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Local: Varanda em Pernambuco

quinta-feira, novembro 29, 2007

Um rio para o Éden!

Imagine uma discussão para determinar se dois mais dois são quatro. De vez em quando essa discussão acontece no Brasil. Por um passe de mágica as ciências exatas transformam-se em humanas.

Em 1847 um deputado provincial do Ceará, um tal de Marco Antônio de Macedo, imaginou uma transposição das águas do Rio São Francisco para o Riacho dos Porcos, em seu estado.

Entre 1852 e 1854, por ordem de D. Pedro II, foi realizado um estudo do rio e seus afluentes visando à navegação de seus cursos. Aproveitou-se para idealizar um canal que transportasse águas do S. Francisco para enfrentar a seca do semi-árido nordestino.

De lá até hoje, passando pelo Barão de Capanema, Euclides da Cunha e vários órgãos governamentais, vez por outra a idéia da transposição volta à baila. Hoje, Lula assumiu o projeto, nomeou um baiano, ex-inimigo da idéia, para tocá-lo e começaram as discussões.

O cerne da questão é que o governo sustenta que a transposição levará água para 15 milhões de pessoas assoladas pela seca e seus críticos afirmam que as águas serão utilizadas para irrigação de latifúndios para produção de frutas para exportação e que as populações ribeirinhas, dispersas, não tomarão nem um golinho da água transposta.

O que chama a atenção na argumentação pró e contra o projeto é a quantidade de políticos e técnicos envolvidos na disputa. Imaginei tratar-se de uma obra de engenharia com começo, meio e fim, tecnicamente mensurável em propósitos e resultados. Não é.

Politicamente até consigo entender a refrega pois há estados doadores de água e estados receptores, cada um querendo ter vantagens sobre os outros. Uma lei de Gerson aqüífera. Agora, geólogos e engenheiros com análises totalmente contraditórias fica difícil de entender.

Não bastasse esses personagens buzinando diariamente nossos ouvidos com suas pregações, reaparece um bispo católico, Dom Luiz Flávio de Cappio, que, semana sim, semana não, entra em greve de fome contra a tal transposição.

O papa que me perdoe mas esse bispo é uma fraude.

Ou engana a platéia com sua greve de fome para no momento oportuno, como já aconteceu, arrumar uma desculpa e suspendê-la ou, pior, atenta contra sua própria religião dispondo de sua vida num suicídio público.

Proponho uma corrente de fé para que Dom Cappio tenha sucesso e encontre, suavemente, a margem do lado de lá!

quarta-feira, novembro 21, 2007

Roda da Fortuna


Quando me mudei para este apartamento em Piedade, de vez em quando, ouvia a voz de um cantor que me parecia o Zezé de Camargo. Ficava intrigado.

Pela varanda procurava identificar de onde vinha aquele cantar afinado, agudo com tremidos. Nada.

Até que um dia vejo um rapaz encostado num coqueiro de um terreno aqui defronte, concentradíssimo, cantando alto e com gestos largos dirigidos a uma platéia imaginária.

Conheci-o como Beto, ajudante do Ceará, barraqueiro da praia aqui em frente. Perguntei seu nome e me disse que era Gerson da Silva mas que o chamavam de Beto. Quando se apresentava em pequenos shows seu nome era Gerson de Camargo.

Uma figura o Delegado. Sim, Delegado é outro de seus apelidos porque costuma chamar os clientes da barraca de delegado, major ou qualquer outra patente. Mesmo quando servindo na barraca, nos intervalos, canta. Canta bem e sua voz lembra, mesmo, a do Zezé de Camargo.

Infelizmente a figura é maltratada pela pobreza. Barba sempre por fazer, vestido com o que Deus provê, dentes mal cuidados. Mas sempre alegre.

Vive sonhando em um dia ser cantor de verdade. Só pensa nisso. Um dia comentei com ele essa mania de ser sonhador. Respondeu-me com franqueza que sonhar é parte da vida e ele adora se imaginar um novo Zezé!

