Meusditos

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Local: Varanda em Pernambuco

segunda-feira, junho 30, 2008

Rica e louca!

Saímos do Recife no vôo da TAM de uma hora da tarde. Pousamos em Guarulhos, São Paulo, às 16,15 .

Meu filho havia deixado seu Honda Civic no estacionamento do aeroporto para agilizar nosso regresso à casa do meu outro filho no Campo Belo, ironicamente, próximo ao aeroporto de Congonhas. Foi outra viagem.

Entre marginal do Tietê, Avenida 23 de maio e outros poucos quarteirões foram outras duas horas. Chegamos em casa às 18,30.

Não fosse a companhia do meu filho e o conforto do carro eu teria ficado louco. Não só com o trânsito se é que se pode chamar de trânsito o que mal transita. A alucinante presença dos motoqueiros trafegando a 80, 90, cem km por hora entre os carros é um absurdo inaceitável. Não é a toa que morre nas avenidas um motoqueiro por dia.

Fiquei impressionado com a calma de meu filho que como todos os paulistanos não teve e não tem outra opção senão a de conviver com o caos.

Dia seguinte, um sábado, abro o jornal e me deparo com uma quantidade de anúncios de lançamentos imobiliários colossal. Não só prédios, mas novos bairros inteiros com casas e prédios onde a rede viária já não suportava o trânsito de 20 anos atrás!

São Paulo enlouqueceu. Não há a mais remota chance de recuperação.

Se num passe de mágica a administração da cidade não mais dependesse dos políticos e um grupo de extraterrestres definisse um correto planejamento para a cidade e sua primorosa execução, mesmo assim São Paulo teria de parar, ser redesenhada, parcialmente demolida, reconstruída, coisa para os próximos 50 anos.

Por outro lado, São Paulo respira sucesso. Obras monumentais, o melhor das artes do país, uma orquestra sinfônica que paga R$ 100 mil mensais ao seu dirigente maior que a colocou no topo das orquestras mundiais, o melhor do teatro, cinema, música, shows, gastronomia!

É um paradoxo. Com aproveitar o melhor dos mundos sem o estresse do simples ir e vir? Só mesmo sendo um dos incontáveis bilionários e neo-bilionários da cidade que usam helicópteros para visitar o vizinho, carros blindados e seguranças para garantir a vida e o bolso. São Paulo enlouqueceu.

O que salva, em parte, é que não existe uma São Paulo, mas várias. Ainda existem bairros aprazíveis, calmos, de boa vizinhança, com pequenos e bons bares e restaurantes, bons para morar.

Mas para desfrutar tudo o que a cidade oferece tem que circular, não há solução. Para mim é um preço alto demais.

quinta-feira, junho 19, 2008

Sua Alteza Imperial!

Dizem que o De Gaulle não disse que o Brasil “n’est pás um pays sérieux”. Pois deveria ter dito. Por todos os motivos o Brasil realmente não é um país sério. As leis não “pegam”, os escândalos não escandalizam, os políticos não fazem nada a não ser se locupletarem e o brasileiro não tá nem aí!

Mas o lado folclórico do brasileiro tem sua graça. Acompanhei, divertido, os preparativos para a recepção do príncipe Naruhito do Japão. Aulas de etiqueta oriental, treinamento de reverência, o que evitar e o que nem pensar!

Não olhar em seus olhos, não cumprimentá-lo, nada de contato físico e o esquimbáu. Logo pensei “isso vai dar merda”.

Não se pode dizer que a culpa foi totalmente dos nativos, afinal Sua Alteza Imperial tem 1,60 m de altura e uns poucos quilos. É uma majestade que convida à gaiatice brasileira.

Logo no primeiro obstáculo Sua Alteza virou Mané. O presidente do senado, Garibaldi Alves ao recepcioná-lo a primeira coisa que fez foi esticar a mãozona e chacoalhar a mãozinha do príncipe. A partir daí virou galhofa.

Ao entrar na Câmara foi recebido aos gritos de “Banzai (salve)!” pelo deputado Luis Carlos Rauly, logo provocado pelo babaca do Cyro Gomes aos gritos de “Diga outra palavra para eu ver se você conhece!” Ao que o tal Rauly não se fez de rogado e gritou “Campai” (viva)! Como um ginasiano excitado Cyro, o babaca, gritou “aposto que a próxima será sushi!”

