Meusditos

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Local: Varanda em Pernambuco

quinta-feira, abril 20, 2006

Aqui ó


Palavras de Miguel Reale Filho ditas em pequena entrevista da última Veja:

”Creio que a população brasileira se cansou da reiteração dos diversos episódios de corrupção a que assistiu: houve Collor, anões do Orçamento, Severino Cavalcanti e onze meses de crise do mensalão. Tudo isso leva a uma crescente descrença na política e a uma ausência de mobilização – o que, a meu ver, é um fenômeno extremamente perigoso.

Porque, se tudo o que está ocorrendo não tiver como resultado um impeachment nas urnas, isso gerará no grupo que tomou o poder a sensação da onipotência e da impunidade. Se Lula for eleito depois de todos esses fatos, nós não estaremos dando uma carta-branca para que um autoritarismo desbragado tome conta do país? Não estaremos emprestando nossa anuência a tudo o que aconteceu? Temo o que possa vir depois disso.”

Com todas as denúncias apuradas até agora Lula ainda tem quase 38% na preferência de voto nas pesquisas. São os lulalélés, eleitores não arrependidos de Lula.

São, no mínimo, de três tipos: o alienado, que se nega a debitar ao Lula a festa da uva em que se transformou o Brasil, o empedernido petista que releva a roubalheira geral justificando com argumentos brilhantes como “ é são ladrões, mas são os nossos ladrões” e o da boquinha.

O alienado, Lula tira de letra. Basta fingir que nada é com ele, papel que desempenha com brilhantismo. Paira olimpicamente acima das mundanas acusações. O alienado não lê, não se informa e no máximo assiste distraidamente o Jornal Nacional da Globo contrariado por intervalo tão longo entre suas novelas. No JN Lula está sempre discursando sobre o melhor governo que este país já teve nos últimos quinhentos anos levando bolsa família para mais de nove milhões de famílias no maior programa de distribuição de renda do universo! Sem vírgulas, num só fôlego!

Vendo-o tão retumbante, o alienado é incapaz de relacioná-lo com os crimes apresentados a seguir, se é que a essa hora já não se levantou impaciente para ir fazer xixi se preparando para Belíssima. Por economia de neurônios, seu ouvido só capta frases feitas e manchetes. Por isso o alienado é alvo perfeito para os chavões populistas.

Para ele somente um Lula amargurado, arrependido, acabado, se entregando às algemas o levaria a desconfiar que talvez seja culpado. Mas se aos prantos Lula pedir perdão, perdoará no ato, incontinente.

Com o empedernido petista, Lula não precisa nem se preocupar. Ele é conivente com o saque. Como disse cinicamente o ator Antônio Fagundes com orgulho “somos novos no poder, somos ladrões mais fresquinhos”. Quando chamados à razão desfilam as mais pobres teorias da conspiração com discurso hoje restrito a maquinações de difusas elites já que não mais podem clamar contra os banqueiros, juros e FMI.

O da boquinha não é somente eleitor, é cabo eleitoral por motivos óbvios. Ele é parceiro, companheiro no assalto. Nestes três primeiros anos somente na administração federal Lula criou 37.000 empregos. Fora o aparelhamento de todas as estatais e cargos federais. Sem contar também com os mensalões, mensalinhos e tocos dos mais variados tipos.

Lula em três anos e pouco provou sua antiga tese de que a Câmara é um punhado de 300 picaretas. Conseguiu como ninguém nivelar por baixo a política no Brasil. Mostrou que a lama é seu reino e aí se chafurda governando bem a vontade. Tornou evidente a desimportância dos deputados e senadores para gerir o país. No último affaire do orçamento escancarou a sem vergonhice dos políticos que chantagearam por favores e a sua e de seus ministros que concederam o resgate.

Por essas e outras nas próximas eleições aqui para vocês, ó!

Já que comecei com uma citação, termino com outra, lembrando o poema “No caminho com Maiakovski” de Eduardo Alves da Costa do qual transcrevo parte:

“[...]”.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]"

quinta-feira, abril 13, 2006

Conselho Marítimo

A caminhada na praia pela manhã não só é muito agradável como reserva boas surpresas.

