Nosso chão.
Entrego os pontos, desisto. Há uma semana que tento escrever sobre fatos que me pareciam obviamente interligados e não consigo. O que me parecia simples ultrapassou minha competência, cultura e informação.
Tudo começou quando presenciei um bate papo de dois taxistas próximo ao hotel onde um pré candidato a prefeitura de Jaboatão anunciava seu vice. Entre uma infinidade de bobagens, diziam que queriam distância da política, que só dava ladrão e que nas eleições iriam para o interior tomar cachaça e banho de rio.
Um deles afirmou que se algum político dissesse que havia se elegido com seu voto, estava mentindo. Fiquei imaginando que tipo de político atribuiria a tal fulano parte de sua vitória.
Fiquei intrigado com o fato de não se considerarem donos de seu chão, do Brasil, de Jaboatão, sua cidade. Estarem se lixando com o que fazem com sua terra. Mais intrigado ainda por meterem o pau nos políticos se, como cidadãos, não exercem o mais comezinho de seus direitos e deveres, votar.
Como em qualquer condomínio, quem não participa não chia, tem que baixar a cabeça e aceitar o que os outros resolverem. A democracia tem seus caminhos, suas regras. Se você acha que em política só tem ladrão, vote no menos ladrão. Se todos são incompetentes, vote no menos incompetente, mas vote.
É a única maneira de ir depurando a classe política de seus péssimos “quadros”, como dizem e de você aprimorar seus parâmetros para votar melhor.
O que não pode é se omitir, ir tomar cachaça e banho de rio e depois ficar aporrinhando os outros com seus queixumes. Quanto maior a omissão e o desinteresse dos eleitores mais à vontade se sentem os corruptos, oportunistas e inoperantes para defenderem exclusivamente seus próprios bolsos.
Aí começou meu problema. Enquanto ouvia os pobres coitados veio-me à lembrança uma recente declaração do presidente do Equador, Rafael Correa, que apresentou na França um projeto para não explorar campos petrolíferos na Amazônia equatoriana, em troca de uma compensação anual de US$ 350 milhões.
O plano envolve a emissão de um bônus que seria comprado pelos países ricos. Caso o Equador resolvesse explorar o petróleo, esses bônus poderiam ser resgatados.
Correa disse que a comunidade internacional tem de ser "co-responsável" e compensar no mínimo a metade da receita que o país teria se explorasse esses campos. Estima-se que eles tenham reserva de quase um bilhão de barris.
“Para evitar queimarmos combustíveis fósseis, que afetam o clima mundial, e para preservarmos essa área de tanta diversidade, estamos dispostos a renunciar a boa parte do dinheiro e dos recursos financeiros tão necessários para o desenvolvimento de nosso país", disse Correa. "Essa é uma ruptura com a política energética e com a lógica econômica tradicionais."
É sem dúvida uma ruptura, uma eco-chantagem, uma eco-imbecilidade.
No momento em que os países ricos começam um movimento de que a Amazônia é muito importante para a humanidade para ficar na mão de brasileiros e de seus vizinhos, essa proposta caiu assim como um convite ao inimigo para participar do que podemos ou não fazer na Amazônia.
Imagino que o tal Correa deva ter tomado um “porque não te callas” de seus companheiros, inclusive o Lula, e enfiado a viola no saco.
Como é possível o presidente de um país expor a soberania de seu território dessa maneira?
Em Roraima, na área indígena Raposa Serra do Sol, índios querem fazer valer uma tal lei sancionada pelo Lula que lhes dá a propriedade de toda uma área contínua de 1,7 milhão de hectares fronteira com Venezuela e Guiana, expulsando de lá posseiros que plantam arroz.
São 19 mil índios, grande parte aculturada, professores, advogados, falam português, vestem jeans e calçam tênis ou alpargatas. Aguardam decisão do STF, mas já adiantam que só se contentam com a vitória. A advogada do Conselho Indígena de Roraima, a índia wapixama, Joênia Batista de Carvalho, diz que se o STF disser não, os índios continuarão lutando pela posse da terra.
