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Local: Varanda em Pernambuco

sexta-feira, abril 11, 2008

Os profissionais e os babacas.

Toda vez que deputados pedem reajustes me dá um frio na espinha. Agora querem uma atualização da verba de gabinete que é somente de R$ 53 mil para cada um. É para seus funcionários, dizem. Vá lá, apesar de apaniguados nomeados sem concurso, também são filhos de Deus e um reajustezinho não faz mal a ninguém.

Salvo engano, além da verba de gabinete, os deputados recebem R$ 16 mil de salário, R$ 4,2 mil para despesas de correio e telefone, R$ 3 mil de auxílio moradia e mais módicos R$ 15 mil de uma tal verba indenizatória para despesas gerais comprovadas, geralmente, com notas frias. E, não vamos esquecer os 15 salários. Salvo engano maior, parece que essa conta vai a R$ 800 milhões por ano.

Precisamos considerar também que o batente é de terça à quinta. O prolongado fim de semana é para contatos com a “base”. Tendo a considerar que a “base” em ano não eleitoral são os amigos, a família e agregados. Sem contar que como temos no Brasil eleições a cada dois anos, a cada biênio há um recesso branco de seis meses para que os nobres deputados possam garantir seus empregos no futuro. Ou seja em cada legislatura de quatro anos, um é dedicado às campanhas.

É como se você, empregado, a cada dois anos tivesse uma licença de seis meses para distribuir currículos e procurar melhores oportunidades no mercado de trabalho.

Tudo bem, digamos que é o preço da democracia e afinal “a gente somos democráticos”, como diz nosso presidente. Mas veja bem.

O porteiro do seu prédio você sabe o que faz: recebe pessoas, anuncia visitas, abre portas, recebe correspondências. Com um gari é a mesma coisa. Você o vê varrendo a rua, recolhendo lixo. Se deixam de fazer seus serviços você imediatamente os repreende, quando não, sumariamente, os dispensa. Agora, e um deputado, você sabe o que ele faz?

Em tese deveria propor leis, fiscalizar o executivo, representar seus eleitores buscando melhoria em suas vidas, modernizar o estado e os serviços públicos, enfim apresentar trabalho intelectual, que infelizmente já é difícil de ser percebido pela a maioria dos brasileiros. Isso, quando executado, o que não vem a ser o caso das últimas legislaturas.

Só tomamos conhecimento de brigas intestinas, busca de privilégios, corrupção, corporativismo e fofocas de eleições. Nada mais. Legislar não legislam visto que o executivo administra por Medidas Provisórias que lotam e empacam a pauta do Congresso. Fiscalizar não fiscalizam pois vivem pendurados no saco do executivo a procura de cargos.

E representar o eleitor, nem pensar. Já na posse deixam de ser servidores públicos e passam a ser “otoridades”. Não se metam os eleitores a cobrar serviço. Ponham-se no seu lugar e tenham respeito!

Pense bem, o que fez seu deputado federal até hoje? Quantos projetos de lei apresentou e aprovou? De quantas comissões faz parte e quais suas contribuições nelas? Que melhorias propôs para as instituições nacionais? Vou facilitar, quais informações você tem do trabalho de qualquer deputado?

Difícil de responder não é? Pois é com isso que eles contam, com nossa apatia, omissão, desinteresse e esquecimento. Nisto são profissionais e nós os babacas de sempre.