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Local: Varanda em Pernambuco

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Grosso modo é assim...

Pobre é uma desgraceira só. Basta a vida melhorar um pouquinho e a plebe já começa a comprar, comprar e se endividar.

É televisão de LCD, micro computador, laptop, um carro melhorzinho. Os mais assanhados partem logo para comprar uma casa.

-“Ah, agora sou proprietário, aluguel já era!”

-“Querida, aconteceu um milagre. Como os imóveis se valorizaram muito, nosso gerente lá do banco da hipoteca me ligou perguntando se eu não queria levantar uma graninha a mais com juros pra lá de módicos.”

-“Nossa casa agora tá valendo quase 50% a mais. Ele propôs que a gente renegocie a hipoteca pelo novo valor, levantamos o dinheirinho da diferença e, finalmente, trocamos nosso carro. Que tal?”

-“No começo eu resisti, mas ele tanto insistiu, disse que todo mundo tá fazendo, que, pôxa, porque não um dinheirinho extra? E ainda o ajudo a ficar bem lá com o diretor dele que tá cobrando produção, coitado.”

E tome crédito!

De repente fulaninho percebe que começa a faltar salário no fim do mês. Começa a ficar difícil pagar as dívidas.

-“Mas ainda dá para agüentar. Pior tá o Sam que teve que devolver o Toyota!”

-“Não é que outro dia chegaram na casa do Johnny e levaram sua Sansung? Novinha em folha! Quem mandou abusar, comprou tem que pagar é ou não é?”

-“Mulher, não tá dando pra pagar a prestação da casa. Tá russo. Daqui a pouco o banco vai executar a hipoteca e aí miau, voltamos para o aluguel. Mas, olha honey, lá na firma três já devolveram suas casas. Não é um Deus nos acuda, afinal!”

Engraçado que para o mané endividado, realmente não é um Deus nos acuda, mas para o banqueiro que emprestou para milhões de manézinhos é um senhor Deus nos acuda!

Imagine você grandes bancos repletos de hipotecas de casas que perderam 50, 60% de seus valores. De repente suas garantias viraram pó.

Sem contar que essas garantias viraram títulos derivativos e foram repassados mundo a fora para outros bancos e fundos de investimento.

Bilhões e bilhões de prejuízos, banqueiros de cabelo em pé sem ter a mínima idéia do valor consolidado do rombo no sistema. Um desconfiando do outro.

Despencam os ativos, as bolsas batem recordes de baixa e o presidente, em urgência, tem que apelar para a distribuição de dinheiro vivo para as famílias endividadas como devolução de impostos pagos. Um tipo de bolsa família de ricos.

A diferença da nossa é que as famílias americanas receberão de US$ 400 até US$ 1.600 do governo para gastarem como quiser! As empresas também terão sua verbinha.

A esperança é que a economia retome o crescimento.

Dizem os entendidos que a ajuda é pouca e veio tarde demais e que o ex-império, afundado em guerras, dívidas e incompetências vai amargar uma bela recessão.

Grosso modo é assim, Manézinho quebrou o mundo!

-“Nossa, amor, a casa caiu!”