Nesta época de água mais quente é comum se observar cardumes de sardinhas, botos, camurins e camurupins. O mar fica repleto de pequenas jangadas e catraias com pescadores ganhando o dia. Pescam muita bicuda, peixe de carne branca e bem macia. Já comprei algumas na beira mar que foram direto do mar para o forno. O preço é assustador variando entre R$ 2,00 e R$3,00 o quilo.

Pombos em revoadas o que, apesar da graça, não me agrada a companhia. Outro dia vi pousado na areia um grande e belíssimo gavião. Comia um resto de peixe para sorte das pombas e minha frustração.

Mas o animal mais surpreendente continua sendo o homem. Tem de todos os tamanhos, tipos, cores e credos. Só não tem um tipo, mulher bonita. A impressão que tenho é que aqui em Jaboatão dos Guararapes tem uma lei municipal proibindo o acesso à praia às bonitas, ou mesmo às razoáveis. E pior não multam as dragonas que desfilam seus corpanzis à céu aberto. Nada mais feio que madame de fio dental. Fio, não, faixa porque o fio sumiria por suas reentrâncias.

Após a caminhada os espécimes amigos vão se reunindo no sagrado banho de mar. É o famoso Conselho Marítimo apelido cunhado por aqueles que sempre atrasados para o trabalho se justificam dizendo terem ficado presos no Conselho o que além de emprestar uma certa importância ao delinqüente lhe protege de qualquer reprovação. Os conselheiros são de variadas atividades e profissões: empresários, consultores, comerciantes, fazendeiros, jornalistas, políticos, todos com uma indisfarçável tendência ao mais descarado e prazeroso ócio.

O Conselho é formado somente por seres do sexo masculino e se reúne entre 6h e 7h da manhã. Quando a mais recente cagada do Lula e asseclas requer, estica-se o prazo por mais dez ou quinze minutos até que não sobre ministro sem ofensa grave.

Ao lado do Conselho, em outro círculo, à distância segura, reúne-se o Jardim da Menopausa que como o nome indica trata-se de um cardume de peixes-boi fêmeas, protegidas da extinção por sua própria aparência que lhes garante não serem comidas por ninguém, mesmo de outra espécie.

Mas ontem a surpresa foi geral.

Juntou-se ao Conselho ninguém menos do que Herodes. É, ele mesmo o rei da Judéia. Justamente agora na semana santa veio nos cumprimentar porque estava de partida para Israel. Vai visitar o filho, o filho dele lógico.

Germano Haiut se define artista de dia e ator à noite. Judeu, bom papo, simpaticíssimo, de dia é comerciante dono das lojas Spelunka. À noite, ator, já foi Herodes na encenação da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém a 180 km de Recife.

Boa Páscoa!

segunda-feira, abril 10, 2006

Segunda-feira, graças a Deus

Domingo amanheceu chovendo. Má notícia para quem, como eu, acorda com a expectativa de uma boa caminhada pela praia e um belo banho de mar.

Fiquei em casa e comecei a ler a Gazeta Mercantil de sexta. Na Gazeta sempre dá para você peneirar boas notícias.

Veja esta: serão negociados este ano no país 40 milhões de celulares e o total estimado de usuários baterá em 103 milhões! É uma boa notícia, ou não? Outra: o Brasil é líder em crédito de carbono com 37 projetos aprovados pela ONU, nove a mais que a Índia e longe da China que só aprovou sete projetos. Em 2007 o Brasil poderá movimentar U$ 1,3 bilhões com a venda desses créditos! Que tal? Mais: pacote de R$14 bi para aliviar crise na agricultura! Epa! Espera lá! Acendeu a luz amarela! Crise? Parei de ler a Gazeta e abri a Veja na internet.

A capa é com aquela menininha loirinha, sardentinha que abriu a porta do quarto de seus paizinhos que dormiam para que seus amiguinhos os matassem a golpes de barra de ferro! Pulei a matéria.

