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Local: Varanda em Pernambuco

terça-feira, março 11, 2008

O alojamento e o observador de mares!

Voltando ao assunto. Há três dias foram despejados num terreno sete ou oito trabalhadores no acampamento da obra de enrocamento da praia para contenção do avanço do mar aqui em Piedade.

O alojamento resume-se a dois contêineres e alguns colchonetes. Dez andares acima, sem mosquitos, durmo de janelas abertas, ventilador ligado, numa confortável cama, e, mesmo assim, sinto algum desconforto com o calor que anda fazendo.

Não consigo imaginar como um empresário espera que seus trabalhadores durmam dentro de um contêiner de zinco, sem ventilação e repleto de muriçocas, pernilongos. A temperatura interna deve cozinhar ovo.

Afora isso, como deve ter havido um descompasso entre a chegada dos operários, o planejamento e entrega do material de trabalho, os coitados passam o dia concentrados, sentados no chão, olhando um para o outro sem entender direito o que se passa.

Como sou muito luxento, chegado a certo conforto, avaliei que, de certa forma, esse pessoal é quase escravo. Ninguém, que tivesse outra opção, se sujeitaria a condição tão humilhante de trabalho. Ninguém dorme no teto de um contêiner por prazer. Não come sentado em chão batido por diletantismo, não passa o dia olhando o colega sem sequer ter o alívio de trabalho a realizar.

Como também sou meio tinhoso desci para saber o nome da empresa só para ter o prazer de expô-lo aqui. Na primeira tentativa nada consegui. O barraqueiro, que mora na casa onde estão depositados os contêineres, não soube me informar.

Na volta da minha agradável natação, encontrei no portão do terreno um camarada com cara de chefe dos peões. Aproximei-me, cumprimentei e perguntei o nome da empresa responsável pela obra. Hesitou, pensou e disse-me que não conseguia se lembrar, diabo, e ia assinar seu contrato com ela logo mais. Deu o lampejo, lembrou-se: Construtora Camilo Collier, a mesma que fez as obras de contenção em Boa Viagem.

Aproveitei o momento e perguntei se os contêineres eram de alumínio ou zinco? Não soube responder, mas foi socorrido pela mulher do barraqueiro, que ouvia a conversa, e foi categórica: zinco!

Perguntei sobre a obra e disse-me que só respondia pela mecanização, ou seja, é babá dos tratores. Mas arriscou um palpite: essa obra não é definitiva, está errada. Concordei com ele e informei-o de um estudo que a Universidade Federal de Pernambuco está fazendo para resolver o problema.

Respondeu-me com convicção:

“Precisa não. Eu mesmo tenho uma técnica que resolve o assunto. Sou engenheiro e observo o mar. Um amigo que faz windsurfe, também com experiência de mar, me pediu para resolver o mesmo problema em frente ao seu hotel e me ensinou a técnica. Foi tiro e queda. O mar devolve três a quatro metros de areia por ano à sua praia!”

Perguntei qual era a técnica. Disse-me que não tinha problema, era um dique curvo, indicando a curvatura com gestos de mão.

Achei o engenheiro meio atrevido. Não distingue zinco de alumínio e se diz detentor de uma técnica para deter o avanço do mar! Era só o que me faltava!

Achei melhor mudar de assunto e perguntei se o enrocamento manteria o acesso à praia. Disse-me que sim, que eu ficasse tranqüilo.

Confesso que, se já não estava tranqüilo, depois desse “deixa comigo” do engenheiro observador dos mares, fiquei quase em pânico.

O potencial de dar merda é enorme!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Olá acho q esse lampejo q deu na cabeça do suposto chefe de peões foi completamente fora de propósito.
Pois o nome da Empresa responsável pela obra trata-se da Camillo de Brito e não Camillo Collier.

Acho o trabalho de vocês interessante, concordo que o que não e certo tem que ser posto em pauta sim, e se tratando de tudo que foi dito por você acho que seja um desrespeito sim, não só com os trabalhadores, mas também com a população que mora em volta dela, mas você há de convir que devesse prestar mais atenção no que escreve não se pode amara nada que se foi dito por uma pessoa cuja característica dada por você pode ser de uma pessoa duvidosa.

As fontes precisam ser avaliadas, preste mais atenção na hora de escrever em seu Blog ou não sei como você chama, para não ter que cometer um ato de injustiça como cometeu agora com uma Empresa séria e que sempre respeitos todos os espaços...

3:29 PM  

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