Nessas alturas o pequeno príncipe já estava em casa. Aperto de mão para todo lado, sorrisos, gargalhadas, reverências zero!

Para completar apresentaram ao príncipe artistas vestidos de gueixa e rostos pintados como no teatro kabuki onde as gueixas são normalmente representadas por homens. Duas “gueixas” eram os irmãos Hibiki, que graça!

Espera-se que os irmãos tenham se contido e não dado um beliscão na bundinha de Sua Alteza ao som de "gotosinho!"

quarta-feira, junho 18, 2008

Depenaram o jatinho!!!

Arrumei uma gripe que somada aos males da alma me tiraram do circuito. Por sorte não vivo dos “Meusditos” pois morreria de fome.

É impossível escrever gripado e com dor de garganta. Por mais que se queira não dá vontade de escrever, pensar, criar. Fica-se catatônico, inerte, com a cara do Dunga depois do brilhante jogo com o Paraguai.

Sem contar a mesmice brasileira. Descobri que o Brasil é a cara da gripe. Sempre a mesma ladainha modorrenta, febril com políticos criando impostos, Lula viajando esquivando-se do último escândalo, polícia federal prendendo corruptos, menos os que importam.

De repente uma notícia pelo menos incomum: em Itapeva, interior de SP, depenaram o Learjet da FAB a serviço do presidente da Câmara. Ouvi comentários que a polícia, como de costume, não descarta nenhuma hipótese. Desde furto qualificado até sabotagem.

Nem mesmo evitaram olhares desconfiados para os lados do deputado Chinaglia. Afinal não seria novidade um parlamentar dilapidando o patrimônio público. Salvou-o o tamanho da mala ou da cueca, pequenos para tanta rebinboca do jatinho.

De qualquer maneira vão pedir a quebra do sigilo telefônico de sua excelência para tirar todas as dúvidas quanto a eventuais parceiros. Não se deve facilitar com a categoria. É gente de alto risco.

quarta-feira, junho 11, 2008

Vandalismo contagioso!

Desde FHC, mas principalmente no governo Lula há certo pudor em utilizar a força e a autoridade que a lei lhe confere para frear ataques bárbaros e criminosos de vândalos dos chamados movimentos dos sem terra e que tais.

Ontem foi a vez da Via Campesina destruir pesquisas da Universidade Federal Rural de Pernambuco, invadir prédios da Chesf, quebrar e invadir propriedades do grupo Votorantim e várias outras empresas de PE, AL, SE, BA e MG.

Essa complacência com os “companheiros” tem levado a situações gravíssimas de afronta à lei, à ordem, à propriedade, à pesquisa e por fim à democracia.

E tem contagiado todo tipo de baderneiro que vêem na violência e na afronta ao poder público e ao cidadão o primeiro e único argumento para sua expressão.

Segunda feira passada aqui em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, PE, meia dúzia de baderneiros carregando cartazetes em cartolina e soprando apitos interromperam o trânsito da principal avenida do bairro por quase três horas (foto).

Queimaram tudo que encontraram pela frente desde palha de coqueiro até restos de armários e pneus e espalharam pela avenida. A fumaça empesteou apartamentos e lojas próximas.

A polícia quando chegou, horas depois, ao invés de dispersar os arruaceiros, organizou a baderna conferindo a essa afronta ao direito de ir e vir dos cidadãos certa aura de protesto social.

Toda a baderna porque os moradores de uma tal rua Sucupira exigem melhorias naquela via em que moram.

Até quando baderneiros de todo tipo vão continuar afrontando a lei com o beneplácito das autoridades? São invasões de fazendas, prédios públicos, bloqueio de estradas e até essa meia dúzia de marginais bloqueando uma avenida por motivo pontual e singular!

Fico me perguntando o que difere esse pessoal dos meliantes comuns que algemados são trancafiados no xilindró? O que garante a eles a impunidade? Seriam os apitos?

segunda-feira, junho 09, 2008

Nosso chão.

