Meusditos

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Local: Varanda em Pernambuco

quarta-feira, janeiro 21, 2009

D. João VI, o gari e a moita.



Meus dois ou três leitores devem ter notado que andei ausente. Por boas razões. A principal foi a visita de meu filho que veio de São Paulo passar meu aniversário comigo. A segunda preguiça, e a terceira leitura.

Devorei três livros. Um que já comentei sobre o Marcos Valério. Outro sobre os bastidores da cobertura da imprensa da morte do PC e sua namorada, uma imprensa que não aceitava o fato de ter sido homicídio seguido de suicídio e do show de estrelismo dos peritos criminais em busca de holofotes. Com o sugestivo título de “Basta” põe um ponto final no episódio. Interessante mas ligeiro.

Dei também umas bicadas no “Olho no lance!”, flashes da vida do repórter esportivo Silvio Luiz.

Mas o melhor e mais importante foi o “1808” de Laurentino Gomes. Jornalista de primeiro time conta a história da vinda de D. João VI ao Brasil, motivos de sua fuga, estada por aqui e retorno a Portugal.

Sem intenção de ser hilário, o é, pelo simples fato do Brasil ser cômico. Suas elites, seus corruptos, os apaniguados do poder, as benesses dos amigos do rei, tudo exatamente como é hoje. Vale a pena conferir nossa “consistência” nesses últimos 200 anos!

Mas o que me trouxe de volta aos Meusditos foi uma esperança no novo prefeito que assumiu aqui o glorioso Jaboatão dos Guararapes. Já escrevi sobre o lixo das ruas aqui defronte nas ruas a beira mar de Piedade. Passados alguns dias da posse lá veio uma brigada de garis e começaram a limpeza das ruas. Desci e os aplaudi. Finalmente descobriram essa região!

Não terminaram, no dia, o serviço. Ficou faltando a metade de uma rua. Imaginei que no dia seguinte voltariam e resolveriam o assunto. Nada. Passaram-se dias e o serviço ali por fazer.

Ontem finalmente volta a brigada dos garis. Vibrei de alegria. Olham a rua e passam reto. Menos um que olhou um dos terrenos vazios, estudou a situação, entrou, procurou a maior moita, baixou as calças e adubou a mamoneira!

Lembrou-me D. João que, como descrito no livro, em seus passeios de carroça quando lhe batia a necessidade, descia, seus serviçais armavam um grande urinol desmontável. Nele se aboletava o rei indiferente aos olhares de seu séquito. Aliviado, era limpo por um camareiro, vestido e retomava o passeio.

É fácil perceber que nos últimos duzentos anos nossa única evolução foi a moita!

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Celpecantropus!

Parece incrível, mas eles ainda existem. Executivos pré-históricos, trogloditas da administração, ignorantes da boa governança, do respeito ao consumidor e do bom marketing escancaram seu despreparo e desprezo por seus clientes. Vários tem acento na direção da Celpe.

Para quem não sabe Celpe é a empresa de energia de Pernambuco. Sua privatização foi motivo de disputa entre os dois maiores caciques da política pernambucana: Arraes e Jarbas Vasconcelos.

No governo Arraes políticos ligados a Jarbas impediram a privatização da Cia. Mas em seu governo a empresa foi privatizada arrematada pelo lance mínimo pela espanhola Iberdrola.

Vamos ao que interessa. Em maio de 2005 a Celpe, por liminar, foi impedida de aplicar o reajuste de tarifa que solicitava. No costumeiro e infindável vai e vem da justiça, em 2 de dezembro de 2008 ganhou a causa para cobrar o resíduo que deixou de receber entre os meses de maio a setembro de 2005, corrigidos pelo IGPM.

Como ainda cabe recurso, que fizeram os celpecantropus? Imediatamente sem anunciar a medida, nem mesmo explicá-la aos consumidores, nem explicando seus cálculos para o valor da cobrança, emitiram na calada da noite, no fim do ano, as contas com o acréscimo do resíduo em parcela única com vencimento para janeiro, juntamente com o consumo do mês.

