Meusditos

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Local: Varanda em Pernambuco

domingo, abril 27, 2008

Barbáries musicais!

Está havendo uma reunião no prédio ao lado. De jovens , imagino, mas não identifico a espécie.

Gritam, pulam, ululam sem nenhum motivo aparente. Um punhado desses indivíduos toca instrumentos que nas mãos certas seriam musicais.

Tenho curiosidade de assistir a uma dessas performances. O baterista, seguramente, deve ser o chefe do grupo. Maltrata o ritmo, a música, e, na sua frenética apresentação, acaba com os outros.

Não que façam grande falta mas, pelo menos, ficariam com jeito de conjunto, ou melhor, de um conjunto de barulhos.

Imagino, sempre, a cara do baterista. Deve ser daqueles, em transe, que mordem a língua de um canto ao outro da boca e, no final, exaurido, entra em colapso, para alívio geral.

Mas a platéia comemora. Pior é o bando de filhotes que correm emitindo ruídos histéricos, agudíssimos, a tal ponto, que após algumas horas devem ter sido amordaçados. É estranhíssimo.

E eu, quanto otimismo, querendo ouvir o CD “Altemar Dutra e Convidados” que baixei do blog do Bruno, o http://www.sombarato.blogspot.com/.

Amanhã eu ouço. Em paz.

sábado, abril 26, 2008

Mantra para uma cinquentona


Seja a Cris, seja feliz!

terça-feira, abril 22, 2008

Não, não pode ser assim!

Esta foto é emblemática. Uma mulher assassinada, cadáver fresco na rua e as crianças brincando na piscina e posando para o fotógrafo do jornal.

Nunca vi, de maneira tão escancarada, a banalização da violência no país.

Com que tipo de horror essas crianças vão se comover? Será que ainda se comovem? O que esperar dessa meninada que cresce com a morte ao lado?

Outro dia conversava com amigos sobre o vacilo de alguns que por um motivo menor acabam jogando suas vidas no lixo. Como os tais mulas no tráfico de drogas. Para ganhar uma merreca, em momento de desespero, tentam o pulo do gato. Pegos em flagrante vão para trás das grades viver uma vida de terror. Nunca mais voltam a ser os mesmos.

Pensei melhor e contra argumentei que talvez para o criminoso a vida na prisão não seja tão diferente da sua vida fora dela. Os companheiros são os mesmos, os mesmos problemas, o mesmo ambiente, a mesma desesperança.

Quantas vezes você já não assistiu à telejornais apresentando assassinos que encaram a câmera com o prazer de serem os artistas da hora? Parecem mesmo orgulhosos de começarem, enfim, sua vida no crime. Um novo status!

Esta foto foi publicada no Jornal do Commercio de ontem. Espero que não retrate o Brasil de amanhã!

segunda-feira, abril 21, 2008

E afinal, é o começo ou o fim?


O cerco vai fechando.
No princípio você não nota,
Vai levando.

Um dia um tropeço,
Um esquecimento,
Um fim sem começo.

Nota o andar, o respirar,
Emoções sem sentido,
Vontade de recomeçar.

Mas o cerco fechando
Oprimindo,
Não dá para ir levando.

Percebe com clareza
O começo do fim,
Com certeza.

O que há em mim?
Nada,
Só começo com fim.

sábado, abril 19, 2008

Morbidez grotesca!

Não encontrei outras palavras para descrever esse show nacional de cultura de big brother do assassinato da menina em São Paulo.

É a cultura do folhetim, da tragicomédia barata potencializada por busca frenética de audiência desqualificada de uma desqualificada mídia.

A tragédia de uma família torna-se espetáculo mórbido com direito a apoio logístico, isolamento policial e até instalação de banheiros químicos em frente à delegacia onde os acusados depuseram, para conforto dos urubus ensandecidos de plantão.

Por pertinente e instigante, cito afirmativa do professor de Psiquiatria Clínica e Social pela Universidade Federal Fluminense, Álvaro Acioli:

“As ciências humanas não conseguiram descobrir ainda as vacinas cívicas capazes de neutralizar as tendências mórbidas do homem, o que torna praticamente impossível controlar a morbidez social epidêmica.”

sexta-feira, abril 18, 2008

Os tecno-farofeiros.

