Equívocos
Gontijo estava com um problemão.
Mônica, uma jornalista belíssima, gostosona mesmo, acabava de lhe comunicar que estava grávida, que maçada!
Casado, diretor de grande empreiteira, com trânsito pelas altas esferas de Brasília, amigo de poderosos, ameaçado pela amante que prometia por a boca no mundo se ele não assumisse a paternidade de seu filho!
Extremamente inconveniente, constrangedor.
Não poderia expôr-se assim, pulando cerca, ainda mais com uma jornalista de pequeno alcance que teria muito a lucrar com um bom “disse que disse” em Brasília, capital da fuleragem.
Bem verdade que de início, quando a chama da paixão falava mais alto, não tiveram pudor de se exibirem em jantares a dois em restaurantes badalados da cidade com indisfarçáveis carícias, caras e bocas.
Mas isso era normal na República. Era um executivo fazendo média com a imprensa, defendendo os interesses de sua empresa. Corriqueiro, banal.
Mas, pôrra, a filha da puta querer gritar ao mundo que estava prenha de filho seu, era demais!
Os empreiteiros, seus chefes, tão orgulhosos de sua dignidade profissional, da atuação absolutamente sem mácula, ilibada, impoluta da empresa, não iriam ver com bons olhos a exposição pública de seu executivo.
No particular, certamente, dariam tapinhas cúmplices em suas costas, piscariam o olho numa clara reverência à conquista tão deliciosa!
Mas, em público, não, iriam renegá-lo e eliminá-lo do quadro de funcionários, uma afronta aos dogmas e padrões de empresa tão respeitável!
Desesperou-se, não sabia a quem recorrer!
Engraçado, tantos favores já prestara a seus amigos em Brasília e, agora, numa hora tão delicada para seu futuro, não sabia a quem confiar um pedido de ajuda! Prestara favores até, digamos, escusos, como um dinheirinho aqui, uns jantarzinhos ali, e até mesmo grandes boladas para grandes contratos. Riam-se lembrando a revista “Pequenas empresas, grandes negócios”, com eles não, eram grandes boladas para grandes negócios! Divertiam-se!
Mas esse pessoal, sabe como é, enquanto está tudo limpo são amigos de fé, desde criancinha, mas turvou um pouco a água e fogem como o diabo da cruz. Amigos, quem os tem em Brasília? Só interesses.
Num lampejo lembrou-se do Calheiros, esse sim amigo, já tantas vezes testado e aprovado. Dera a ele uma fazendola em Alagoas com algumas reses e ele liberara uma emenda no orçamento federal para o porto de Maceió que valera um grande contrato para a empresa.
Esse não lhe faltaria. Ligou para o amigo, implorou, chorou, prometeu mundos e fundos, prometeu-lhe um futuro nababo não só para ele, mas para seus herdeiros, pelo amor de Deus me ajude!
Calheiros, no que seria sua última fraqueza como poderoso da República, constrangido, aquiesceu. “Calma Gontijo, deixa que eu assumo a criança!”
Mônica, uma jornalista belíssima, gostosona mesmo, acabava de lhe comunicar que estava grávida, que maçada!
Casado, diretor de grande empreiteira, com trânsito pelas altas esferas de Brasília, amigo de poderosos, ameaçado pela amante que prometia por a boca no mundo se ele não assumisse a paternidade de seu filho!
Extremamente inconveniente, constrangedor.
Não poderia expôr-se assim, pulando cerca, ainda mais com uma jornalista de pequeno alcance que teria muito a lucrar com um bom “disse que disse” em Brasília, capital da fuleragem.
Bem verdade que de início, quando a chama da paixão falava mais alto, não tiveram pudor de se exibirem em jantares a dois em restaurantes badalados da cidade com indisfarçáveis carícias, caras e bocas.
Mas isso era normal na República. Era um executivo fazendo média com a imprensa, defendendo os interesses de sua empresa. Corriqueiro, banal.
Mas, pôrra, a filha da puta querer gritar ao mundo que estava prenha de filho seu, era demais!
Os empreiteiros, seus chefes, tão orgulhosos de sua dignidade profissional, da atuação absolutamente sem mácula, ilibada, impoluta da empresa, não iriam ver com bons olhos a exposição pública de seu executivo.
No particular, certamente, dariam tapinhas cúmplices em suas costas, piscariam o olho numa clara reverência à conquista tão deliciosa!
Mas, em público, não, iriam renegá-lo e eliminá-lo do quadro de funcionários, uma afronta aos dogmas e padrões de empresa tão respeitável!
Desesperou-se, não sabia a quem recorrer!
Engraçado, tantos favores já prestara a seus amigos em Brasília e, agora, numa hora tão delicada para seu futuro, não sabia a quem confiar um pedido de ajuda! Prestara favores até, digamos, escusos, como um dinheirinho aqui, uns jantarzinhos ali, e até mesmo grandes boladas para grandes contratos. Riam-se lembrando a revista “Pequenas empresas, grandes negócios”, com eles não, eram grandes boladas para grandes negócios! Divertiam-se!
Mas esse pessoal, sabe como é, enquanto está tudo limpo são amigos de fé, desde criancinha, mas turvou um pouco a água e fogem como o diabo da cruz. Amigos, quem os tem em Brasília? Só interesses.
Num lampejo lembrou-se do Calheiros, esse sim amigo, já tantas vezes testado e aprovado. Dera a ele uma fazendola em Alagoas com algumas reses e ele liberara uma emenda no orçamento federal para o porto de Maceió que valera um grande contrato para a empresa.
Esse não lhe faltaria. Ligou para o amigo, implorou, chorou, prometeu mundos e fundos, prometeu-lhe um futuro nababo não só para ele, mas para seus herdeiros, pelo amor de Deus me ajude!
Calheiros, no que seria sua última fraqueza como poderoso da República, constrangido, aquiesceu. “Calma Gontijo, deixa que eu assumo a criança!”
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