Na média este acréscimo foi de 50% do valor normalmente pago mensalmente pelo consumidor. No caso de sua maior cliente a Compesa, Companhia Pernambucana de Saneamento, representou um acréscimo de R$ 8 milhões numa conta mensal de R$ 12 milhões.

Tenho a impressão que foi a primeira vez na história da Celpe que ela conseguiu unanimidade por sua atuação. Unanimidade de repúdio. Desde o governo do estado, passando por todas as associações de classe de empresas, pelo trade turístico e, lógico, por todos os consumidores.

A justiça acatou ação do governo mandando sustar o pagamento. Tiveram que engolir, mas não sem o desplante de afirmarem que vão recorrer para cobrar todo o resíduo em uma parcela. Quem quiser que entre em contato com a empresa para parcelar em até 5 vezes com juros.

Não fosse protegida por um monopólio de fato, fornecedora de um serviço indispensável com certeza iria para o cemitério das descartáveis por incompetência.

Só para terminar. A espanhola Iberdrola hoje detém apenas 39% da Celpe. O Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, detém a maioria. É incompetência hispano-tupiniquim que vem dando problemas no Brasil. Vide Costa do Sauípe na Bahia.

Executivos da Celpe aceitem nossa singela e sincera homenagem:

sábado, janeiro 03, 2009

O operador da República!

Com quase três anos de atraso, tomei conhecimento e li “O operador” de Lucas Figueiredo, mineiro, jornalista com passagens pelos principais órgãos de imprensa do Brasil e autor de dois outros intrigantes livros “Morcegos Negros” e “Ministério do Silêncio”.

Neste, “O Operador”, conta a trajetória do Marcos Valério o operador do caixa dois dos governos do PSDB e do PT, escândalos nacionais que, até hoje, não deram em nada.

Mais do que descrever com detalhes as operações de levantamento de dinheiro para caixa dois dos partidos revela a desfaçatez com que as operações eram feitas, os bancos envolvidos, Rural e BMG, os montantes transacionados e a cara dura com que eram distribuídos entre parlamentares.

Dá nome aos bois, ministros, deputados, secretários, policiais, número de cheques, nomeia motoboys que transportavam milhares de reais diariamente, quem recebia o dinheiro, quem pagava.

E quando estourou o escândalo, os shows das CPIs não deram em nada graças a acordos entre partidos e políticos adversários para que nada fosse devidamente apurado pois seria implosão de todos e talvez das instituições.

Termina com uma frase patética e ao mesmo tempo reveladora do operador Marcos Valério:

“Nós devemos deixar claro para a sociedade e acabar com a hipocrisia: eu não sou a única empresa que ajudou e ajudará políticos. (...) O Marcos Valério não é detentor de tecnologia para ajudar campanhas políticas. Isso já acontece no Brasil desde Rui Barbosa”.

Confesso que o que mais me impressionou neste livro foi minha ingenuidade. Por mais que a gente leia, se informe, conjecture, troque idéias e chegue à conclusão que na política é tudo uma picaretagem, você está longe, muito longe da patifaria real praticada por determinada classe de políticos e empresários independentemente de ideologias, partidos, situação ou oposição.

Caso você não faça parte desses esquemas e nem queira deles participar, esse livro traz um desafio ao seu próximo voto: frente a tanta patifaria, como encontrar a virgem do bordel, o seu candidato.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Finalmente!

Acordei neste primeiro de janeiro mais leve. Como se tivesse tirado um peso das minhas costas.

Não consegui de imediato identificar a razão. O ano que passou não foi ruim, muito pelo contrário, foi ótimo como serão este e os próximos.

Talvez a eleição do Obama tenha me dado um novo alento. Nada. Se acreditasse nos homens, talvez. Mas, assim como Nelson Rodrigues, penso que a humanidade não deu certo e não são eventos pontuais que salvarão o mundo.

Certamente não foi também pelos tempos bicudos que nos esperam de recessão e mercados em retração. Não, não é por aí.

De repente caiu a ficha. Lógico! Só pode ser isso! A partir de hoje todos sem discriminação de credo, raça, condição social, todos sem exceção que escreverem na língua portuguesa poderão, enfim, escrever “equidistante” sem trema!

Feliz ano növo!