Como não sou chegado a desperdícios, vou publicar esta postagem pela foto.

Afinal fiz uma pesquisa para a postagem anterior e uma das idéias que me surgiram foi a nova leva de farofeiros, os farofeiros espaciais, os tecno-farofeiros, que vão deixando lixo pelo espaço.

Gente que apesar dos intensos e rígidos treinamentos pela vida afora, ou talvez por isso mesmo, no fundo, continuam aqueles caras que lotam o carro no fim de semana para ir à praia com sogra, papagaio e o esquimbáu.

Lógico que no espaço existem limitações, mas a alma da farofa acaba se revelando.

O astronauta da foto é o americano James Voss, engenheiro aposentado do Exercito dos Estados Unidos. Veterano, participou de cinco missões espaciais. Morou por cinco meses e meio na ISS, a International Space Station, onde foi tirada essa foto. Nasceu em Cordova no Alabama mas considera Opelika, também no Alabama, sua cidade natal.

A primeira coisa que me chamou atenção no tiozão, foi ter nascido em Cordova. A segunda, e muito mais intrigante e engraçada, é fazer questão de dizer que considera sua cidade mãe Opelika. Só podia mesmo ficar com cara de abestalhado brincando com maçãs flanando pela estação.

Olhe bem, veja se o tigrão, coxa branca, não é o próprio farofeiro que extasiado com uma praia tipo Copacabana ou Boa Viagem, vai tomar todas, se queimar como pimentão e rolar na areia como o mais legítimo camarão empanado.

De Opelika, cruz credo, para os trópicos, a farofa é universal!

quinta-feira, abril 17, 2008

Linda imagem, não é? Pena que é lixo.


Desde 1957, quando foi lançado o primeiro satélite artificial, até janeiro deste ano, cerca de 6 mil satélites já foram enviados para a órbita terrestre. Somente 800 estariam ativos. O resto é lixo que junto com restos de aeronaves espaciais quebradas, que explodiram ou foram abandonadas formam esse incrível cinturão de dejetos espaciais ao nosso redor.

Pesquisadores americanos acham provável que em 15 anos não mais será possível realizar operações em órbitas mais próximas da Terra, devido á, digamos, poluição.

Somos ou não somos fantásticos?

Nós humanos somos capazes das maiores barbaridades, desde espancar a mãe no leito da morte até jogar a filha do alto de um prédio. Porque não seríamos capazes de terminar com o mundo?

O camarada joga lixo na calçada em frente à sua casa, joga televisão velha nos rios, urina pelos postes e defeca nos mares. Porque não transformar o espaço em lixeira?

Anos atrás, numa reunião musical em um apartamento no Rio de Janeiro, frente para a Lagoa, com uma vista privilegiada da cidade, um fumante olha pela varanda, atira seu toco de cigarro e exultante exclama “é o maior e mais bonito cinzeiro do mundo!”

Está na nossa índole. Somos farofeiros inatos, os mais eficientes dos predadores, não há animal com tamanha capacidade de destruição como a nossa. Roubamos merenda escolar, remédio para câncer, pensão de moribundos.

Porque não jogar lixo no espaço? Pelo menos sai bem na foto!

domingo, abril 13, 2008

O rádio, lembra?

Minha primeira lembrança do rádio é a de um jogo de futebol, não lembro qual, que ouvi na casa de minha avó. A segunda foi ouvir a notícia do suicídio de Getúlio Vargas.

Se não me engano a próxima voou no tempo e foi para a vitória do Brasil sobre a Suécia em 1958.

Em 1963, a morte de Kennedy. Em 64 a transmissão ao vivo do golpe militar com Lacerda resistindo aos contra e Brizola ameaçado pelos prós.

A partir daí tenho a impressão que a televisão assumiu. Rádio, para mim, só ouvia no carro.

Hoje em dia com MP3, CDs, DVDs, internet, TV digital, celulares 3G, Ipods e outras porongas mais, o rádio ficou meio esquecido em matéria de música.

Acontece que qualidade não sai de moda. Nem mesmo no rádio frente às novas mídias. É quase inacreditável mas o melhor lazer no fim do dia, para mim, é o programa de música popular brasileira da rádio Tribuna FM, a Tribuna MPB, às seis da tarde.

