Notícias e mamutes
Sou viciado em informação. Acordo e já pego o que estiver ao alcance. Livros, suplementos, matérias que não tive tempo de ler até que chegue o jornal do dia. Quando chega, leio o jornal todo. Quando digo todo é todo, desde anúncio fúnebre até classificados de imóveis. Não, não estou procurando imóveis para comprar, é só para saber das novidades.
Quando estou meio indócil, vou empurrando com a barriga até que tenha que abreviar a leitura para cumprir um horário imaginário, lendo manchetes, leads e virando rapidamente as páginas, como um treinamento de autocontrole para que o jornal não me domine.
Não sem sacrifício. Fico sempre com aquela sensação de que justamente nas páginas que olhei de relance deveriam estar ótimas novidades.
Notícias enriquecem suas possibilidades de negócios, sua criatividade, sua cultura, enfim. Ajudam a contrapor fatos, análises, definir personalidades, projetos políticos. Só não dou muita atenção às fofocas de atores e socialites. Leio a coluna social do Jornal do Commercio que eventualmente, e bota eventualmente nisso, dá algumas e poucas referências aproveitáveis.
Outro dia li que o Fernando Bezerra Coelho, se não me engano secretário de desenvolvimento de Pernambuco, disse que a mídia é que estava trazendo para Pernambuco a crise internacional. Se não fosse uma extrema babaquice, seria uma boa piada. Logo ele de tradicional família de Petrolina, região exportadora de frutas, que encontra dificuldades para manter suas vendas em níveis suportáveis como uma dezena de importantes empresas do estado.
Note que falei que não tenho certeza se ele é secretário do desenvolvimento. Sei que é secretário, mas leitores contumazes, como eu, acabam desenvolvendo uma memória seletiva que descartam o que não é relevante. O relevante no caso não é o cargo, é a imbecilidade. Esta, eu gravei.
Ao contrário dessa anta de secretário há também surpresas inesperadas e agradáveis. Todo mundo conhece a champagne Taittinger uma das mais famosas do mundo. Fundada em 1734 a vinícola foi vendida pela família para o grupo americano Starwood Capital e readquirida há dois anos por US$ 1 bilhão e muitos.
Seu diretor de marketing e herdeiro da empresa, Clovis Taittinger, em visita à São Paulo, em entrevista ao jornal Valor, fez duas declarações extremamente pertinentes. Perguntado sobre a importância do mercado brasileiro para a Taittinger, saiu-se com essa: “Não somos uma Coca-Cola, não tratamos nossos clientes como mercados. Antes de consumidores são cidadãos que tem escolhas e gostos”.
Porque recompraram o controle da empresa? “Foi difícil deixar nosso patrimônio, clientes, distribuidores. Foi uma questão de honra, paixão, nome, história”. Nada mal para um jovem de 30 anos.
Vejo também dois telejornais, o da Band e o da Globo. À bem da verdade ao JN assisto neste período de horário de verão. Como durmo cedo, no horário normal assisto ao da Band e descarto o JN. Prefiro meus sonhos.
Ontem no JN em matéria direta de Santa Catarina sobre a tragédia das enchentes, a equipe de reportagem dirigiu-se a um trecho de estrada onde um morro desabou numa tremenda avalanche de barro. No momento passava por lá um caminhão que obviamente desapareceu junto com a estrada. Comentou a repórter:” Até agora não se tem notícia do motorista.”
Fiquei me perguntando o que ela esperava do caminhoneiro soterrado: um telefonema, um telegrama ou, quem sabe, um email?
Há também notícias intrigantes. Veja esta: cientistas conseguiram decifrar metade do genoma do mamute peludo (Mammuthus primigenius) extinto há 11 mil anos! O seqüenciamento foi feito com base no DNA encontrado em pêlos de dois mamutes fossilizados no gelo siberiano. Deu na revista britânica Nature.
Como acredito que toda informação é útil tratei de dar tratos a bola para desvendar o mistério dela ter sido reproduzida no JC um jornal de noticiário geral e não especializado. Seus leitores, em sua maioria absoluta, são tão analfabetos e incultos quanto eu. Meu primeiro pensamento foi que publicaram pela graça da coisa. Como não achei a menor graça tentei outra.
Diz a matéria que o tal mamute é ancestral do elefante. Pensei no jogo do bicho, mas como o bicho está proibido, até mesmo aqui em Pernambuco, achei que não era o caso. Dizia também que a precisão dos genes coincidentes entre os dois era maior que a dos homens com os macacos. Pensei, deve ser igual a dos gorilas com os macacos. Há exceções, lógico.
