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Local: Varanda em Pernambuco

terça-feira, outubro 13, 2009

Sonhos




"Está prevista para o próximo dia 9 de abril, a inauguração da primeira etapa da infra-estrutura do Centro Turístico de Guadalupe (CTG), que é a Via Litorânea de Guadalupe, uma estrada de 12,1 km de extensão. O evento irá coincidir com a visita do presidente do BID (Bando Interamericano de Desenvolvimento), Enrique Iglesias. "Com isso, os hotéis que desejarem se instalar na área de Guadalupe já poderão fazê-lo", afirmou o coordenador do Prodetur em Pernambuco, Amaro Queiroz.”

Quando essa nota foi publicada no dia 29 de março de 1998 pelo Jornal do Commercio de Pernambuco, nosso projeto para Guadalupe já estava a pleno vapor. Terminávamos a construção das seis primeiras casas que logo estariam a venda, aproveitando toda a valorização que a infraestrutura projetada traria para o local. Este era o nosso sonho.

Faço um parêntese para voltar no tempo.

Em 1996, lia a Gazeta Mercantil quando me deparei com uma matéria sobre o Centro Turístico de Guadalupe localizado em Sirinhaém, Pernambuco.

Paulista de pai pernambucano vinha com freqüência ao Recife desde meus tenros um, dois anos de idade. Fiquei surpreso ao tomar conhecimento do tal Centro Turístico pelo jornal, nunca havia ouvido falar dele.

Liguei para uma prima em Recife e perguntei se conhecia o projeto. Não, nunca ouvira falar. Pedi que me enviasse um folheto de Guadalupe que poderia retirar na AD Diper, agência de desenvolvimento de Pernambuco, que por coincidência era bem próxima à sua casa.

Quando recebi o folheto fiquei maravilhado. A área era de uma beleza espetacular. O projeto do Centro Turístico de Guadalupe previa asfaltamento de estradas, heliporto (já construído) plano de ocupação delimitando áreas residenciais, comerciais e hoteleiras, marinas e o esquimbáu! Mas esquimbáu de primeiro mundo!

Outra prima havia construído uma casa na praia de Guaiamum, em Sirinhaém, no coração de Guadalupe e também nunca ouvira falar do projeto. O sinal de alerta soou.

Se um projeto de tal magnitude não era bem divulgado localmente aí estava uma oportunidade para quem chegasse antes.

Eu e um grande amigo estávamos à procura de alguma oportunidade de negócio para tocarmos juntos. Apresentei a ele o projeto e nos animamos. Disse apenas que um de nós precisaria vir para cá. Não me fiz de rogado. Adorava Pernambuco e passar um tempo morando aqui cairia tremendamente bem.

Vim ao Recife e em reunião na AD Diper consegui mais informações. Recebi, inclusive, uma lista de grupos hoteleiros que estudavam o projeto para lá se implantarem. Cheguei a me reunir com uma grande construtora da época, a Maranhão, que estudava erguer um hotel com a bandeira do Meliá.

De volta a São Paulo, meu amigo e eu resolvemos encarar a parada e começar construindo casas para aproveitar o momento e estudar as reais chances do negócio.

Sirinhaém era uma praia que poucos conheciam. Paradisíaca, imenso coqueiral a beira mar formada pelas praias “Barra de Sirinhaém, “Guaiamum”, “Gamela” e “Guadalupe” esta na foz do rio Formoso, frente para a praia dos Carneiros, em Tamandaré, também de rara beleza.


Anos antes um visionário português lançou lá um loteamento muito bem planejado com plano de ocupação bem definido antevendo o desenvolvimento da área. Com uma campanha de propaganda vendeu alguns lotes. Hoje seu loteamento, entre as praias de Guaiamum e Gamela, dá nome ao lugar: Aver-o-mar. Infelizmente na época o desenvolvimento que esperava não aconteceu.

Aluguei um apartamento em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, e comecei a ir toda semana para Guadalupe para garimpar terrenos para comprar. Compramos oito, dois à beira mar e seis pré- beira mar. Minha prima arquiteta chamou uma colega e amiga e desenvolveram seis projetos para seis casas, duas a beira mar e quatro pré.