Não bastasse o repertório eclético e de primeiríssima, a mixagem das músicas é, normalmente, nada menos que magistral.

Em Pernambuco é a 107,9 no dial. Confira e aproveite.

sábado, abril 12, 2008

Dia D de "deixa prá lá".

Parece que hoje é o "dia D" de combate à dengue aqui em Pernambuco. Terá início uma série de atividades com o propósito de divulgar como evitar a doença e ajudar as autoridades sanitárias a localizar focos de prováveis criatórios do mosquito.

Anos atrás recebi a visita de uma simpática funcionária da secretaria da saúde de Jaboatão que veio verificar se aqui no apartamento onde moro havia foco de dengue.

Justíssimo, mas pensei que fosse brincadeira. Pedi a ela que fosse à minha varanda e apreciasse a paisagem. "Linda, não é? Maravilhosa, respondeu.

Agora me faça um favor, olhe aí para baixo, para a rua e para esses terrenos baldios em frente. Nesse da esquerda, com aquela piscina aterrada, mas não por isso, sem poças de água, vive um casal e alguns cachorros. Tanto na frente como na pequena área atrás é uma lixeira só, com garrafas, poças, trecos em geral.



Aprecie este terreno em frente, com essa pequena construção já completamente destruída. Com qualquer chuva a água empoça e dá-lhe larva do "aedes". O mesmo acontece nas ruínas do terreno à direita.



Que tal, senhora, vamos verificar meu banheiro, agora? Quem sabe não guardo lá um pneu velho com água do chuveiro?

Tudo em ordem com meu banheiro? Voltemos à varanda, então. Veja esse prédio aqui do lado direito. Beleza de edifício, beira mar, cada apartamento vale de R$ 600 a R$ 700 mil! É, senhora, coisa de gente fina. Agora, veja a laje da marquise do prédio. Duas enormes poças d’água que ficam ali por meses, anos até.


O mais incrível é que só moram no prédio, endinheirados em geral, altos executivos, empresários, e imagine você, até um desembargador! Um desembargador boa praça que foi meu companheiro de caminhadas pela praia e com quem já conversei a respeito das poças. Ficou admirado, e tomou uma providência. Dia seguinte, um funcionário subiu na marquise e secou as poças. Durou pouco. Na próxima chuva lá estavam elas de novo.
Olhe bem, senhora. Do terraço da suíte master do primeiro andar dá para pegar larvas com a mão. Como é possível que alguém que mora em tamanho luxo seja analfabeto sanitário a esse ponto? Só falta se banhar na marquise. É espantoso, não é?


Faça-me um favor, senhora. Volte sempre que quiser, terei prazer em recebê-la."

As fotos que ilustram este “meudito” não foram tiradas anos atrás quando da visita da gentil senhora. Foram tiradas ontem em homenagem a mais um dia do “deixa prá lá”!

sexta-feira, abril 11, 2008

Os profissionais e os babacas.

Toda vez que deputados pedem reajustes me dá um frio na espinha. Agora querem uma atualização da verba de gabinete que é somente de R$ 53 mil para cada um. É para seus funcionários, dizem. Vá lá, apesar de apaniguados nomeados sem concurso, também são filhos de Deus e um reajustezinho não faz mal a ninguém.

Salvo engano, além da verba de gabinete, os deputados recebem R$ 16 mil de salário, R$ 4,2 mil para despesas de correio e telefone, R$ 3 mil de auxílio moradia e mais módicos R$ 15 mil de uma tal verba indenizatória para despesas gerais comprovadas, geralmente, com notas frias. E, não vamos esquecer os 15 salários. Salvo engano maior, parece que essa conta vai a R$ 800 milhões por ano.

Precisamos considerar também que o batente é de terça à quinta. O prolongado fim de semana é para contatos com a “base”. Tendo a considerar que a “base” em ano não eleitoral são os amigos, a família e agregados. Sem contar que como temos no Brasil eleições a cada dois anos, a cada biênio há um recesso branco de seis meses para que os nobres deputados possam garantir seus empregos no futuro. Ou seja em cada legislatura de quatro anos, um é dedicado às campanhas.