Depois de muito pensar, deu-me o estalo. Só pode ser para justificar a existência daquele gênio, o João Gordo o fino apresentador da MTV.
Convenhamos, nada mais óbvio!
Quando estou meio indócil, vou empurrando com a barriga até que tenha que abreviar a leitura para cumprir um horário imaginário, lendo manchetes, leads e virando rapidamente as páginas, como um treinamento de autocontrole para que o jornal não me domine.
Não sem sacrifício. Fico sempre com aquela sensação de que justamente nas páginas que olhei de relance deveriam estar ótimas novidades.
Notícias enriquecem suas possibilidades de negócios, sua criatividade, sua cultura, enfim. Ajudam a contrapor fatos, análises, definir personalidades, projetos políticos. Só não dou muita atenção às fofocas de atores e socialites. Leio a coluna social do Jornal do Commercio que eventualmente, e bota eventualmente nisso, dá algumas e poucas referências aproveitáveis.
Outro dia li que o Fernando Bezerra Coelho, se não me engano secretário de desenvolvimento de Pernambuco, disse que a mídia é que estava trazendo para Pernambuco a crise internacional. Se não fosse uma extrema babaquice, seria uma boa piada. Logo ele de tradicional família de Petrolina, região exportadora de frutas, que encontra dificuldades para manter suas vendas em níveis suportáveis como uma dezena de importantes empresas do estado.
Note que falei que não tenho certeza se ele é secretário do desenvolvimento. Sei que é secretário, mas leitores contumazes, como eu, acabam desenvolvendo uma memória seletiva que descartam o que não é relevante. O relevante no caso não é o cargo, é a imbecilidade. Esta, eu gravei.
Ao contrário dessa anta de secretário há também surpresas inesperadas e agradáveis. Todo mundo conhece a champagne Taittinger uma das mais famosas do mundo. Fundada em 1734 a vinícola foi vendida pela família para o grupo americano Starwood Capital e readquirida há dois anos por US$ 1 bilhão e muitos.
Seu diretor de marketing e herdeiro da empresa, Clovis Taittinger, em visita à São Paulo, em entrevista ao jornal Valor, fez duas declarações extremamente pertinentes. Perguntado sobre a importância do mercado brasileiro para a Taittinger, saiu-se com essa: “Não somos uma Coca-Cola, não tratamos nossos clientes como mercados. Antes de consumidores são cidadãos que tem escolhas e gostos”.
Porque recompraram o controle da empresa? “Foi difícil deixar nosso patrimônio, clientes, distribuidores. Foi uma questão de honra, paixão, nome, história”. Nada mal para um jovem de 30 anos.
Vejo também dois telejornais, o da Band e o da Globo. À bem da verdade ao JN assisto neste período de horário de verão. Como durmo cedo, no horário normal assisto ao da Band e descarto o JN. Prefiro meus sonhos.
Ontem no JN em matéria direta de Santa Catarina sobre a tragédia das enchentes, a equipe de reportagem dirigiu-se a um trecho de estrada onde um morro desabou numa tremenda avalanche de barro. No momento passava por lá um caminhão que obviamente desapareceu junto com a estrada. Comentou a repórter:” Até agora não se tem notícia do motorista.”
Fiquei me perguntando o que ela esperava do caminhoneiro soterrado: um telefonema, um telegrama ou, quem sabe, um email?
Há também notícias intrigantes. Veja esta: cientistas conseguiram decifrar metade do genoma do mamute peludo (Mammuthus primigenius) extinto há 11 mil anos! O seqüenciamento foi feito com base no DNA encontrado em pêlos de dois mamutes fossilizados no gelo siberiano. Deu na revista britânica Nature.
Como acredito que toda informação é útil tratei de dar tratos a bola para desvendar o mistério dela ter sido reproduzida no JC um jornal de noticiário geral e não especializado. Seus leitores, em sua maioria absoluta, são tão analfabetos e incultos quanto eu. Meu primeiro pensamento foi que publicaram pela graça da coisa. Como não achei a menor graça tentei outra.
Diz a matéria que o tal mamute é ancestral do elefante. Pensei no jogo do bicho, mas como o bicho está proibido, até mesmo aqui em Pernambuco, achei que não era o caso. Dizia também que a precisão dos genes coincidentes entre os dois era maior que a dos homens com os macacos. Pensei, deve ser igual a dos gorilas com os macacos. Há exceções, lógico.
Depois de muito pensar, deu-me o estalo. Só pode ser para justificar a existência daquele gênio, o João Gordo o fino apresentador da MTV.
Convenhamos, nada mais óbvio!
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