Aqui é assim!
Anos atrás resolvi jantar no Nova Sucata, famoso bar e restaurante à beira mar de Piedade.
Era uma recriação do Sucata, antigo bar tocado pelo China Bivar figura carimbada da sociedade local.
Figura, não, figuraça.
Lembro-me que pedi uma lagosta a Thermidor. Na época não morava aqui, vinha a passeio e adorava uma boa lagosta, caranguejo, agulhas fritas, tudo que tinha direito.
Já imaginava aquela tenra lagosta em sua carcaça, molho branco, creme de leite, manteiga, pimenta do reino, queijo ralado, vinho branco, tudo magnificamente gratinado no forno quando me chega a dita cuja.
Foi um desastre. Pedaços de lagosta vieram em sua casca imersos num molho de tomate à base de catchup. Reclamei, disse que havia pedido uma lagosta a Thermidor e não ao molho, como dizem. Retrucou o garçom que “aqui, lagosta Thermidor é assim”.
Essa cena ficou marcada em mim porque reflete, de certa maneira, nosso jeito pernambucano de ser. Tudo em Pernambuco “é assim”. Inventamos a roda diariamente e, pior, sempre com uma nova forma: triangular, quadrada, trapezóide, octogonal, mas nunca, jamais, redonda.
De outra feita conversando com uma decana e prestigiada jornalista local, disse estranhar a falta de cuidado dos jornais da terra com a revisão de texto.
Toda edição era um carnaval dos mais grosseiros erros. A confusão de milhares, milhões e bilhões é uma festa.
Respondeu-me, candidamente, que eu não deveria ser muito exigente com os jornalistas daqui, “afinal estamos em Pernambuco”!?!?
Mas porque me lembrei disso agora? Porque ontem Eneida me ligou perguntando quanto valia uma Ufir. Havia recebido uma tabela de remuneração do Sindicato dos Arquitetos que dizia que para projetos de ambientação devia-se cobrar 39 Ufirs por m², equivalentes a R$ 66 reais e pouco.
Como a Ufir havia sido congelada em 1999 ou 2000 a R$ 1,06, não entendia o valor da relação do sindicato. Procurei alguma explicação, recorri ao meu filho e nada. Resolvi ligar para o sindicato.
Perguntei se podiam me esclarecer o caso. Depois de alguma espera veio o atencioso cidadão e disse que as 39 Ufirs equivaliam a R$ 66 e poucos, e que, portanto, a Ufir valia algo próximo de R$ 1,70.
Insisti. Como determinaram esse valor já que uma Ufir vale R$ 1,06? Com a boa vontade dos justos disse-me que eles mesmos corrigiram a Ufir por sua conta e que lá no sindicato era assim, o valor da Ufir, é, hoje, algo próximo a R$ 1,70. Ponto.
O mais engraçado é que a Eneida é uma arquiteta que adora saber quanto deve cobrar por seus projetos, justamente para não cobrar os valores devidos. Invariavelmente acha que são exagerados.
Pois é, aqui é assim!
Era uma recriação do Sucata, antigo bar tocado pelo China Bivar figura carimbada da sociedade local.
Figura, não, figuraça.
Lembro-me que pedi uma lagosta a Thermidor. Na época não morava aqui, vinha a passeio e adorava uma boa lagosta, caranguejo, agulhas fritas, tudo que tinha direito.
Já imaginava aquela tenra lagosta em sua carcaça, molho branco, creme de leite, manteiga, pimenta do reino, queijo ralado, vinho branco, tudo magnificamente gratinado no forno quando me chega a dita cuja.
Foi um desastre. Pedaços de lagosta vieram em sua casca imersos num molho de tomate à base de catchup. Reclamei, disse que havia pedido uma lagosta a Thermidor e não ao molho, como dizem. Retrucou o garçom que “aqui, lagosta Thermidor é assim”.
Essa cena ficou marcada em mim porque reflete, de certa maneira, nosso jeito pernambucano de ser. Tudo em Pernambuco “é assim”. Inventamos a roda diariamente e, pior, sempre com uma nova forma: triangular, quadrada, trapezóide, octogonal, mas nunca, jamais, redonda.
De outra feita conversando com uma decana e prestigiada jornalista local, disse estranhar a falta de cuidado dos jornais da terra com a revisão de texto.
Toda edição era um carnaval dos mais grosseiros erros. A confusão de milhares, milhões e bilhões é uma festa.
Respondeu-me, candidamente, que eu não deveria ser muito exigente com os jornalistas daqui, “afinal estamos em Pernambuco”!?!?
Mas porque me lembrei disso agora? Porque ontem Eneida me ligou perguntando quanto valia uma Ufir. Havia recebido uma tabela de remuneração do Sindicato dos Arquitetos que dizia que para projetos de ambientação devia-se cobrar 39 Ufirs por m², equivalentes a R$ 66 reais e pouco.
Como a Ufir havia sido congelada em 1999 ou 2000 a R$ 1,06, não entendia o valor da relação do sindicato. Procurei alguma explicação, recorri ao meu filho e nada. Resolvi ligar para o sindicato.
Perguntei se podiam me esclarecer o caso. Depois de alguma espera veio o atencioso cidadão e disse que as 39 Ufirs equivaliam a R$ 66 e poucos, e que, portanto, a Ufir valia algo próximo de R$ 1,70.
Insisti. Como determinaram esse valor já que uma Ufir vale R$ 1,06? Com a boa vontade dos justos disse-me que eles mesmos corrigiram a Ufir por sua conta e que lá no sindicato era assim, o valor da Ufir, é, hoje, algo próximo a R$ 1,70. Ponto.
O mais engraçado é que a Eneida é uma arquiteta que adora saber quanto deve cobrar por seus projetos, justamente para não cobrar os valores devidos. Invariavelmente acha que são exagerados.
Pois é, aqui é assim!
1 Comments:
A partir de hoje minha consulta também custará 39 Ufir. Fiz uma pequena pesquisa aqui em casa e minha Ufir está valendo uns 20 reais. Vou me dar bem...
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