Por definição minha, queria casas de muito bom gosto, materiais e construção de padrão diferenciado das que se construíam no local, normalmente geminadas, de primeiro andar. Em um terreno onde eu propunha uma casa construíam quatro. Lembro-me de ter dito que se era para construir merda que estragasse a beleza das praias era melhor não construí-las.

Contratamos dois engenheiros para tocar as obras. Um deles construía casas em Tamandaré. Quando viu os projetos das casas ficou desconfiado. Era uma overdose para o local. Insisti.






Como noticiaram os jornais, quando a estrada costeira ficou pronta vieram para a inauguração o governador Miguel Arraes e o presidente do BID, Enrique Iglesias. Armaram uma elegante tenda no início da estrada para a cerimônia.

Arraes, que nunca viu turismo com bons olhos, disse algumas palavras, pegou seu carro e ao invés de inaugurar a estrada percorrendo seus poucos quilômetros para, no mínimo, acenar para a população local em comemoração ao evento, deu as costas e foi embora para sua casa na praia de Maragogi em Alagoas!

Neste instante tive o presságio de que a coisa ia desandar. E desandou.


O governo literalmente voltou as costas para o projeto, os grupos hoteleiros não vieram, os investimentos também não e micamos com seis graciosas casas na mão. Confirmando as previsões do construtor, sem investimentos que dessem à área ares de modernidade e infraestrutura adequada, as casa ficaram realmente superestimadas para os modelos locais.



Sem conseguir respostas para as ofertas que fazíamos, o tempo foi passando e as casas se deteriorando pela ação de vândalos que roubavam de tudo, desde coqueiros que plantamos até janelas, portas e tudo que pudessem levar.

Várias queixas na delegacia e rondas pelo local e acabamos por entregar os pontos.

Há dois anos num prazo de meses vendemos todas as casas, com o devido prejuízo, e ficamos somente com uma para contar a história. História que conto agora quando vendemos a sexta e última.

Hoje, 13 de outubro de 2009, assinei o contrato. Nosso sonho terminou. Começaram os dos compradores que adoram e curtem as praias do ex Centro Turístico de Guadalupe.

Serão felizes!

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Emidio Cavalcanti:Por quê repetir este falso chavão ,inventado pela direita,contra o velho Arraes,homem digno,que hoje está napaz do senhor?
Emidio Cavalcanti emidio75@uol.com.br
Os projetos de acesso a todas as praias de Pe são do tempo de Arraes.

7:32 PM  
Anonymous Anônimo said...

Emidio Cavalcanti:o nome do presidente do BID é Enrique Iglesias,espanhol naturalizado uruguaio,e não Miguel.

7:34 PM  
Blogger meusditos said...

Em nenhum momento afirmei que o Arraes era indigno. Afirmei que não era chegado à incentivar a indústria do turismo. O fato eu vivi, ninguém me contou. A verba da estrada de Guadalupe quando ele assumiu o governo já estava empenhada pelo BID através do programa Prodetur. Era usar ou perder.

Agradeço o apontamento do meu lapso no nome do Iglesias.

6:01 AM  
Blogger Desbravando Pernambuco said...

Emidio Cavalcanti: Desde 1990 veraneio em Barra de Sirinhaém, ao norte de Guadalupe. Naquela época, até o final dos anos 90, ninguem mexia em nada, mesmo se deixássemos as casas abertas, mas as estradas, que deveriam ter trazido os investimentos que você falou só trouxeram até a presente data, gente da pior espécie. As praias são lindas, com destaque para a de Guadalupe, mas o município é muito mal administrado, sempre foi, e eu, por iniciativa própria estou pesquisando e levantando todos os atrativos e a história local para meu site. A fama de Arraes realmente era de não gostar do turismo, mas no governo dele houve as maiores pesquisas sobre o tema no estado. Infelizmente, as praias de Sirinhaém ainda são as mais desconhecidas dos próprios pernambucanos. E a prefeitura ainda aprova loteamentos com terrenos minúsculos, até mesmo com desdém para o potencial local. Uma pena!

4:19 PM  
Blogger Paulo Henrique said...

Bom dia! Vc teria uma planta do Loteamento A-Ver-o-Mar em meio digital?
Possuo um lote de terreno e gostaria de identificar em planta. Lote 05, Quadra 176.

Paulo Henrique
Recife - (81-32418802)
wanderleyph@gmail.com

1:33 PM  

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