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sábado, março 17, 2007

É glorioso enriquecer!

Dizem que os chineses comem tudo que se move e que o cachorro é uma de suas iguarias prediletas. Que joga lixo nas ruas, fala gritando e cospe no chão. Mesmo assim penso em me filiar ao PCC. Não o nosso, o deles, o Partido Comunista da China.

O conceito de propriedade privada foi abolido da China em 1949 com a Revolução Comunista.

Em 1982 foi reintroduzido por lei, mas seu texto precisava ser regulamentado. Desde então, durante todo este tempo, que no ritmo chinês deve equivaler a um nano segundo, ficou sendo discutido, analisado, amadurecido, até que, ontem, foi aprovado pelo Congresso Nacional do Povo da China numa reunião relâmpago de dez dias.

Estabelece que “a propriedade do Estado, da coletividade e do indivíduo é objeto de proteção legal e não pode ser infringida por nenhum indivíduo ou instituição”.

Ou seja, lá os porraloucas protocomunistas tipo Bruno Maranhão, Stédile, Jair Amorim, Zé Rainha e demais seguidores de ideologias da década de 50 do século passado, ao invadirem terras privadas ou edifícios públicos seriam, digamos assim, liminarmente sacrificados pelo bem da coletividade.

E mais, o primeiro-ministro Wen Jibao precisou: “A democracia, o Estado de Direito, os direitos humanos, a igualdade, a fraternidade não são apanágio do capitalismo, servem, também, ao socialismo chinês”.

E encabeçando minha decisão cito declaração do líder Deng Xiao Ping, ao desistir da luta de classes e optar pelo desenvolvimento econômico, e que se tornou palavra de ordem: “É glorioso enriquecer”.

Como na China, toda palavra de ordem vira dogma, lá já devem existir, por baixo, 300 zilhões de empreendedores. O dirigismo estatal, que prevalece no planejamento, apóia totalmente os investimentos privados, estrangeiros e nacionais. Significa dizer ter uma burocracia de governo voltada para gerar riquezas, recompensar o esforço pessoal e promover o desenvolvimento do país.

A China foi o primeiro país a superar a marca de US$ 100 bilhões em investimento estrangeiro líquido, segundo o Institute of International Finance (IIF), que reúne os maiores bancos globais. Sozinha, a China recebeu 27% do investimento externo em países emergentes em 2005, o dobro dos recursos aplicados em toda América Latina (cerca de US$ 44 bilhões líquidos) e dez vezes mais que os US$ 10,5 bilhões líquidos no Brasil.

Aqui não posso deixar de fazer um comentário ácido, porém verdadeiro. Nossa burocracia, ao contrário da chinesa, parece existir para, com sua ineficiência e academicismo bacharelesco, travar qualquer investida de quem se arriscar a empreender.

Na falta de talento para criar riquezas criam impostos, normas, regras, taxas, e tudo mais que puderem para bloquear o êxito do próximo e para justificarem suas pobres funções. Como há anos já dizem nossos empresários: “Nada mais perigoso para o desenvolvimento do país do que um burocrata ocioso!”

Aqui, sim, existe uma luta de classes subterrânea, difusa, não de estratos sociais, mas de estratos de êxito. Como disse Tom Jobim, “o sucesso no Brasil é encarado como ofensa pessoal”. É olhado de soslaio como se criminoso fosse.

Isto é que explica a diferença de crescimento do Brasil e da China. A diferença não está no planejamento estratégico das macro ou micro políticas econômicas. Está na disciplina e no comprometimento com o objetivo de desenvolvimento do país. Lá a riqueza é gloriosa, aqui é vilã!

Voltando à China. Outro dia, por acaso, olhei a etiqueta de uma bermuda minha já antiga. Surpreendeu-me uma pequena etiqueta, “Made in China”. Resolvi checar outras peças e a maioria era “Made in China”. Mesmo as que ostentavam famosas e caras marcas nacionais!

A população mundial é de 6,3 bilhões de pessoas! De cada 100 terráqueos, 20 são chineses, menos de 4 são americanos e somente 3 são brasileiros. Ou seja, não dá para chamar para uma peladinha!

Nas últimas duas décadas, o crescimento de seu PIB superou os 9% ao ano!

Esse “comunismo democrático de mercado” representou um aumento do poder aquisitivo e do nível de vida para milhões de famílias.

Paralelamente, o Estado se lançou numa modernização do país em ritmo acelerado, multiplicando a construção de infra-estruturas: portos, aeroportos, rodovias, estradas de ferro, pontes, barragens, arranha-céus, estádios para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, instalações para a Exposição Universal de Xangai, em 2010 e assim por diante.

Essa massa descomunal de obras e a nova febre de consumo dos chineses acrescentaram uma nova dimensão à economia: em pouquíssimo tempo, a China, que assustava enquanto exportadora, tornou-se um país importador com voracidade insaciável. No ano passado, foi o principal importador mundial de cimento (importou 55% da produção mundial), de carvão (40%), de aço (25%), de níquel (25%) e de alumínio (14%). E o segundo principal importador mundial de petróleo, depois dos Estados Unidos.

Essas importações maciças provocaram uma explosão de preços nos mercados mundiais. Em especial, os do petróleo.

Admitida na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, a China é atualmente a sexta maior economia do mundo. Puxa o crescimento em escala planetária e qualquer soluço seu, pelo efeito borboleta, hipótese da teoria do caos, tem um impacto imediato sobre a economia mundial. Vide as bolsas de valores, mundo afora, nessas duas últimas semanas que despencaram porque a China anunciou que refrearia seu crescimento para apenas 8%, este ano!

“Apesar da velocidade de nosso crescimento”, pondera o primeiro-ministro Wen Jibao, “a China ainda é um país em vias de desenvolvimento e ainda nos faltam uns cinqüenta anos de crescimento para nos tornarmos um país medianamente desenvolvido”.

Por essas e por outras vou me filiar ao PCC. Para assegurar o futuro, não o meu, pois acredito que não vá ter a longevidade de um natimorto chinês, mas o dos meus, a quem desejo longa vida e a milenar sabedoria dos anciãos.

Para o futuro mediato vou começar a estocar cerveja e pedir ao meu filho que esconda seus cachorrinhos. Só para garantir.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Primoroso.
O que mais chama atenção é o atraso dos nossos burocratas e da nossa "esquerda revolucionária", que não foi capaz de enxergar o mundo com os pequenos olhos chineses.

7:29 PM  

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