Os arrozeiros já mostraram na prática que também não vão entregar suas fazendas sem muito barulho, conflito e, provavelmente, mortes. O maior produtor do estado, Paulo Cesar Quartiero vai produzir na safra 2007/2008 seiscentas mil sacas de arroz. Não se imagina, mesmo com ação do STF desfavorável a ele, que entregará suas fazendas aos índios.
Dos 1,7 milhão de hectares da área indígena, 110 mil estão de posse dos arrozeiros. Sempre me perguntei por que os índios só se incomodam com estranhos em suas reservas quando os brancos estão “enricando” como dizem.
Será que não seria mais fácil, já que está na moda, criar uma bolsa-índio? Reservar-se-ia uma área para eles, criar-se-iam animais e peixes para que pudessem caçar, pescar e plantar jerimum, mandioca, milho e etc.
Com uma única condição, não podia se aculturar. Nada de se formar em advocacia, trabalhar em ONGS, sindicatos, missões e que tais. Nada de querer intermediar extração de minérios, madeira, fauna e flora nativas para pesquisas no exterior. Tem que ser índio por inteiro.
Queiram ou não os índios e o Lula essas reservas são terras brasileiras e devem ser cuidadas como tal, com proteção das forças armadas, principalmente nas áreas de fronteira. Não dá para gringo ficar comprando milhares de hectares sem monitoramento do estado de suas operações. Nada de missões estrangeiras ocupando espaço e mentes dos índios.
Perceberam que assuntos tão diversos têm uma interligação? Essas diversidades de posturas frente à posse da terra levaram-me a concluir que são movidas a ignorância e interesse.
E entre as duas tendo a ficar do lado do posseiro que, ao menos, cuida do que é seu e produz. Ou melhor, de sua posse já que nem dele é!
Agradeço esclarecimentos.
Tudo começou quando presenciei um bate papo de dois taxistas próximo ao hotel onde um pré candidato a prefeitura de Jaboatão anunciava seu vice. Entre uma infinidade de bobagens, diziam que queriam distância da política, que só dava ladrão e que nas eleições iriam para o interior tomar cachaça e banho de rio.
Um deles afirmou que se algum político dissesse que havia se elegido com seu voto, estava mentindo. Fiquei imaginando que tipo de político atribuiria a tal fulano parte de sua vitória.
Fiquei intrigado com o fato de não se considerarem donos de seu chão, do Brasil, de Jaboatão, sua cidade. Estarem se lixando com o que fazem com sua terra. Mais intrigado ainda por meterem o pau nos políticos se, como cidadãos, não exercem o mais comezinho de seus direitos e deveres, votar.
Como em qualquer condomínio, quem não participa não chia, tem que baixar a cabeça e aceitar o que os outros resolverem. A democracia tem seus caminhos, suas regras. Se você acha que em política só tem ladrão, vote no menos ladrão. Se todos são incompetentes, vote no menos incompetente, mas vote.
É a única maneira de ir depurando a classe política de seus péssimos “quadros”, como dizem e de você aprimorar seus parâmetros para votar melhor.
O que não pode é se omitir, ir tomar cachaça e banho de rio e depois ficar aporrinhando os outros com seus queixumes. Quanto maior a omissão e o desinteresse dos eleitores mais à vontade se sentem os corruptos, oportunistas e inoperantes para defenderem exclusivamente seus próprios bolsos.
Aí começou meu problema. Enquanto ouvia os pobres coitados veio-me à lembrança uma recente declaração do presidente do Equador, Rafael Correa, que apresentou na França um projeto para não explorar campos petrolíferos na Amazônia equatoriana, em troca de uma compensação anual de US$ 350 milhões.
O plano envolve a emissão de um bônus que seria comprado pelos países ricos. Caso o Equador resolvesse explorar o petróleo, esses bônus poderiam ser resgatados.