Sábado eu tomava uma cervejinha na barraca do Ceará quando o Gerson se achegou. Papo vai, papo vem, perguntou-me na lata: “o senhor não quer me dar um violão?”

Confesso que a idéia nunca me ocorreu e perguntei se ele sabia tocar violão. Disse que ia aprender com um pastor que lhe daria aulas sem cobrar.

“E quanto custa o violão que você quer”, perguntei.

“Delegado, por oitenta “conto” eu arrumo um usado”, respondeu.

“Te dou de presente de Natal”, disse eu.

Quis saber se o Natal era este mês ou faltava muito tempo ainda. Disse-lhe que arranjasse o violão e me procurasse.

Dia seguinte, domingo, não costumo ir a praia. Estava lendo meu jornal quando me interfonam da portaria dizendo que o Ceará estava lá em baixo e queria falar comigo. Estranhei, mas desci e, para minha surpresa, não era o Ceará, era o de Camargo.

Chegou-se tímido e disse que um amigo tinha trazido um violão para eu ver. O violão era um Kashima, até que bastante decente, com capa e correia de apoio .

Confirmei o preço de oitenta “conto”, paguei e dei o violão para o Beto. Ficou sem palavra, só conseguia rir.

Violão nas costas lá se foi ele feliz da vida guardá-lo na casinha que mora aqui em frente, antigo alojamento dos peões da construção do prédio onde moro.

No meio da tarde, neste mesmo domingo, chama minha atenção uma sirene, na rua aqui em frente. Olho da varanda e não entendo a confusão.

Um caminhão dos bombeiros, duas motos da PM e um jet ski do corpo de bombeiros na beira do mar. Uma pequena multidão se aglomerava. Imaginei que alguém tivesse sido salvo de afogamento. O carro já partia. Voltei para minhas leituras.

Dia seguinte, segunda feira, soube que um rapaz tinha espancado o pai e fugido da polícia correndo para dentro do mar. Nadou, nadou e ninguém mais conseguia encontrá-lo.

Chamaram os bombeiros com o jet ski que depois de muito procurar o encontraram boiando, cansado, a quase mil metros da praia. Rindo, completamente chapado, drogado.

Soube que era o Bruno, um rapaz que quase todas as manhãs levava sua cadelinha, uma bull- terrier, para brincarem na praia. Chamavam a atenção pela brincadeira de pega que a cadelinha brincava como uma garotinha alegre!

Solto, ainda no domingo, voltou para o apartamento do pai e na segunda feira, logo cedo, pulou do décimo andar.

O simbolismo da Roda da Fortuna na arte medieval pode ser explicado através da iluminura do Hortus Deliciarum, com seus quatro estágios simbolizados pelos quatro personagens em torno da Roda.

Regnabo,“eu devo reinar”, figura em cima, do lado esquerdo da Roda, com o braço direito erguido.

Regno “eu reino”, figura em cima da roda, freqüentemente coroada, para significar o reinado.

Regnavi “eu reinei”, figura que está do lado direito da roda, caindo da graça e sum sine regno “eu não tenho reino”, figura na base da roda que perdeu completamente os favores da Fortuna.

Esta pessoa é, às vezes, completamente jogada da roda ou esmagada por ela, sem nenhuma chance de reinar de novo.

Vista pelos antigos como deusa do acaso, a Roda da Fortuna na Idade Média representava tanto a Roda da Vida, que elevava o homem até o alto antes de deixá-lo cair de novo, como a Roda do Acaso, que não parava nunca de rodar e indicava a mudança perpétua que caracteriza a natureza humana.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Recife, por inteiro.

"Sozinho de noite,
Nas ruas desertas
Do velho Recife,
Que atrás do arruado
Moderno ficou...
Criança de novo
Eu sinto que sou."

Versos do poema "Noturno" de Ascenso Ferreira.

Este e muitos outros poemas você encontrará no livro “Trilhas do Recife”.

João Braga, o autor, uniu a racionalidade do engenheiro com a sensibilidade do político e estruturou um roteiro do Recife extremamente criativo, abrangente e informativo.

