A Donzela Joana
Este quadro acabou de ser criado e já tem história.
Nise e Augusto Rodrigues encontraram uma forma criativa de homenagear Geninha da Rosa Borges, grande dama do teatro pernambucano. Convidaram vários artistas plásticos para interpretarem, com suas pinturas, peças protagonizadas por ela e reunidas na mostra “O teatro do mundo na cidade do Recife”.
"É a dramaturgia moderna inserida na cidade do Recife, vista por artistas plásticos", escrevem Jommard Muniz de Brito e João Denys no texto que apresenta a exposição, desde ontem na Rodrigues Galeria de Artes.
Neste quadro de José Cláudio, um dos melhores e mais criativos pintores pernambucanos, ele interpreta com suas pinceladas personalíssimas, a peça “A Donzela Joana” de Hermilo Borba Filho.
Hermilo que nas palavras de Benjamin Santos no livro “Conversa de camarim” é o “artista mais importante de toda a História do Teatro em Pernambuco. Se não havia antes, não apareceu depois alguém que se assemelhasse a ele na entrega ao ato de fazer e pensar Teatro”.
A Donzela Joana, escrita em 1966, tem como tema a expulsão dos holandeses de Pernambuco, transferindo para o Nordeste os feitos da donzela de Orléans, Joana D’Arc, recriada moça humilde do interior de Pernambuco, com a missão de expulsar os holandeses, libertar Olinda e coroar João Fernandes Vieira.
Se aconteceu na França, por que não poderia acontecer em Pernambuco?
Hermilo, que não chegou a ver esse espetáculo, queria, no palco, personagens humanas contracenando com bonecos de mamulengo, figuras do bumba-meu-boi, pastoras do pastoril.
Retomando espetáculos e folguedos populares, deu espaço para a contenda entre cantadores, como em um dos momentos do interrogatório da Donzela quando desafia o inquisidor Penico Branco:
“Vou fazer-lhe outra pergunta,/ tome nota do recado:/ quero que você me diga/ o que é mal-empregado.”
Responde a Donzela:
“Doutor, eu vou lhe dizer/ o que é ‘ mal-empregado’; é uma moça bonita/ casar com rapaz safado; é um vaqueiro ruim/ num cavalo bom de gado; paletó de pano fino/ num corpo mal-amanhado; é um cabra preguiçoso/ abrir um grande roçado: abre, planta e não o limpa,/ perde o legume plantado./ Disso tudo é que se diz:/ Ó, meu Deus, mal-empregado!”
Neste quadro de José Cláudio, o talento bem empregado!
Texto sobre Hermilo baseado no site de Sônia van Dijck
1 Comments:
Espetáculo de quadro!!!!!!!
Grande idéia para homenagear tia Geninha
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