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domingo, setembro 09, 2007

O café, óleo sôbre tela, Portinari. Brodowski,1925.

Terminei de ler um livro fenomenal.

De um grande cabotino. Por justa causa, porém.

Testemunha e ator de vários capítulos da história contemporânea do país, com um texto direto, escorreito, preciso, descreve uma trama de casos num ritmo e numa dinâmica magistrais.

É de perder o fôlego!

Conta parte de sua vida de grande advogado, dos melhores de sua geração, intercalando o caso de um processo judicial de uma família, cheio de artimanhas e suspense, com outros que vivenciou nos seus tantos anos.

Uma vida profissional riquíssima desde seu tempo de estudante de Direito em Santos, passando pelo governo de Jânio Quadros até o de Sarney de quem se tornou amigo figadal.

Sua amizade por Sarney torna suas análises políticas descaradas e propositalmente parciais levando-o a eventuais delírios principalmente quando analisa o presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesse capítulo, estranhamente, fica ligeiro, um pouco turvo, sem consistência.

Desconta, entretanto, na melhor, mais lúcida e invejável análise que já li do governo de Lula e do PT. Também aqui, através de um personagem ficcional, faz arriscadas e graves conjecturas, mas com tamanha competência do bom advogado que é, que nos torna cúmplices, ou quase, dos fatos por ele descritos. É realmente genial.

Por momentos tive a impressão de que a única “verdade verdadeira” de sua história foi que nasceu em Brodowski, interior de São Paulo. Mas de tanto repetir, numa falsa modéstia, sua infância pobre de pai fazendeiro de café, sempre endividado, mas que dirigia uma baratinha Chrysler, desconfio que nasceu em Ribeirão Preto, cidade maior e vizinha, e, romanticamente, adotou Brodowski para ser conterrâneo de Portinari.

No final de sua análise sobre Lula, numa deliciosa ironia, pede a seu amigo Sarney que lhe prometa que não deixará que o maior sabe tudo que este país já viu nos últimos quinhentos anos, entre para a Academia Brasileira de Letras!

Foi a forma que encontrou de implorar ao amigo que o indicasse à imortalidade, enquanto é tempo!

Se não foi, debitem aos meus delírios de simples leitor, aos quais também tenho direito.

O livro é “Código da vida”, autor Saulo Ramos, editora Planeta. Vale a pena!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Prezado "Meus Ditos" (procurei seu nome em todo o blog, não encontrei),
A tela "Café" é de 1935, e não de 1925, conforme pode ser constatado visitando a página web:
http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/obrasCompl.asp?notacao=1191&ind=13&NomeRS=rsObras&Modo=C
Abraço do
João Candido Portinari

7:20 PM  

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