Dividiu a cidade em 25 trilhas que percorre descrevendo seus bairros, logradouros, monumentos e construções. Caminhos enriquecidos por personagens que fizeram e fazem parte de sua história, por poemas, músicas e textos que exaltam o Recife. E preciosas fotos e curiosidades!

Suscinto, objetivo e agradável, é guia obrigatório, não só para turistas, mas para todos nós, recifenses ou não.

Ao ler o guia turístico, histórico e cultural “Trilhas do Recife”, você vai se surpreender com um Recife, por inteiro.

"Eram sete as Coroas deste Reino,
Sete as Torres sagradas da Cidade,
Sete Arcanjos de bronze, fogo e cobre,
Sete Clarins de calcedônia e jade,
E o meu Reino-sagrado do Nordeste
Luzia, do Recife à claridade.”

Do “Canto Armorial ao Recife, capital do Reino do Nordeste” de Ariano Suassuna.

É só o que falta!

Você compra um apartamento com 3 quartos, cozinha, área de serviço, sala, varanda e duas garagens.

Um dia seu vizinho, sabendo que um de seus quartos está vago, entra em seu apartamento e se aboleta no quarto vazio. Outro, recebendo parentes em seu apartamento, precisa de uma sala privativa para receber uma visita. Sabendo que naquele momento você não está utilizando sua sala entra em seu apartamento e se reúne com o visitante.

Surrealista, não lhe parece? Mas é o que acontece com relação a garagens.

Vendo suas garagens desocupadas, seu vizinho que tem um carro a mais que suas vagas, simplesmente e sem solicitação, as invade na maior cara dura.

Interpelado, pergunta por que não pode usar suas garagens se estão sempre vagas. Como se serem suas, e não dele, já não fosse motivo suficiente para ele não ocupá-las!

As garagens têm de estar à disposição do proprietário tempo integral, não importa se utilizadas ou não.

Não dou satisfação, absolutamente nenhuma, sobre a utilização do que é meu. Peço, simples e educadamente, que tirem seu carro da minha vaga. E ponto.

Alguns dizem que sou malcriado. Pergunto, quem é o malcriado eu e minha garagem ou meu vizinho e sua invasão?

Esse Brasil mal educado, sonso e aproveitador já encheu o saco.

Outro dia um protesto na principal avenida do Recife parou o trânsito por quase 4 horas! Não é raro estradas serem interrompidas por legiões de sem terra ou sem qualquer coisa impedindo a passagem dos cidadãos.

Não bastassem as notícias diárias de políticos se locupletando às nossas custas, temos agora que enfrentar vizinhos sonsos sem garagem!

Com o perdão da má palavra, pôrra, era só o que faltava!

quinta-feira, novembro 15, 2007

Causos

Selvakumar, jovem ainda, perdeu os movimentos das mãos e pernas e a audição de um ouvido.

Sem saber a quem procurar, resolveu consultar um astrólogo. Bom confidente, o sábio conseguiu arrancar de nosso pobre Selvakumar uma confissão: aos dezoito anos havia matado dois cães a pedradas. E mais, pendurado seus corpos em uma árvore.

Disse o astrólogo que por este crime ele teria sido amaldiçoado e que a única maneira de se livrar desta maldição seria se casando com uma cadela. Não, não com uma “cachorra” sexy e rebolante de baladas funk, não, com uma cadela mesmo.

Reuniram-se parentes do noivo, agora com 33 anos, e escolheram a charmosa vira-latas Selvi para noiva. Deram-lhe um bom banho e a vestiram com a tradicional roupa de casamento hindu enfeitada com flores. O casamento foi domingo em Tamil Nadu no sul da Índia. Após a cerimônia, a família Selvakumar recebeu convidados em uma festa. A graciosa Selvi ganhou um pão doce!

Vocês devem estar pensando que é sacanagem minha, né? Pois não é. A notícia foi dada no jornal Hindustan Times de ontem com foto e tudo!

Para continuar no insólito, entreouvi na praia, outro dia, uma conversa engraçadíssima de dois rapazes, digamos, alegres.

