estoque de cerveja não estava no nível ótimo para uma comemoração desse naipe. Liguei para o Walmir , meu fornecedor, e já fui falando:
- Ô Walmir, tô precisando de cerveja para a grande comemoração!
- Estou mandando, seu Alfredo, mas, ainda que mal pergunte, o senhor comemora tanto assim o dia do trabalho?
-Não, Walmir, você não ouviu que ontem o Brasil atingiu o “investment grade” na S&P’s?
- Seu Alfredo, tô mandando uma grade.
Fiquei frustrado. O Walmir não deu a menor bola pro meu papo. Tomei meu café e li o Jornal do Commercio, que dedicava menos de meia página sobre nossa façanha. Não me lembro mas vai ver a matéria era assinada pelo Walmir.
Chovia. Quando o tempo estiou, resolvi descer para tomar uma cervejinha na barraca do Ceará.
Não é o lugar ideal para uma comemoração desse tipo, mas vai que acontece. O Ceará, sempre gentil, veio me atender e ficou ao meu lado conversando. Não resisti :
- Ceará, viu só ontem? Eta nós, hein! O Brasil agora é “investment grade” na Standard and Poor’s!
- Seu Alfredo, vou ali na esquina, preciso comprar gelo.
Desanimei. Mas eis que chega um pescador, desses com tarrafa, com a sacola cheia de tainhas, carapebas e até um enorme e mal encarado bagre. Alegre serviu-se de uma caninha e brindou:
- Meu café da manhã! Vou comemorar!
Finalmente! Enfim um brasileiro comemorando nosso feito. Arrisquei:
- Já sei, você viu o Lula, ontem, dizendo que o Brasil, agora, é um país sério, um país confiável, um país “investment grade”!
- Que é isso meu patrão? Tô comemorando a pesca. Se o Lula falou isso é que ele tomou umas antes de mim!
Desisti. “Investment grade”, porra nenhuma. Comprei uma tainha que, em protesto, ainda se debatia.
É com ela que vou comemorar logo mais, à noitinha, um belo tira gosto, um “appetizer”!
Encontrei dois companheiros e esperei que algum deles se manifestasse sobre o Brasil ter alcançado, ontem, o esperado “investment grade”. Não tocaram no assunto. Nem eu.
Tenho para mim que na caminhada da manhã e nas braçadas no mar deve-se conversar merda. Nada de elucubrações econômicas, políticas ou sociais. É hora de descontração, de exercício físico, para começar o dia bem disposto.
Deixei para lá.
Mais tarde, vi que meu estoque de cerveja não estava no nível ótimo para uma comemoração desse naipe. Liguei para o Walmir , meu fornecedor, e já fui falando:
- Ô Walmir, tô precisando de cerveja para a grande comemoração!
- Estou mandando, seu Alfredo, mas, ainda que mal pergunte, o senhor comemora tanto assim o dia do trabalho?
-Não, Walmir, você não ouviu que ontem o Brasil atingiu o “investment grade” na S&P’s?
- Seu Alfredo, tô mandando uma grade.
Fiquei frustrado. O Walmir não deu a menor bola pro meu papo. Tomei meu café e li o Jornal do Commercio, que dedicava menos de meia página sobre nossa façanha. Não me lembro mas vai ver a matéria era assinada pelo Walmir.
Chovia. Quando o tempo estiou, resolvi descer para tomar uma cervejinha na barraca do Ceará.
Não é o lugar ideal para uma comemoração desse tipo, mas vai que acontece. O Ceará, sempre gentil, veio me atender e ficou ao meu lado conversando. Não resisti :
- Ceará, viu só ontem? Eta nós, hein! O Brasil agora é “investment grade” na Standard and Poor’s!
- Seu Alfredo, vou ali na esquina, preciso comprar gelo.
Desanimei. Mas eis que chega um pescador, desses com tarrafa, com a sacola cheia de tainhas, carapebas e até um enorme e mal encarado bagre. Alegre serviu-se de uma caninha e brindou:
- Meu café da manhã! Vou comemorar!
Finalmente! Enfim um brasileiro comemorando nosso feito. Arrisquei:
- Já sei, você viu o Lula, ontem, dizendo que o Brasil, agora, é um país sério, um país confiável, um país “investment grade”!
- Que é isso meu patrão? Tô comemorando a pesca. Se o Lula falou isso é que ele tomou umas antes de mim!
Desisti. “Investment grade”, porra nenhuma. Comprei uma tainha que, em protesto, ainda se debatia.
É com ela que vou comemorar logo mais, à noitinha, um belo tira gosto, um “appetizer”!
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