Meusditos

Minha foto
Nome:
Local: Varanda em Pernambuco

quinta-feira, março 30, 2006

O astronauta e o secretário

Ontem à tarde enquanto o astronauta bauruense, tenente-coronel Marcos César Pontes, se preparava para o lançamento, à noite, da nave russa Soyuz TMA-8 rumo à Estação Espacial Internacional (ISS), o Secretário Estadual dos Transportes de São Paulo, Dario Rais Lopes, inaugurava o novo aeroporto de Bauru, em construção na divisa com Arealva, num monomotor Piper Corisco . (foto)

Por incrível que possa parecer talvez o secretário tenha corrido mais risco em sua singela missão do que correrá nosso astronauta. Transcrevo parte da matéria publicada, hoje, pelo Jornal da Cidade de Bauru:"... ficou claro que o aeroporto depende da obra do acesso, que ainda é realizado através de uma estrada vicinal sem infra-estrutura. Com a forte chuva que caiu na hora marcada para o secretário descer no local, o problema ficou evidente e até uma equipe de televisão não conseguiu chegar ao aeroporto, com o carro ficando atolado na vicinal.

Outro problema evidenciado com a chuva é o escoamento das águas, que cercaram completamente a torre de controle, obrigando os convidados a se abrigarem na parte interna da obra incompleta. Depois que a chuva parou, Lopes conseguiu se deslocar para o local, onde entregou oficialmente a pista para pousos e decolagens diurnos”.

Graças a Deus o lançamento de nosso astronauta foi na base de Baikonur no Cazaquistão.

Comentário bem humorado do amigo Abelardo Beltrão, o "Seu Belo": Fosse em Bauru ele talvez perdesse o vôo.

quarta-feira, março 29, 2006

Eclipse

Levantei-me às 5h15 para ver o eclipse total do sol. Noticiaram os jornais que no nordeste seria mais bem visto. Deitei-me na rede da varanda do meu apartamento a beira mar e esperei. Começou a clarear, escureceu um pouco, voltou a clarear e o que se via eram nuvens que encobriam o horizonte.

Foi uma sensação assim como se a Juliana Paes se banhasse em seu apartamento, você ouvindo a ducha fresca escorrendo por seus cabelos pretos, benzendo seu lindo rosto iluminado por seu sorriso alvo e franco, descendo por seus seios hígidos de menina com seus biquinhos intumescidos pelo prazer do frescor que lhe possuía, escorrendo em cascata por seu ventre enxuto e coxas bronzeadas pela cor que somente o sol desse Brasil pode proporcionar. Você sente o espetáculo acontecendo ali na sua frente, mas a porta fechada do banheiro lhe impede a visão.

Para minha sorte o eclipse vai ocorrer novamente daqui a 40 anos.

Já centenário, estarei às 4h da manhã sentado no banco da calçada a beira mar aguardando ansioso por esse fenômeno único desenhado pela mão de Deus da lua projetando sua sombra sobre o sol como a querer dominá-lo fazendo, por poucos minutos, da manhã entardecer para logo em seguida libertá-lo e seus raios voltarem a brilhar em sua plenitude transformando todo o universo num grande e magnífico clarão doirado.

Diante de tal deslumbramento que importância poderá ter uma mocinha tomando banho?

terça-feira, março 28, 2006

Escala Mantega

Muito se especulou sobre quem substituiria o Palocci. Falou-se em Mercadante e Ciro Gomes, por exemplo. A cadeira do Ministro da Fazenda não se presta a incendiário ou palanqueiro. Mercadante está, assim como ensinou Lula, sempre em cima de um palanque, melhor dizendo, de uma passarela desfilando com arrogância seu pretenso saber. O outro, coitado, é um rapazola mal criado que confunde firmeza política com desaforos.
Ambos seriam uma escolha equivocada. Seria mais ou menos como nomear a Heloisa Helena membro do Copom. Seriam vários incêndios por reunião, certamente com vítimas de ambos os lados até mesmo fatais. Junto lá se ia o Brasil.

Os três últimos bem sucedidos Ministros da Fazenda foram sem dúvida o Fernando Henrique, o Pedro Malan e o agora defenestrado Palocci. Não pela capacidade técnica que o cargo talvez exigisse (que se mostrou absolutamente desnecessária) e sim pela postura olímpica dos três, pairando sempre acima das confusões diuturnas dos simples mortais com ares de navegarem sempre em ventos de bonança e céu de brigadeiro. Sóbrios, contidos, quase sempre didáticos, não se furtavam de compartilhar com a plebe ignara seus ditames, deixando sempre no ar de forma difusa um aviso de que sabiam o que estavam fazendo.