Falavam sobre saúde. O mais maduro disse que estava marcando uma hora no urologista para um exame de toque retal. O outro se espantou. “Você está com problema?”

Responde o primeiro, “Não, mas tô morrendo de saudades!”

Peraí, onde estamos?!?!

terça-feira, novembro 13, 2007

O boca rota e os pedintes achacadores.

Esta foto aí ao lado me remeteu aos nossos políticos em Brasília, nos dias atuais, indo para mais um round de negociações com Lula e seus asseclas.

Excitados, ávidos por uma benesse presidencial, qualquer uma, desde alguns trocados até importantes cargos federais.

Como disse Tom Jobim, o Brasil não é para amadores. Nosso presidente sabe bem disso e aparelhou-se como o mais competente gerente de picaretas que este país já teve. Junto a essa classe indigesta ele consegue tudo. Negocia sem pudor, abertamente, cedendo aos mais vergonhosos achaques.

Mais despudorados são os pedintes, anônimos na multidão de crápulas. Este é o campo de competência de nosso presidente.

Semana passada quando o assunto era sério, pisou no tomate.

Tomara que o factóide do campo Tupi da Petrobrás um dia se realize como economicamente viável. O anúncio, porém, deveria ter sido mais comedido. Além do espalhafato, o presidente patrocinou uma verdadeira gafe como bom boca rota e porra louca que é.

Em 30 de outubro, na viagem para o anúncio da Copa de 2014, abriu o jogo para os governadores que o acompanhavam dizendo que a Petrobrás anunciaria sua descoberta que aumentariam em 50% as reservas de petróleo do país.

Criou-se uma situação constrangedora para a CVM, Comissão de Valores Mobiliários, xerife do mercado de capitais brasileiro. Terá de investigar se o presidente da República, ao arrotar grandeza, não possibilitou o uso de informação privilegiada na compra de ações da estatal brasileira.

Este fato torna públicos os erros de governança corporativa que a empresa e o governo, seu maior acionista, vêm cometendo, além de a companhia ser usada como instrumento de política pública.

Agora a CVM terá de julgar o ato do presidente que, em última instância, é quem nomeia seu próprio presidente. Papelão!

Tem horas que o falastrão deveria imitar sua consorte, ficar mudo!

domingo, novembro 11, 2007

Por qué no te callas?

Juan Carlos 1, rei da Espanha, em atitude inusitada, abandonou ontem o plenário da Cúpula Ibero-Americana no Chile.

Irritado com as grosserias do tosco bolivariano Hugo Chavez, tiranete da Venezuela, mandou o bufão calar a boca e retirou-se em protesto contra os ataques ao ex-premiê espanhol José María Aznar, a seu país e as supostas ações de seu comércio exterior.

Enquanto isso, Lula e o aspone Marco Aurélio Garcia se excitavam como pinto no lixo com as declarações do fanfarrão que afirmou, ironicamente, que agora “Lula era um magnata petroleiro” e que o “Brasil iria fazer parte da Opep”.

Confesso que deixei de achar graça no cafajestismo dos primatas. Salta aos olhos, para usar expressão dos tempos de antanho condizente com o proto presidente venezuelano, o grau de seu patrimonialismo de ditador. Ele é o seu país e deve imaginar que o Lula também.

Por duas vezes caluniou o Congresso do Brasil chamando-o de lambe botas do governo americano. Lula se calou, talvez porque concorde, não com o diagnóstico mas com a picaretagem geral da qual se aproveita.

Pouco tempo atrás, mostrou-se indignado por suposto atraso nas obras da refinaria Abreu e Lima em Suape, PE, uma vez que “dois presidentes já haviam decidido por sua implantação”.

Na sua ocara sua palavra é ordem. Não imagina que exista no Brasil estrutura democrática e trâmites legais para execução do que quer que seja. No caso foi mais uma fanfarronice pois as obras seguiam e seguem seu correto cronograma.

Este fulano, mais o Evo Morales, são invenções dos mais perigosos aspones do presidente Lula o tal de Marco Aurélio e o corretor de negócios José Dirceu.

