Carioca
-Alô!
-Alfredo?
-É!?
-Chico Buarque.
-Rapaz, que bom te ouvir!
Não é todo dia que se recebe um telefonema do Chico Buarque.
Calma, me explico.
Eu e Carioca (era assim que o chamávamos) fomos colegas de ginásio no Colégio Santa Cruz, em São Paulo. Éramos da mesma turma e do mesmo grupo de amigos. Praticávamos todos os esportes, mas o Carioca já era vidrado em futebol.
Foi a única turma de escola na minha vida que me marcou profundamente e creio que aos meus colegas também. Convivíamos em regime de semi-internato com aquela alegria maravilhosa e descompromissada da adolescência.
No primeiro científico, já meio farrista, fui reprovado e os padres canadenses, que dirigiam o colégio, resolveram se livrar de mim não aceitando minha nova matrícula. Separei-me da turma indo estudar no Colégio Rio Branco.
Nunca mais vi o Carioca.
Anualmente nossa turma de Santa Cruz se reunia nos finais de ano para por a conversa em dia. Chico, já de volta ao Rio, nunca compareceu.
Quando anunciaram que ele viria apresentar seu show “Carioca” aqui no Recife, Flávia, minha consultora para assuntos de internet, ficou em polvorosa. Assim como o resto do Brasil, é apaixonada pelo Chico.
Disse-lhe que se descobrisse o hotel onde o Chico ficaria não teria nenhum constrangimento em mandar-lhe uma mensagem sugerindo um encontro. No máximo, poderia, solenemente, ignorar meu bilhete.
Passou-se o tempo e não falamos mais no assunto. Mas aquilo ficou na minha cabeça.
Um dia, lendo jornal, vi uma nota dizendo que o Chico iria se hospedar no Hotel Recife Palace.
Liguei para o hotel e disse que queria mandar uma mensagem, por e-mail, para um hóspede. Disseram que não havia esse serviço e me transferiram para Fátima. Expliquei-lhe novamente e ela me disse para mandar a mensagem para tal e-mail, em nome dela, que ela faria chegar ao destinatário. Mandei-lhe a seguinte mensagem:
“Prezada Fátima,
Como conversamos, gostaria que você fizesse chegar a mensagem abaixo ao Chico Buarque. Agradeço sua atenção.
“Meu caro Carioca
Lá se vão 50 anos de nosso convívio no Santa Cruz.
Sempre acompanhei seu sucesso, admirado, pois convenhamos, não tínhamos a afinação necessária ao canto, como comprovamos com nosso trio, você, eu e o Joaquim Alcântara Machado, que se desfez imediatamente após o primeiro ensaio de Coqueiros de Itapuã!
Há dez anos estou morando nesta terra num retorno às origens paternas. Gostaria de revê-lo. Se houver tempo e oportunidade meus telefones são xxxxs.
Se não, fica o abraço de boas vindas e muito sucesso do amigo
Alfredo
19/04/2007”
Ontem, começo da noite, estava na rede em minha varanda ouvindo um programa especial de canções de Gonzaguinha, na Tribuna FM, quando toca o telefone. Contrariado, levanto-me e atendo.
Era o Carioca, o Chico Buarque. Foi só festa!
-Alfredo?
-É!?
-Chico Buarque.
-Rapaz, que bom te ouvir!
Não é todo dia que se recebe um telefonema do Chico Buarque.
Calma, me explico.
Eu e Carioca (era assim que o chamávamos) fomos colegas de ginásio no Colégio Santa Cruz, em São Paulo. Éramos da mesma turma e do mesmo grupo de amigos. Praticávamos todos os esportes, mas o Carioca já era vidrado em futebol.
Foi a única turma de escola na minha vida que me marcou profundamente e creio que aos meus colegas também. Convivíamos em regime de semi-internato com aquela alegria maravilhosa e descompromissada da adolescência.
No primeiro científico, já meio farrista, fui reprovado e os padres canadenses, que dirigiam o colégio, resolveram se livrar de mim não aceitando minha nova matrícula. Separei-me da turma indo estudar no Colégio Rio Branco.
Nunca mais vi o Carioca.
Anualmente nossa turma de Santa Cruz se reunia nos finais de ano para por a conversa em dia. Chico, já de volta ao Rio, nunca compareceu.
Quando anunciaram que ele viria apresentar seu show “Carioca” aqui no Recife, Flávia, minha consultora para assuntos de internet, ficou em polvorosa. Assim como o resto do Brasil, é apaixonada pelo Chico.
Disse-lhe que se descobrisse o hotel onde o Chico ficaria não teria nenhum constrangimento em mandar-lhe uma mensagem sugerindo um encontro. No máximo, poderia, solenemente, ignorar meu bilhete.
Passou-se o tempo e não falamos mais no assunto. Mas aquilo ficou na minha cabeça.
Um dia, lendo jornal, vi uma nota dizendo que o Chico iria se hospedar no Hotel Recife Palace.
Liguei para o hotel e disse que queria mandar uma mensagem, por e-mail, para um hóspede. Disseram que não havia esse serviço e me transferiram para Fátima. Expliquei-lhe novamente e ela me disse para mandar a mensagem para tal e-mail, em nome dela, que ela faria chegar ao destinatário. Mandei-lhe a seguinte mensagem:
“Prezada Fátima,
Como conversamos, gostaria que você fizesse chegar a mensagem abaixo ao Chico Buarque. Agradeço sua atenção.
“Meu caro Carioca
Lá se vão 50 anos de nosso convívio no Santa Cruz.
Sempre acompanhei seu sucesso, admirado, pois convenhamos, não tínhamos a afinação necessária ao canto, como comprovamos com nosso trio, você, eu e o Joaquim Alcântara Machado, que se desfez imediatamente após o primeiro ensaio de Coqueiros de Itapuã!
Há dez anos estou morando nesta terra num retorno às origens paternas. Gostaria de revê-lo. Se houver tempo e oportunidade meus telefones são xxxxs.
Se não, fica o abraço de boas vindas e muito sucesso do amigo
Alfredo
19/04/2007”
Ontem, começo da noite, estava na rede em minha varanda ouvindo um programa especial de canções de Gonzaguinha, na Tribuna FM, quando toca o telefone. Contrariado, levanto-me e atendo.
Era o Carioca, o Chico Buarque. Foi só festa!
3 Comments:
Andava meio indignado com o Chico Buarque depois de algumas declarações políticas de amor cego ao Lulismo. Mas este episódio me faz novamente admirá-lo pela simplicidade e simpatia. E você nem para convidá-lo para um choppinho ou um Náutico e Sport????
Pense numa inveja?
Que vontade de estar em seu lugar.
Mas quem sabe um dia , por uma mera coincidência, um acaso da vida eu vá ter o mesmo prazer em falar com Chico.
Nada é impossível, certo?
Amei teu blog
muito bom
está na minha listinha de favoritos.
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