Um saiu para ser presidente da República, Malan, confesso não saber por onde anda mas seguramente está bem talvez freqüentando a banca universitária e Conselhos de Administração de grandes empresas. E Palocci tenta de todas as maneiras não ter sua prisão decretada por reinações nos recreios de Ribeirão Preto quando prefeito.

Agora temos o Mantega, genovês, desde os dois anos de idade no Brasil, economista com doutorado em sociologia. Enquanto presidente do BNDES vendeu seu peixe direitinho, inclusive com críticas à equipe econômica pelas altas taxas da TJLP. Não creio que terá dificuldades em defender o contrário agora, com pequenos ajustes.

Mas, voltando à vaca fria, o que importa é sua postura. Não podemos negar que possui aquele ar blasè que tanto sucesso fez nos seus antecessores e que os torna inescrutáveis. É como cara de jogador de pôquer, não pisca. Mas este ministro vem com uma marca registrada que nos ajudará muito a desvendar as verdadeiras dificuldades dos momentos econômicos. Ele pisca pra cacete! Onde já se viu Ministro da Fazenda que é o primeiro a piscar? Seu tic nervoso lhe retesa um pouco o lado esquerdo superior desde o ombro até o olho. Aí é que está a oportunidade!

Todos sabemos que o tic nervoso se presta como um relógio para medir o stress de seu portador. Quanto maior o stress mais acentuado o tic. Vamos referendar como 75 em 100 o repuxar de seu olho esquerdo na primeira entrevista que deu ontem ao Jornal Nacional. A partir desse referencial vamos a cada nova aparição do ministro saber se seu stress está baixo, alto ou altíssimo. Acredito que numa iminente dispensa sumária do cargo deve bater fácil os 100 pontos na Escala Mantega de Stress. Com o adequado uso da escala poderemos detectar com antecedência a queda do Henrique Meirelles, por exemplo.

Ministro da Fazenda que pisca era só o que nos faltava! Bons negócios!

segunda-feira, março 27, 2006

Domingo


Morando em São Paulo poderia acordar, ir para a academia fazer um exerciciozinho básico ou uma corrida no Ibirapuera, azarar umas “mina”, corpo sarado. De volta para casa um bom café da manhã, jornalzinho e telefonar para os amigos combinando uma exuberante paella no Figueira. À noite ouviria o Yamandu Costa no Auditório Ibirapuera.

Morasse no Rio, de manhã, aquela praia, ondas fortes de água fria e paisagem exuberante. Um peixe assado no vapor do Antiquarius não iria mal no almoço. Dormir cedo para garantir a ida na segunda ao evento Fora da Ordem, que, nada mais carioca, reúne um elenco de grandes músicos para protestar contra a Ordem dos Músicos do Brasil. Nos Arcos da Lapa com Lenine, Paulinho Tapajós, Zélia Duncan, Darcy da Mangueira e uma pá de gente.

Estivesse em Goiás Velho, veja você, em Goiás Velho, banho de rio pela manhã e durante o dia o Festival de Poesia de Goyaz, que recebe poetas de todo o Brasil e homenageia, este ano, o mestre Manoel de Barros.
No intervalo, boas goladas de cerveja e um empadão goiano, prato típico da região.

Em Recife, meu velho, ainda embalado pela graça do show de sábado da Vanessa da Mata curtiria a manhã na praia de Boa Viagem! Um caldinho de feijão, talvez um caranguejo, quem sabe umas ostras e aquela cerveja suando branco! Mais tarde, reunia os amigos e se deliciava com uma levíssima telha de tilápia grelhada à primavera perfumada com licor de banana com gengibre no almoço do Chez Georges.

Mas, não. Teimoso que só, tinha que nascer no Alto da Parida em Brejo do Meio nos cafundós do Brasil! Passou o domingo chorando a morte do filho, matado a bala num acampamento do MST.

Êta dominguinho besta!

domingo, março 26, 2006

Happy Hour


Wainer, um amigo de happy hour, num momento de clarividência teve um insight digno de um verdadeiro, genuíno e glorioso papo de botequim.
Tomado pelo momento político atual lançou uma idéia rara de difícil diferenciação entre a seriedade e a galhofa. Assim como um discurso do Lula ou uma defesa do Palocci.

Subiu na mesa e de pé, para nosso espanto, recitou:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Parou, baixou à cadeira e como numa confidência murmurou entre dentes:

“Vamos ter que discordar, veementemente, do Rui Barbosa.

De tanto ver triunfar a ladroagem de juizes, políticos e empresários não vamos ter vergonha de ser honestos, vamos perder a vergonha de ser desonestos.

Vamos nos indignar com os milhões da Universal do Reino de Deus, com aposentadorias de mais de R$ 50 mil, com cuecas endinheiradas, e nós sem nem um dízimo mínimo!