Caí na do Ministro da Justiça que foi à casa do ex da Fazenda para, com seu advogado, orientá-lo nos procedimentos que deveria adotar para se livrar da acusação de quebra de sigilo bancário e outros que tais. Acho que não entendi direito: o Ministro da Justiça do Brasil foi orientar o criminoso a se defender de seu crime? Em vez de voz de prisão oferece colinho?

Pulei para o Diogo Mainardi. Não, não dá. Bacanal com as meninas da Corner na Granja do Torto! Chega. Fui andar na praia debaixo de chuva, mesmo. Esfria a cabeça.

Volto correndo. Um tubarão banqueteou-se com a panturrilha de um caminhoneiro catarinense que se banhava no mar da minha praia. À tarde liguei a TV. O Sport foi campeão em Pernambuco. Eu sou Náutico!

A segunda-feira me redimiu. Levantei às 5h30 com um sol maravilhoso prateando a água de um mar calmo e sem vento. Caminhei e junto com amigos tomamos um delicioso banho de mar conversando merda.

Esta segunda promete!

quinta-feira, abril 06, 2006

Brasília, urgente

Até o fechamento desta edição continuava a rebelião no Cadeião da Ética em Brasília desencadeada pela liberação do elemento José Carlos Cunha para o banho de sol no plenário da Casa.

O diretor da unidade, Ricardo Izar, negocia com os rebelados para que aguardem com calma o julgamento dos meliantes Vadão Gomes, José Janene e Onyx Lorenzoni da facção Amigos dos Amigos.

A tropa de choque da Polícia Militar foi acionada e ficou posicionada do lado externo da unidade. As causas da rebelião ou reivindicações dos marginais não foram totalmente esclarecidas.

Até agora somente três baixas foram registradas, oito saíram com ferimentos leves e quatro pediram para serem transferidos para o “seguro” ou "demissão", como é chamada a cela onde ficam alojados os condenados jurados de morte.

A comissária conhecida pela alcunha de “Gorducheta Bole Bole” continua desaparecida.

terça-feira, abril 04, 2006

Anchoveira

Vi uma matéria de rua em jornal da TV Globo em que a repórter entrevistava pessoas sobre como enfrentar o calor abafado desses dias. Perguntada sobre se tinha problemas com alimentação visto que nossa dieta normalmente é muita “pesada” a entrevistada fez pose e mandou: “não, eu sou vegetariana, só como peixe”.

Estou tentando contato com a entrevistada.
Quero encomendar um pé de anchova!

segunda-feira, abril 03, 2006

Som do imbecil

O imbecil não nasce pronto. Apesar de ser uma característica inata, a imbecilidade cresce em progressão geométrica durante toda a vida do imbecil. É um processo de aperfeiçoamento constante, auto sustentável e impossível de ser interrompido.
Logo nos primeiros passos ainda cambaleante, se segurando em tudo que encontra pela frente, o imbecil, ainda de pequeno porte, na mesa ao seu lado no bar, vem direto pra cima de você e mete uma porrada no seu copo, que antes de cair e se quebrar, emporcalha de cerveja sua camisa e sua calça novinha. Parece que o veadinho passou todo o seu primeiro ano de vida, enquanto engatinhava, traçando uma estratégia perfeita para se inaugurar imbecil. Em cima de você. Conseguido o intento ele morre de rir, rãrãrã. Sim porque o imbecil não ri em vogal aberta quá, quá, quá, ou rá, rá. Ele ri em vogal fechada, anasalada e trissílaba com a terceira estendida rãrãrãããã.

A imbecilidade é uma característica dominante. Não existe o imbecil chato. Ele é imbecil, ponto. Quando você se livra do menininho da cerveja, você não comenta “que menininho levado!”. Você parte logo para o “Porra, mas que molequinho mais imbecil!” Mesmo porque o imbecil, quando detectado, não suscita nenhuma comiseração.

Até os 14, 15 anos o imbecil é aturável. Mas quando adulto é insuportável. Não há nada pior do que o imbecil maduro.