É como se você, empregado, a cada dois anos tivesse uma licença de seis meses para distribuir currículos e procurar melhores oportunidades no mercado de trabalho.

Tudo bem, digamos que é o preço da democracia e afinal “a gente somos democráticos”, como diz nosso presidente. Mas veja bem.

O porteiro do seu prédio você sabe o que faz: recebe pessoas, anuncia visitas, abre portas, recebe correspondências. Com um gari é a mesma coisa. Você o vê varrendo a rua, recolhendo lixo. Se deixam de fazer seus serviços você imediatamente os repreende, quando não, sumariamente, os dispensa. Agora, e um deputado, você sabe o que ele faz?

Em tese deveria propor leis, fiscalizar o executivo, representar seus eleitores buscando melhoria em suas vidas, modernizar o estado e os serviços públicos, enfim apresentar trabalho intelectual, que infelizmente já é difícil de ser percebido pela a maioria dos brasileiros. Isso, quando executado, o que não vem a ser o caso das últimas legislaturas.

Só tomamos conhecimento de brigas intestinas, busca de privilégios, corrupção, corporativismo e fofocas de eleições. Nada mais. Legislar não legislam visto que o executivo administra por Medidas Provisórias que lotam e empacam a pauta do Congresso. Fiscalizar não fiscalizam pois vivem pendurados no saco do executivo a procura de cargos.

E representar o eleitor, nem pensar. Já na posse deixam de ser servidores públicos e passam a ser “otoridades”. Não se metam os eleitores a cobrar serviço. Ponham-se no seu lugar e tenham respeito!

Pense bem, o que fez seu deputado federal até hoje? Quantos projetos de lei apresentou e aprovou? De quantas comissões faz parte e quais suas contribuições nelas? Que melhorias propôs para as instituições nacionais? Vou facilitar, quais informações você tem do trabalho de qualquer deputado?

Difícil de responder não é? Pois é com isso que eles contam, com nossa apatia, omissão, desinteresse e esquecimento. Nisto são profissionais e nós os babacas de sempre.

terça-feira, abril 08, 2008

Fuxico

Dizem as oposições, e grande parte da mídia, que Lula jogará o peso de sua popularidade nas próximas eleições municipais para, com retumbante vitória de aliados, ratificar a aprovação de seu governo e colocar em pauta todo e qualquer projeto que desejar, principalmente, o de mudança da constituição para possibilitar seu terceiro mandato.

Sou mais inclinado a concordar com a posição do milionário consultor e influente blogueiro, Zé Dirceu, que Lula não perderá a chance de sair do poder no topo da popularidade. Mais tarde, quem sabe...

Acontece que para outubro de 2010 ainda faltam dois anos e meio. Em calendário eleitoral é uma eternidade. Fossem hoje as eleições as opiniões seriam mais confiáveis. Não podemos nos esquecer da possibilidade de um cenário econômico não tão cor de rosa no futuro mediato, com recessão nos EUA e preços das commodities mais voláteis.

Não podemos, também, esquecer alguns personagens no entorno de Lula como o Mantega e sua turma no IPEA, os neo lulistas Belluzzo e Delfim, costumeiros perdedores de planos milagrosos e a companheirada do PT. Existe o risco de, até 2010, termos tempos bicudos.

Não que a popularidade do Lula corra grande perigo nos grandes números. Os bolsistas-família continuarão apoiando o paizão. Mas a classe média, a banca, empresários, a mídia, setores que contam na hora da pressão podem nublar o atual céu de brigadeiro.

Se este for o caso tenho convicção de que o Lula tem um plano B magistral. Sem condição de se reeleger ou eleger com sua popularidade um poste, como disse certa vez ACM, não apoiará usados e velhos caciques da política, seus contemporâneos. Seu ego não permite. Muito menos um aloprado qualquer do PT.

Velhos caciques, realmente com poder, não existem mais. O último dos moicanos é ele próprio. Os seus companheiros de PT são, salvo pouquíssimas exceções, absolutamente incompetentes ou corruptos, ou ambos. Ele sabe disso. Abrem-se, portanto, oportunidades para a nova geração.

Não é coincidência Aécio Neves procurar aliança com o PT em Minas para eleger um candidato comum, do PSB, para a prefeitura de Belo Horizonte.