Queremos a direção de arte das campanhas de propaganda de Dudas e Valerios. De “toda” a arte, inclusive a não contabilizada. Queremos o gerenciamento dos dutos, a chave do cofre, as senhas das contas dos paraísos fiscais.

Queremos poder olhar de igual para igual, olho no olho, para o Lula, Lulinha, Jobim, Sarney, o Severino Cavalcanti, o Maluf, o Zé Dirceu, o Pedro Corrêa, Marta Suplicy, Favre, Robertos Jefferson e Brant, et caterva, encher os pulmões e gritar: queremos nos escrachar mamando nas tetas da Viúva, nos saciar, nos locupletar! Queremos nossa teta!”

A essas alturas o bar em delírio apoiava com gritos de “já ganhou!”, “viva o trambique!”, “Wainer presidente!” e Wainer arrematou:

“Para isso estou criando, aqui e agora, o MSTeta, o Movimento dos Sem Teta que lutará incessantemente para que todos os seus membros, sem exceção, sejam aquinhoados com salários milionários para não trabalhar, aposentadorias idem e toda sorte de negócios escusos porém lucrativos e imunes à fiscalização e tocos dos órgãos públicos, policias e que tais.

É condição indispensável para se filiar ao MSTeta caráter probo e íntegro e comportamento sem mácula. Após a filiação ao Movimento os que persistirem nas condições anteriores de honestidade e retidão, e perderem qualquer oportunidade de achaque ao bem público, por menor que seja, serão sumariamente expulsos por inadequação ao espírito da causa.”

Voltou a sentar-se, sob aplausos, mais não disse nem foi perguntado. Ainda tomamos a saideira.

Fica a sugestão.

sexta-feira, março 24, 2006

A sirigaita do PT e o deputado de cueca





Em 23 de março de 2006 o escracho do Congresso Nacional chegou ao seu ápice com a deputada Ângela Guadagnin do PT de SP saltitando entre as poltronas no meio do plenário da Casa, agitando os braços e rebolando sua triste silhueta numa espécie de dança da pizzazinha comemorando a absolvição de seu colega João Magno do PT de MG.
Somos todos testemunhas, saiu em todos os jornais.

Por muito menos houve a primeira cassação da história do Brasil em 1949.

Edmundo Barreto Pinto foi eleito deputado pelo PTB no Rio de Janeiro. Teve pouquíssimos votos, mas foi eleito por ser um dos suplentes de Getúlio Vargas. Nas eleições de 1946, Vargas foi eleito deputado em 10 estados e senador em dois.

Barreto Pinto era um bon vivant, casado com mulher rica no Rio de Janeiro e almejava a fama, ficar conhecido em todo o Brasil. Para isso, ele procurou a dupla de repórteres David Nasser e Jean Manzon que marcaram época no jornalismo brasileiro, com reportagens que fizeram da revista O Cruzeiro um sucesso editorial. A reportagem seria algo simples: apresentar um deputado que circulava com desenvoltura pela alta sociedade carioca.

Para criar um clima de glamour, os jornalistas sugeriram que o deputado posasse de casaca, o que foi prontamente aceito. Mas David Nasser também fez uma outra sugestão a Barreto Pinto. Como estava um dia de muito calor no Rio de Janeiro, o repórter e o fotógrafo sugeriram “nós só vamos fotografar o senhor no plano americano, da cintura pra cima. Se quiser não precisa vestir a calça não, está muito calor “.

Ingenuamente, o Barreto Pinto aceitou. Nasser e Manzon queriam mesmo uma coisa ridícula e fotografaram o Barreto Pinto de casaca da cintura pra cima, com gravatinha branca e tudo, mas de cueca.

A revista, é claro, fez um sucesso estrondoso. Várias edições extras foram rodadas e o assunto chegou à Câmara.

Com a justificativa de ter cometido uma ofensa ao decoro, Edmundo Barreto Pinto foi o primeiro deputado brasileiro a ser cassado em 27 de maio de 1949.