Seu ápice é quando consegue seu primeiro carro. A primeira coisa que o imbecil faz é investir o dobro do que custou o carro na instalação de um trio elétrico no porta-malas. Como música e imbecis são incompatíveis, o mais próximo de música que ouvem é uma espécie de bass&drums sem o baixo e sem a bateria. È só um tum, tum, tum provavelmente da tribo dos kranhanhãs.

A situação mais freqüente é você ser surpreendido na praia, num bar ao ar livre, em frente ao seu prédio, nas lojas de conveniência dos postos de gasolina. Os horários, lógico, os mais inconvenientes possíveis, preferencialmente de madrugada porque o imbecil, assim como alguns supermercados, é 24 horas.

Jamais reclame. É perigoso. O imbecil anda em rebanho.

domingo, abril 02, 2006

Nossa bandeira

A foto à esquerda de nosso astronauta Marcos Pontes desembarcando na Estação Espacial Internacional empunhando a bandeira do Brasil com sorriso aberto lembrou-me outra, a da direita, de Durval Rosa Borges nos idos de 1958. Outros tempos, outras tecnologias, mas o mesmo pioneirismo, a mesma determinação.

Primeiro brasileiro a pisar na Antártida viajou a convite da Marinha dos Estados Unidos como correspondente especial da revista Visão e do jornal carioca Correio da Manhã e lá desfraldou nossa bandeira.

Durval Rosa Borges conta sua aventura no livro “Um brasileiro na Antártida” editado pela Sociedade Geográfica Brasileira (1959, 183 páginas), com prefácio de Agenor Couto de Magalhães, que registra:... “agitou-se o mundo científico neste Ano Geofísico Internacional e durante este período as ciências ganharam terreno de modo impressionante. Todas as grandes nações deram importância invulgar a este período de estudos, como bem se pode ver pelos relatórios e comunicados dos 4.000 centros de pesquisas, onde trabalharam 30.000 cientistas de 66 nações diferentes. Das expedições organizadas em varias partes do globo, destacam-se as que rumaram ao círculo polar sul, que se convencionou denominar Antártida, porção geográfica gelada, com superfície quase duas vezes a do Brasil. O Brasil, que por motivos históricos, geográficos, estratégicos e científicos deveria acompanhar esse movimento que empolgou grande parte do mundo cientifico, não dispensou ao caso, a mínima importância, permanecendo alheio ao palpitante assunto. Diante dessa displicência, aliás muito freqüente nos nossos dirigentes, assume maior interesse o fato de um brasileiro ter visitado a zona da Antártida. Sua visita a “Scott Base” coincidiu, aliás, com a chegada vitoriosa de Fuchs, depois de atravessar, pela primeira vez, pela superfície, o continente antártico. Durval Rosa Borges foi este brasileiro, o primeiro a penetrar tão fundo na latitude sul, onde por sinal, desfraldou pela primeira vez, a bandeira nacional.”

Em 1975 o Brasil aderiu ao Tratado da Antártida, e somente em 1982 realizou a sua primeira expedição à região. Hoje os estudos lá realizados envolvem várias universidades e institutos de pesquisa que atuam nas áreas de Ciências da Vida, da Terra, da Atmosfera e Geofísica da Terra Sólida.

Durval Sarmento da Rosa Borges, nasceu em Recife em 18 de agosto de 1912. Graduou-se em 1933 no Rio de Janeiro pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, Praia Vermelha. Mudou-se em 1935 para São Paulo onde, em março de 1936, inaugurou seu Laboratório de Análises. Em 1942 casou-se com a paulista Maria Albertina de Paula Assis da Rosa Borges, teve dois filhos, seis netos. Médico, escritor, poeta, caçador, piloto, cineasta, faleceu em São Paulo em dez de julho 1999. Hoje já tem dois bisnetos.

Marcos Pontes, pioneiro de uma nova era, está em todos os jornais da semana. Leiam que vale a pena.

Neste dito contei com a colaboração do Durval Rosa Borges, filho.

sábado, abril 01, 2006

1º de abril


Feliz primeiro de abril !
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