Também não são acaso os afagos e as verbas federais aos governadores Eduardo Campos, de Pernambuco, e Sérgio Cabral, do Rio.

Menos acaso, ainda, é ficar acenando com a candidatura extemporânea da rude e sem currículo, Dilma Roussef. Não passa de um boi de piranha.

Lula precisa tempo para ajeitar as coisas, determinar suas condições, resolver seu futuro e de seus amigos, precisa enfim do que fez a vida inteira, tempo para negociar.

Saído da presidência não quer aporrinhação com investigações, CPI, TCU. Quer sossego e, se possível, poder.

É hora e vez de derrotar qualquer pretensão paulista, encarnada no Serra. Chega de paulistas, diz ele, mesmo sendo ele mesmo paulista de coração. Mas no jogo do poder vale tudo. Voltará a ser nordestino.

No tempo certo contará com três peças decisivas no tabuleiro eleitoral. Dará o xeque mate com uma dupla imbatível: Aécio, presidente, Eduardo, vice com apoio de Sérgio Cabral.

É empurrar bêbado ladeira abaixo, tirar picolé de criancinha, é sopa no mel, e até breve!

domingo, abril 06, 2008

Danado, esse tal de Ceará!

Os que me conhecem sabem que não sou de fácil trato. Sou meio enjoado. Mas o Ceará, desde que aportou em Piedade, contou com minha simpatia.

Cearense, mudou-se para Guarulhos em SP e foi à luta. Diz ele que naquele tempo havia emprego farto para quem não temesse o batente. Seu primeiro trabalho foi numa tecelagem. Fez de tudo um pouco. Foi se acertando e acabou comprando um pequeno sítio onde criava porcos.

Casou-se com Genilda, uma viúva pernambucana. Têm dois filhos, Lucas e Jaqueline.

De repente, parece que as coisas por lá desandaram. Após o segundo assalto a seu pequeno comércio, sua mulher deu um basta e pediu para mudarem para Pernambuco. Aportaram na praia de Piedade. Compraram um ponto e montaram barraca. Foi quando os conheci.

Sempre muito ativo, batalhador, logo percebeu que nos dias de semana o movimento era fraco na praia. Comprou uma catraia de dois metros por um e saía para pescar a uns duzentos metros da areia. Sempre voltava com umas bicudas, eventualmente uma pescada e muita palombeta, um pequeno peixe prateado, ótimo tira gosto. Ia tocando a vida.

Um dia diz “seu Alfredo, comprei um barco, com motorzinho”. Danado esse Ceará. Com sua pequena jangada com motor de popa passou a se aventurar mar a dentro para pescar num canal profundo que vem de Barra de Jangada até o mar em frente à igrejinha de Piedade.

Lá a pesca já é de outro porte: cavalas, serras entre tantos. Pesca-se em menor quantidade, mas em maior peso e qualidade. Só tem um senão: é o trajeto dos tubarões em busca de alimento.

Ceará não gosta quando eles passam próximos ao barco, mas quem gostaria? Quis o destino enriquecer sua história. Um tubarão lixa de 1,60 m pesando quase 50 quilos ferrou seu anzol. Mais que o tubarão, Ceará não rejeita briga. Pegou o bicho na linha.

Com o bicheiro quebrado para puxá-lo para o barco, ficou com o tubarão boiando ao seu lado por quase duas horas, até pedir ajuda a outro jangadeiro que passava por perto. Laçaram o peixe e levantaram.

Quando levava o troféu para casa, dá de cara com uma equipe da TV Globo que filmava um pagode no Jardim Piedade, onde mora. Foi para o ar no telejornal local do meio dia.

Não é que o Ceará, esse danado, teve seu dia de global?

sexta-feira, abril 04, 2008

Idéias!

Perguntado, certa vez, qual seu processo para ter novas idéias, Einstein respondeu que não tinha nenhum processo, mesmo porque, só havia tido uma. Já são duas, uma, a Teoria da Relatividade com seus fabulosos desdobramentos e outra, o humor da resposta.