Convenhamos que em matéria de decoro e compostura, frente à dragona rebolativa do PT, sou mais a dignidade do deputado de cueca.

quinta-feira, março 23, 2006

Compras.com

Certamente você já fez compras pela internet. Não? Então faça. É cômodo, rápido, não tem vendedor pegando no seu pé, embrulhos para carregar, enfim, é tudo muito prático.
Mas tem as dúvidas, os receios. Será que o aparelho é bom? E meu cartão de crédito, será que não vão clonar? E se não funcionar?
Há três anos comprei uma geladeira pela internet que chegou bem antes do prazo, é muito boa, nunca deu problema e meu cartão continua meu. Foi no Extra. Me senti um herói contemporâneo, absolutamente up to date. Depois disso pequenas compras de cds, livros, passagens aéreas, essas coisas.
Semana passada comprei um mini system Gradiente com MP3 e o escambau.
Instalação feita ouvi rádio, cd e já me preparava para baixar programas de MP3 quando o aparelho deixou de tocar cds.
Branco total. E agora? Calma é só ligar para a loja e resolver.
Aí é que mora o perigo. Se eu comprei pela internet foi pela forte razão de não gostar muito de vendedores e, pior, de atendentes de call center. Me deixam impaciente. Esperei minutos longuíssimos apertando opções de atendimento e ouvindo uma musiqueta horrível, repetitiva, profissional e competentemente feita para lhe levar ao desespero, quebrar o telefone e desistir de fazer a reclamação. Resisti bravamente até que finalmente, eu já a ponto de querer comer o fígado da primeira voz ao vivo que aparecesse, me atende aquela mulher com voz de isopor “pronta para me servir”.
Como é possível alguém com a emoção de uma jaca estar pronta para me ser útil?
Mas vamos lá. Explico o caso e ela pede o número do pedido. Lógico que eu já havia jogado fora o tal número. Afinal o pedido já não era um pedido era uma compra consumada. Dou meu CPF. Após mais uma longa espera a jaca diz que minha última compra foi em janeiro e que não havia registro desta que eu reclamava. Eu sabia! Tinha que ter sacanagem! Agora vão dizer que minha garantia de devolução já havia vencido e etc, etc, etc. Insisto e o isopor pede o número na nota grafado após o meu nome. Não havia número nenhum após o meu nome. Grunhindo murmúrios mal humorados e já à beira do famoso ataque de nervos percebo que a nota era do Extra e que eu estava reclamando nas Lojas Americanas.
Vingo-me. Com a mesma voz de móvel velho, digo que me enganei, agradeço e desligo.
Que vexame!
Depois liguei para a loja certa e troquei o aparelho no ato. Pronto, tudo resolvido.

Prioridades

Telas de Picasso, Monet, Dali e Matisse foram roubadas do aprazível Museu Chácara do Céu em Santa Teresa no Rio de Janeiro. Dez dias depois foi anunciada pela Polícia Federal a prisão do suspeito de ter dirigido a Kombi usada para o assalto. Neste mesmo dia foi assaltado o Museu da Cidade, também no Rio, tendo sido roubados 11 objetos do século 19 com detalhes em marfim, prata e ouro. O valor artístico e histórico dos roubos é incalculável. Entre um e outro assalto 12 favelas do Rio foram tomadas por 1500 homens do Comando Militar do Leste. Vinte militares de Goiânia e Brasília chegaram ao Rio para organizar a vinda de outros 800 homens de suas guarnições. Foi anunciada uma força tarefa do Exército e da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro para integração de suas unidades operacionais e de suas áreas de inteligência. Participaram do esquema de apoio 270 policiais, conforme informaram os jornais.
Não, não, você se enganou.
Todo esse aparato militar, não foi para resgatar as obras de arte. Foi, sim, para encontrar dez fuzis, uma pistola e uma boa porção de auto estima roubados do Estabelecimento Central de Transportes do Exército.
Torci para que por um descuido ou acaso nossa força tarefa tropeçasse num Dali, num Picasso, num sabre de marfim ou, talvez, numa bengala de ouro do Império. Mas, nada, não dei sorte.

terça-feira, março 21, 2006

Quem diria, Alfredo acabou num blog

O namoro é antigo. Ter um palanque é tentação que não se segura. Tentei mas perdi e aqui estou eu começando um novo vício. Deixei de fumar faz uns oito anos e espero agora me reencontrar com o privilégio de ter um vício. Um vício que valha a pena. Poder escrever a qualquer hora contra um político, por exemplo. Tem coisa mais saudável, mais gratificante? Encher o saco de torcedor de futebol, de crítico musical, de colunista social. Meu Deus, já estou achando isto aqui um paraíso. Serra me aguarde! Severino Cavalcanti e todo o município de João Alfredo em Pernambuco me aguardem! Aliás taí um boa proposta para estrear um blog: vou lançar a "Marcha sôbre João Alfredo em defesa da moralidade política no Brasil"!!!! Vamos pegar no pé dos eleitores do Severino Cavalcanti e não permitir, em nenhuma hipótese, que joguem seus votos no lixo reelegendo esse fulano que fugiu da cassação por dar um toco no concessionário do restaurante da Câmara, renunciando ao mandato que esses mesmos eleitores lhe confiaram. João Alfredo, acordai !!!!!!! Ou lhes acordaremos nós ! Avante, pois !