Um homem que sabe o que não quer
Esse sugestivo título chamou minha atenção quando lia o jornal Valor de ontem. A matéria traça um ligeiro perfil de Jayme Garfinkel dono de uma das maiores seguradoras do Brasil, a Porto Seguro.
Considerado um “cabeça dura” foi capaz de descartar associação com o Bradesco e firmar uma com o Itaú como queria, mantendo o controle da companhia.
Aos 62 anos resolveu há tempos fazer uma lista de coisas que não mais faria. Desde uma prosaica recusa de comer risotos e kiwi até frequentar coquetéis. Fora da lista só coisas e pessoas que lhe dão satisfação.
Quantas vezes não fizemos listas parecidas até começarem a surgir exceções que por fim punham a lista a perder? Eu mesmo fiz várias tentativas.
Até que um dia acordei com o saco realmente cheio e radicalizei: não faria mais concessões para nada, literalmente nada. Se não estivesse a fim de fazer alguma coisa não faria e fim.
Comecei com os tais compromissos sociais. Eliminei-os de minha vida. Se for a um evento social não será por compromisso, mas porque me deu vontade de ir.
Sempre aparece alguém para lhe censurar: puxa o cara é tão teu amigo você não pode deixar de ir. Acontece que o cara é meu amigo, mas os amigos dele não são ou o lugar que ele escolheu para lhe convidar é um pardieiro ou escolheu um horário que não bate com o seu.
O melhor, por princípio, é dizer que cortou compromissos sociais, que não lhe levem a mal, mas é assim que é. E agüente o tranco. Normalmente não lhe convidam mais o que acaba lhe poupando o desgaste de não ir.
“Reunião de negócios” normalmente é nome pomposo para papo de botequim fora de lugar. Começa com um “precisamos conversar, vamos marcar uma reunião”. Sugiro que de imediato pergunte o assunto, qual o negócio e onde você entra nele.
A resposta, via de regra, é “tive uma idéia e acho que deveríamos conversar a respeito”. Sugiro que tope e comece a conversa imediatamente por telefone mesmo. “Qual a idéia?”. Perdi a conta das vezes de que esse simples começo encerrou a futura reunião.
Não foi um aprendizado fácil porque todos nós estamos a fim de um bom negócio e portanto abertos a ouvir propostas. O cara “sem negócios” cria em sua cabeça algumas hipóteses e para fingir que está trabalhando lhe envolve na trama.
Já passei horas com fulanos que não paravam de falar sobre idéias que já tiveram na vida, repetitivas, chatas até o dia que você não agüenta mais e barra o papo no nascedouro.
Outra concessão que não faço é sair do meu ócio porque “temos que ir ver o show do fulano, não podemos perder.” Se não estiver com vontade perco e não explico.
Aliás, explicar minha vida e opções é outra medida que está na minha lista de cortados. Dei-me conta que não devo explicações a ninguém, mas a ninguém mesmo.
O que tenho pela maioria das pessoas é consideração. Se alguma atitude minha for interferir na vida de outra que considero aí abro diálogo com muito prazer.
O que viabilizou a lista do que não quero é que nunca tive o dinheiro nem o sucesso do Garfinkel. Isso facilitou muito as coisas.
Considerado um “cabeça dura” foi capaz de descartar associação com o Bradesco e firmar uma com o Itaú como queria, mantendo o controle da companhia.
Aos 62 anos resolveu há tempos fazer uma lista de coisas que não mais faria. Desde uma prosaica recusa de comer risotos e kiwi até frequentar coquetéis. Fora da lista só coisas e pessoas que lhe dão satisfação.
Quantas vezes não fizemos listas parecidas até começarem a surgir exceções que por fim punham a lista a perder? Eu mesmo fiz várias tentativas.
Até que um dia acordei com o saco realmente cheio e radicalizei: não faria mais concessões para nada, literalmente nada. Se não estivesse a fim de fazer alguma coisa não faria e fim.
Comecei com os tais compromissos sociais. Eliminei-os de minha vida. Se for a um evento social não será por compromisso, mas porque me deu vontade de ir.
Sempre aparece alguém para lhe censurar: puxa o cara é tão teu amigo você não pode deixar de ir. Acontece que o cara é meu amigo, mas os amigos dele não são ou o lugar que ele escolheu para lhe convidar é um pardieiro ou escolheu um horário que não bate com o seu.
O melhor, por princípio, é dizer que cortou compromissos sociais, que não lhe levem a mal, mas é assim que é. E agüente o tranco. Normalmente não lhe convidam mais o que acaba lhe poupando o desgaste de não ir.
“Reunião de negócios” normalmente é nome pomposo para papo de botequim fora de lugar. Começa com um “precisamos conversar, vamos marcar uma reunião”. Sugiro que de imediato pergunte o assunto, qual o negócio e onde você entra nele.
A resposta, via de regra, é “tive uma idéia e acho que deveríamos conversar a respeito”. Sugiro que tope e comece a conversa imediatamente por telefone mesmo. “Qual a idéia?”. Perdi a conta das vezes de que esse simples começo encerrou a futura reunião.
Não foi um aprendizado fácil porque todos nós estamos a fim de um bom negócio e portanto abertos a ouvir propostas. O cara “sem negócios” cria em sua cabeça algumas hipóteses e para fingir que está trabalhando lhe envolve na trama.
Já passei horas com fulanos que não paravam de falar sobre idéias que já tiveram na vida, repetitivas, chatas até o dia que você não agüenta mais e barra o papo no nascedouro.
Outra concessão que não faço é sair do meu ócio porque “temos que ir ver o show do fulano, não podemos perder.” Se não estiver com vontade perco e não explico.
Aliás, explicar minha vida e opções é outra medida que está na minha lista de cortados. Dei-me conta que não devo explicações a ninguém, mas a ninguém mesmo.
O que tenho pela maioria das pessoas é consideração. Se alguma atitude minha for interferir na vida de outra que considero aí abro diálogo com muito prazer.
O que viabilizou a lista do que não quero é que nunca tive o dinheiro nem o sucesso do Garfinkel. Isso facilitou muito as coisas.
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