No nosso cotidiano é raro mas, vez por outra, ainda surgem boas idéias, que realmente valem a pena. Semana passada, de tanto reclamar do meu PC, meu filho me presenteou com seu laptop antigo, já que comprara um novo. O antigo dele dá de dez no meu PC e veio com uma garantia e com um seguro, espetaculares, de atendimento gratuito em casa, tudo pago, serviço e peças.

É assim que a Dell Computadores vende seus produtos. Você pode optar por seguro e garantia por até 3 anos. É o fim daquele inferno de desligar todos os cabos do PC, carregá-lo até o técnico, aguardar orçamento e depois de uma semana ter de ir buscá-lo de volta e religar todos os cabos novamente.

Tive um pequeno problema com o teclado do laptop, a letra Q estava travada. Liguei para o 0800 da Dell, fui exemplarmente bem atendido, no dia seguinte me ligou seu representante em Recife para agendar a visita do técnico que veio e, em dez minutos, trocou o teclado por um novo. Fiquei estupefato e admirado, como matuto olhando o mar.

Perguntei-me porque tudo não é assim? Você quando compra uma engenhoca qualquer, na verdade, você está comprando o serviço que ela presta e não circuitos impressos que não tem por si nenhum valor para o usuário.

A esse respeito li uma crônica do físico Marcelo Gleiser em seu livro “Micro Macro 2” muito interessante. Diz ele que apesar da influência cada vez maior da física e da ciência na vida do cidadão moderno, o nível de conhecimento científico está diminuindo.

Todo mundo adora objetos de consumo como DVDs, celulares, acesso a internet, TVs com alta definição, mas a base científica desses objetos, o fato de serem conseqüência das leis da mecânica quântica, da estrutura atômica da matéria, da teoria da relatividade, fica esquecido frente à euforia da posse! O que é natural, dada a complexidade que a ciência atingiu.

Mas considerar o objeto como uma caixa preta, um mistério intransponível, tem conseqüências sociais mais sérias. Para não cansar, cito a mais óbvia que é o aumento da religiosidade fundamentalista. Como os índios de antanho. Por desconhecerem as causas do trovão, temiam-no como castigo dos deuses.

Mas, voltando à vaca fria. Mesmo neste sentido de desmistificar a máquina, a visita do técnico é boa. Cria-se certa intimidade entre você e a máquina, você passa a não “temê-la” e olhá-la, no máximo, com curiosidade o que é sempre um bom começo para a aprendizagem.

Resumindo. Se você vai comprar um novo desktop ou um laptop, opte por um Dell. Vale a pena. Se quiser um livro de textos inteligentes compre o livro do Gleiser. É da Publifolha.

Para terminar, estamos em época de caquis. Estão deliciosos, não perca!

quinta-feira, abril 03, 2008

Perigo! Burocrata ocioso!

Só há uma coisa pior do que um burocrata: um burocrata ocioso. Tá certo, na maioria dos casos a afirmação é uma redundância, mas vamos livrar a cara dos 0,01% que são exceção.

Como não têm nada para fazer e precisam mostrar serviço é aí que mora o perigo. Começam a criar regras, normas, parágrafos, alíneas e o cacete a quatro para aporrinhar o cidadão, que por ironia do destino paga o seu salário.

Quanto mais alto seu cargo na hierarquia do funcionalismo, pior. Numa penada de fim de tarde, doido para tomar um chope mas tendo que voltar para casa para a festa da sogra, torna-se uma verdadeira bomba engatilhada, prestes a explodir no colo de empresários e empreendedores em geral. Sim porque sua frustração em não agregar valor nenhum a coisa alguma torna os que fazem e contam seus alvos prediletos. E tome normas.

Vou dar um exemplo recentíssimo. O Mantega, que quer a todo custo ser ministro da fazenda, teve a incrível idéia de proibir prazos longos em financiamentos de automóveis, geladeiras e que tais. Tomou um pé no saco do Lula, que é tudo menos imbecil, e teve de abortar a idéia.

Para não ficar muito chato, teve a arrogância de chamar banqueiros para uma reunião onde daria “orientações” para diminuir o prazo dos financiamentos concedidos pelos bancos. Imagino a gargalhada geral dos convocados ao deixar o ministério após a reunião. Devem ter rolado de rir e deixado o Mantega piscando mais do que cu na reta.