Entrego os pontos, desisto. Há uma semana que tento escrever sobre fatos que me pareciam obviamente interligados e não consigo. O que me parecia simples ultrapassou minha competência, cultura e informação.

Tudo começou quando presenciei um bate papo de dois taxistas próximo ao hotel onde um pré candidato a prefeitura de Jaboatão anunciava seu vice. Entre uma infinidade de bobagens, diziam que queriam distância da política, que só dava ladrão e que nas eleições iriam para o interior tomar cachaça e banho de rio.

Um deles afirmou que se algum político dissesse que havia se elegido com seu voto, estava mentindo. Fiquei imaginando que tipo de político atribuiria a tal fulano parte de sua vitória.

Fiquei intrigado com o fato de não se considerarem donos de seu chão, do Brasil, de Jaboatão, sua cidade. Estarem se lixando com o que fazem com sua terra. Mais intrigado ainda por meterem o pau nos políticos se, como cidadãos, não exercem o mais comezinho de seus direitos e deveres, votar.

Como em qualquer condomínio, quem não participa não chia, tem que baixar a cabeça e aceitar o que os outros resolverem. A democracia tem seus caminhos, suas regras. Se você acha que em política só tem ladrão, vote no menos ladrão. Se todos são incompetentes, vote no menos incompetente, mas vote.

É a única maneira de ir depurando a classe política de seus péssimos “quadros”, como dizem e de você aprimorar seus parâmetros para votar melhor.

O que não pode é se omitir, ir tomar cachaça e banho de rio e depois ficar aporrinhando os outros com seus queixumes. Quanto maior a omissão e o desinteresse dos eleitores mais à vontade se sentem os corruptos, oportunistas e inoperantes para defenderem exclusivamente seus próprios bolsos.

Aí começou meu problema. Enquanto ouvia os pobres coitados veio-me à lembrança uma recente declaração do presidente do Equador, Rafael Correa, que apresentou na França um projeto para não explorar campos petrolíferos na Amazônia equatoriana, em troca de uma compensação anual de US$ 350 milhões.

O plano envolve a emissão de um bônus que seria comprado pelos países ricos. Caso o Equador resolvesse explorar o petróleo, esses bônus poderiam ser resgatados.

Correa disse que a comunidade internacional tem de ser "co-responsável" e compensar no mínimo a metade da receita que o país teria se explorasse esses campos. Estima-se que eles tenham reserva de quase um bilhão de barris.

“Para evitar queimarmos combustíveis fósseis, que afetam o clima mundial, e para preservarmos essa área de tanta diversidade, estamos dispostos a renunciar a boa parte do dinheiro e dos recursos financeiros tão necessários para o desenvolvimento de nosso país", disse Correa. "Essa é uma ruptura com a política energética e com a lógica econômica tradicionais."

É sem dúvida uma ruptura, uma eco-chantagem, uma eco-imbecilidade.

No momento em que os países ricos começam um movimento de que a Amazônia é muito importante para a humanidade para ficar na mão de brasileiros e de seus vizinhos, essa proposta caiu assim como um convite ao inimigo para participar do que podemos ou não fazer na Amazônia.

Imagino que o tal Correa deva ter tomado um “porque não te callas” de seus companheiros, inclusive o Lula, e enfiado a viola no saco.

Como é possível o presidente de um país expor a soberania de seu território dessa maneira?

Em Roraima, na área indígena Raposa Serra do Sol, índios querem fazer valer uma tal lei sancionada pelo Lula que lhes dá a propriedade de toda uma área contínua de 1,7 milhão de hectares fronteira com Venezuela e Guiana, expulsando de lá posseiros que plantam arroz.

São 19 mil índios, grande parte aculturada, professores, advogados, falam português, vestem jeans e calçam tênis ou alpargatas. Aguardam decisão do STF, mas já adiantam que só se contentam com a vitória. A advogada do Conselho Indígena de Roraima, a índia wapixama, Joênia Batista de Carvalho, diz que se o STF disser não, os índios continuarão lutando pela posse da terra.

Os arrozeiros já mostraram na prática que também não vão entregar suas fazendas sem muito barulho, conflito e, provavelmente, mortes. O maior produtor do estado, Paulo Cesar Quartiero vai produzir na safra 2007/2008 seiscentas mil sacas de arroz. Não se imagina, mesmo com ação do STF desfavorável a ele, que entregará suas fazendas aos índios.