Correa disse que a comunidade internacional tem de ser "co-responsável" e compensar no mínimo a metade da receita que o país teria se explorasse esses campos. Estima-se que eles tenham reserva de quase um bilhão de barris.
“Para evitar queimarmos combustíveis fósseis, que afetam o clima mundial, e para preservarmos essa área de tanta diversidade, estamos dispostos a renunciar a boa parte do dinheiro e dos recursos financeiros tão necessários para o desenvolvimento de nosso país", disse Correa. "Essa é uma ruptura com a política energética e com a lógica econômica tradicionais."
É sem dúvida uma ruptura, uma eco-chantagem, uma eco-imbecilidade.
No momento em que os países ricos começam um movimento de que a Amazônia é muito importante para a humanidade para ficar na mão de brasileiros e de seus vizinhos, essa proposta caiu assim como um convite ao inimigo para participar do que podemos ou não fazer na Amazônia.
Imagino que o tal Correa deva ter tomado um “porque não te callas” de seus companheiros, inclusive o Lula, e enfiado a viola no saco.
Como é possível o presidente de um país expor a soberania de seu território dessa maneira?
Em Roraima, na área indígena Raposa Serra do Sol, índios querem fazer valer uma tal lei sancionada pelo Lula que lhes dá a propriedade de toda uma área contínua de 1,7 milhão de hectares fronteira com Venezuela e Guiana, expulsando de lá posseiros que plantam arroz.
São 19 mil índios, grande parte aculturada, professores, advogados, falam português, vestem jeans e calçam tênis ou alpargatas. Aguardam decisão do STF, mas já adiantam que só se contentam com a vitória. A advogada do Conselho Indígena de Roraima, a índia wapixama, Joênia Batista de Carvalho, diz que se o STF disser não, os índios continuarão lutando pela posse da terra.
Os arrozeiros já mostraram na prática que também não vão entregar suas fazendas sem muito barulho, conflito e, provavelmente, mortes. O maior produtor do estado, Paulo Cesar Quartiero vai produzir na safra 2007/2008 seiscentas mil sacas de arroz. Não se imagina, mesmo com ação do STF desfavorável a ele, que entregará suas fazendas aos índios.
Dos 1,7 milhão de hectares da área indígena, 110 mil estão de posse dos arrozeiros. Sempre me perguntei por que os índios só se incomodam com estranhos em suas reservas quando os brancos estão “enricando” como dizem.
Será que não seria mais fácil, já que está na moda, criar uma bolsa-índio? Reservar-se-ia uma área para eles, criar-se-iam animais e peixes para que pudessem caçar, pescar e plantar jerimum, mandioca, milho e etc.
Com uma única condição, não podia se aculturar. Nada de se formar em advocacia, trabalhar em ONGS, sindicatos, missões e que tais. Nada de querer intermediar extração de minérios, madeira, fauna e flora nativas para pesquisas no exterior. Tem que ser índio por inteiro.
Queiram ou não os índios e o Lula essas reservas são terras brasileiras e devem ser cuidadas como tal, com proteção das forças armadas, principalmente nas áreas de fronteira. Não dá para gringo ficar comprando milhares de hectares sem monitoramento do estado de suas operações. Nada de missões estrangeiras ocupando espaço e mentes dos índios.
Perceberam que assuntos tão diversos têm uma interligação? Essas diversidades de posturas frente à posse da terra levaram-me a concluir que são movidas a ignorância e interesse.
E entre as duas tendo a ficar do lado do posseiro que, ao menos, cuida do que é seu e produz. Ou melhor, de sua posse já que nem dele é!
Agradeço esclarecimentos.
2 Comments:
Farinha pouca, meu pirão primeiro...
Discuti-se muito a causa indígena. Quem menos é ouvido é o índio. No entanto, me parece que a elite, em algum momento, produziu algo de interessante: o Projeto Calha Norte. Realmente vale a pena?
Por onde anda esse projeto? Precisamos iniciar a discussão e aprofundar o debate.
Espero que este blog se pronuncie.
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