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segunda-feira, agosto 14, 2006

Expressões necessárias

“Puta que pariu”! Como será que nasceu essa expressão? A dúvida me veio quando assistia a última entrevista do Lula.

Todas as palavras devem ter nascido por uma razão ou várias. Situações, sons, mais tarde letras e por aí vai. Imaginar como nasceram as expressões monossilábicas é até fácil.

O “Oh!”, de exclamação, deve ter sido regurgitado por um neandertal, saído das trevas dos primórdios, deslumbrado com um nascer do sol ou da lua cheia, uma cascata, floresta cheia de pássaros cantando, enfim, uma porção de possibilidades de desbunde. Até mesmo para um neandertal.

O “Ah!” expressa, talvez, a primeira satisfação, uma plenitude, nas priscas eras, de um pitecantropo refestelado após uma suculenta refeição de coxa de pterodopulus.

O “Ih!” deve ter acontecido imediatamente em seguida quando o pitecantropo viu um enorme animal voando enfurecido em sua direção com cara de pai do farto almoço que ele acabara de devorar. Nasceu também aí a exclamação composta no momento mesmo em que o furioso abriu a bocarra já em cima do pitecantropo que só teve tempo de completar o “Ih, fodeu!”

O “Uh!”, bom, este, com toda certeza, foi grunhido no primeiro exame de próstata, toque realizado, à época, por curandeiros, com tíbia de mamute.

Mas voltando à vaca fria, ao “puta que o pariu”. Dizem os homens de saber que foi uma evolução natural do famoso e detestado “filho da puta”.

Em tempos de antanho, o “filho da puta”, acredite, não era um xingamento. Era simplesmente um aposto de identificação. É, isso mesmo.

O filho da puta era, real e literalmente, o filho da puta, sem nenhum julgamento de valor. A mãe dele era a puta do lugar e, portanto, ele era o filho da própria. Assim como o Zeca do Gás, o Paulo do Peixe, o Mané da Lapada, ele era o “filho da puta”.

É notório que existem pessoas mal intencionadas. Começaram, por pura maldade, chamar de “filho da puta” desafetos seus, já como xingamento, para ofender mesmo já que, até onde se saiba, eram filhos de mães pacatas e de vida regrada . Daí para o “puta que o pariu” foi um pulo. Nada combina melhor com “filho da puta” do que mandá-lo à “puta que o pariu”.

Mas toda essa volta por causa da entrevista do Lula.

O xingamento é um impulso incontrolável quando você não pode contar com outras armas como o diálogo ou a argumentação, normalmente pelo calor da discussão ou mesmo pela impossibilidade física já que seu oponente está do lado de lá da telinha da televisão. Em linguagem presidencial, que argumento você pode usar com o juiz de futebol que apita um pênalti inexistente contra seu time, você em Recife e o “filho da puta” em Ribeirão Preto, em São Paulo? Só mesmo um sonoro palavrão.

Foi o que me aconteceu vendo a entrevista do Lula, ele insistindo em falar em ética, honestidade e decência.

Rapaz, veio lá do fundo da alma, lá da unha encravada, não um “puta que pariu” ligeiro, flat. Não!

Veio um robusto, forte, consistente, redondo, sonoro “pôoota que ôoo pariuuuu”, querendo mesmo que ele fosse e por lá ficasse!

Foi uma delícia!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Como diria o Luis Fernando Veríssimo, em algumas situações o palavrão é insubstituível.
Pelo jeito, em outubro teremos uma destas situações. Lula reeleito. Puta que pariu,Fodeu de novo.

8:28 AM  
Blogger Santa said...

Solidária ao seu, lá vai o meu: "pôoota que ôoo pariuuuu"

6:53 PM  

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