Dos 1,7 milhão de hectares da área indígena, 110 mil estão de posse dos arrozeiros. Sempre me perguntei por que os índios só se incomodam com estranhos em suas reservas quando os brancos estão “enricando” como dizem.

Será que não seria mais fácil, já que está na moda, criar uma bolsa-índio? Reservar-se-ia uma área para eles, criar-se-iam animais e peixes para que pudessem caçar, pescar e plantar jerimum, mandioca, milho e etc.

Com uma única condição, não podia se aculturar. Nada de se formar em advocacia, trabalhar em ONGS, sindicatos, missões e que tais. Nada de querer intermediar extração de minérios, madeira, fauna e flora nativas para pesquisas no exterior. Tem que ser índio por inteiro.

Queiram ou não os índios e o Lula essas reservas são terras brasileiras e devem ser cuidadas como tal, com proteção das forças armadas, principalmente nas áreas de fronteira. Não dá para gringo ficar comprando milhares de hectares sem monitoramento do estado de suas operações. Nada de missões estrangeiras ocupando espaço e mentes dos índios.

Perceberam que assuntos tão diversos têm uma interligação? Essas diversidades de posturas frente à posse da terra levaram-me a concluir que são movidas a ignorância e interesse.

E entre as duas tendo a ficar do lado do posseiro que, ao menos, cuida do que é seu e produz. Ou melhor, de sua posse já que nem dele é!

Agradeço esclarecimentos.

segunda-feira, junho 02, 2008

Fila preferencial?

Estou tentando me adaptar a tal fila preferencial para gestantes, idosos e decreptos em geral.

Nunca me ocorreu que existissem tais filas. Após ser passado para trás, algumas vezes, por atléticos idosos resolvi reagir e aderi.

Já chego senhor da situação, não dou chance à contestação, me aboleto no cantinho e ataco na primeira vaga que se oferecer.

Noto, lógico, certos olhares de dúvida, outros de pena e alguns murmúrios de muxoxo. Desde que me atendam com presteza não me incomodam à mínima.

Numa dessas ocasiões veio-me a dúvida de para que criaram a tal fila preferencial. Imaginei que fosse para os idosos serem rapidamente atendidos não tendo que ficar de pé esperando, caindo pelas tabelas, amparando-se pelas paredes.

Ilusão! Quanto mais idoso, mais atrapalhado e mais conversador se torna o velhinho e, portanto, mais demorada a fila.

Um simples jogo na sena torna-se um inquérito policial de complexidade extrema. Sim, por que o velhinho, mesmo cansado de saber as respostas, faz questão de perguntar tudo como se jogasse pela primeira vez.

Jamais leva o jogo pronto, dinheiro na mão para um rápido atendimento. Atrapalha-se com uma infinidade de papelinhos que leva junto com apostas passadas, listas de compras, receitas de remédios, recados que se esqueceu de dar, enfim, uma parafernália feita para exasperar o velhinho seguinte da fila.

Sem contar que a atendente confunde atendimento preferencial com atendimento psicológico especial. Não só se predispõe a ouvir horas de papos reprimidos, como estimula o diálogo certa de estar prestando um grande serviço a coletividade longeva.

E os que aguardam começam a reparar que a fila enorme dos jovens anda muito mais depressa que a deles.

Ontem, após várias tentativas de dizer a que veio, o velhinho na minha frente, vendo um cartaz da Lotomania colada no vidro do guichê, perguntou à atendente que jogo era aquele. A senhora não só explicou como informou que o prêmio estava acumulado. Para quê? O idoso ficou indócil e pediu para que repetisse a explicação.

Foi a gota d’água, busquei uma saída honrosa para passar da fila preferencial para a outra dos não preferenciais.

Com cara de paisagem perguntei: qual é mesmo a idade para esta fila? Sessenta anos, respondeu prontamente o velhinho à minha frente. Puxa, me enganei, exclamei! E mais que depressa mudei de fila, envergonhadíssimo pela mentira.

De saída ainda ouvi “e a Timemania como é que é?”

Haja saco!