Pior, quando os abençoados resolvem tutelar o mundo, o que é muitíssimo comum. Do alto de suas sapiências resolvem criar regras para proteger o “cidadão, coitado, esse incapaz”. Só dá merda.

O bom burocrata, por definição, não foi treinado para pensar. Carimba aqui, rubrica ali, confere acolá, memorandos de montão, e assim vai levando sua triste sina. De repente resolve ler uma pesquisa sobre acidentes de trânsito nas estradas. Prá quê!

Com sua miopia funcional, sua primeira reação é “o que vamos proibir?” Baixa-lhe a criatividade dos bloqueados inatos e resolve proibir a venda de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes à beira de estradas. Beleza de idéia, comemora! Já que tantos acidentes são devidos a motoristas alcoolizados nas estradas nada mais óbvio, para ele, do que proibir a venda de bebidas nos restaurantes às margens de estradas federais.

Dia seguinte tiozinho, religiosíssimo, mas não por isso menos apreciador de uma caninha, resolve ir rezar em Aparecida do Norte. Como de costume pega um ônibus e lá vai ele contente rezar um terço para a padroeira.

Já devidamente rezado, enquanto espera pela partida do ônibus de volta, vai ao seu boteco de sempre tomar uma, depois de entornar um dedinho pro santo. Surpresa! “Camarada, os caras lá de Brasília proibiu nóis de vender bebida aqui, beira de estrada federal”, parecia o Lula se explicando.

Tiozinho endoidou, “puta que os pariu, que eu tenho a ver com isso? Vim de ônibus, pôrra, quem não pode beber é o motorista, caralho! Indignou-se! De que adiantou? Nada e ainda por cima, pelos impropérios, ficou mau com a santa.

Veja você a grande cagada que um burocrata pode causar. Várias estradas federais cruzam cidades e os bares e restaurantes em sua beira estão em zona urbana. Os donos dos negócios dependem da venda de bebida, atividade, aliás, mais do que lícita. E o cidadão se quiser entornar todas até cair de quatro que entorne que ninguém tem nada a ver com isso. Não pode é dirigir alcoolizado o que cabe ao poder público fiscalizar e autuar quando for o caso.

O que definitivamente não pode é o estado querer transferir o problema para o empresário que vive de vender comida e bebida e não como polícia rodoviária ou fiscal.

Já que estou no assunto vou atacar outra idéia que os burocratas adoraram: proibir fumar em bares e restaurantes. Não tem o menor cabimento. Não adianta vir com aquele argumento babaca que no mundo todo estão fazendo isso. Pois o mundo todo está errado. Não, não estou me achando o sabe tudo, não. Me dêem a chance de explicar.

Sou visceralmente contra o estado tutor, o estado que quer resolver por mim ou por quem quer que seja. Eu resolvo por mim. Se quiser fumar, fumo e priu.

Que não se possa fumar em locais públicos fechados vá lá, mas com uma ressalva. Lugares públicos de serviços públicos aos quais o cidadão não tem outra opção como elevadores, transportes em geral, repartições públicas, muito bem. Até mesmo shopping centers, desde que tenham fumódromos para garantir o direito, também, dos que fumam.

Agora querer proibir o fumo em bares e restaurantes, aí já é demais. O empresário tem o direito de escolher o público que quer atender. Se quiser atender fumantes que se lhe obrigue colocar um aviso dizendo que “neste estabelecimento é permitido fumar”. Quem quiser que entre. Se eu, não fumante, me incomodo com a fumaça do cigarro e com seus malefícios, ao ler o aviso, não entro, procuro outro lugar onde, por opção do proprietário, é proibido fumar. Ninguém é obrigado a ir a um bar ou restaurante. A lógica vale também para os funcionários.

Tudo muito simples e garantindo aos cidadãos o direito inalienável de decidirem por suas vidas, por seus hábitos e opções.

Se eu fosse um burocrata, para resolver esse problema, iria sugerir que se criassem tantas e tão complicadas regras e leis que aos burocratas não sobrasse tempo para a ociosidade. Como não sou e abomino a idéia de alguém me ditando regras, proponho o contrário. Simplifiquem-se as leis de tal maneira que o número de burocratas tenda a zero.

Viveremos melhor!