Lula faria um grande favor ao Brasil, seguindo o exemplo de Juan Carlos, se os mandasse calar.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Peões


Caminhamos céleres para sermos uma nação de peões.

Estradas esburacadas e sem segurança, trens não temos, navios nem pensar, automóveis cada dia mais imóveis no trânsito e, aviões, que Deus nos livre! Só nos resta ir a pé.

Para onde? Depende de sua disposição. Comecei a praticar natação para adquirir preparo físico pois pretendo ir para São Paulo. Considerando que estou em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, é uma tirada e tanto. Mas, que fazer? Parece que esta é a única opção.

Mesmo assim corre-se o risco de cair um avião na nossa cabeça. Ou uma jamanta desgovernada nas mãos de um motorista numa cochilada básica fazer da gente uma disforme massa de quetechupe. Acidentes acontecem, pois não?

Não custa se precaver e levar alguns pares de tênis, velhos o suficiente para não despertar a cobiça de assaltantes de ocasião. O melhor, mesmo, para garantir, é uma alpercata de couro cru daquelas bem usadas e fedidas. Vai lhe causar certo desconforto, certamente algumas bolhas no pé, mas sempre é melhor do que longas caminhadas descalço.

O conselho serve também para o resto das vestimentas. Bermudas rasgadas, camisetas puídas, bonés do MST, sabe-se lá quem vamos encontrar pelo caminho. Quanto mais próximo de um mendigo maior a probabilidade de você chegar vestido ao seu destino, mesmo que malcheiroso e maltrapilho. Sempre há o risco de você encontrar uma turminha funk que adora espancar mendigos velhinhos. Aí não tem jeito. Tem que sair em disparada. Não esqueça de tirar as alpercatas.

Imaginemos que você, para evitar esses transtornos, se encha de coragem e resolva enfrentar um avião. Dois dias antes de sua viagem não caia na besteira de ouvir rádio, ver TV. Jornal nem pensar. Mais seguro é ficar uma semana recolhido sem acesso às notícias.

Chegando ao aeroporto é gente por toda parte e de todos os tipos. Depois de um bom par de horas de atraso, no avião lotado poltronas apertadas onde nem você nem o Jobim cabem.

Pior, se um sentar ao lado do outro. Aí vira festa da uva. É um tal de roçar joelho, dar cotoveladas para determinar o território dos braços das poltronas, no início, disfarçados, após algum tempo de viagem a disputa fica escancarada, verdadeira chuva de cotovelaços.

Fora o vizinho da frente que mal o avião levanta vôo já deita seu encosto todo para trás com sua cabeleira quase roçando nossos narizes. Nessas horas costumo dar umas breves tossidas. Caso não funcione, ensaio uma puxada para uma cusparada que o espaçoso imediatamente leva a mão aos cabelos esperando encontrar alguma gosma e prontamente volta a poltrona para a vertical.

Sem contar aquele imbecil que sai lá de trás e vem conversar com seu vizinho e se apóia no encosto da sua poltrona, esfregando o bundão na sua orelha. Sugiro dar-lhe uma beliscadela nos glúteos dizendo, “nossa, que gotosinho!” Costuma dar certo.

E pensar que há poucos anos fazia-se esse trajeto na primeira classe de um Boeing da Varig, em poltronas confortabilíssimas, cervejinha gelada, um belo filé de peixe com molho de alcaparras de almoço, servido por aeromoças lindas e gentis.

Lembro bem que os aviões saíam no horário e, imaginem, chegavam no horário. Havia certo glamour nas viagens de avião, nos aeroportos, nas pessoas.

Cadê o velho glamour? Ah, meu Deus, que saudades da civilização!

segunda-feira, novembro 05, 2007

Se manca, tigrão!


Até ler a Veja desta semana ficava injuriado por alguns não saberem que o lugar em que moro, Jaboatão dos Guararapes, é vizinho do Recife.

Descobri que sou um intolerante, exigente, que cobro coisas que as pessoas não podem dar.

Pesquisadores do Instituto Ipsos abriram um mapa-múndi na frente de 1000 entrevistados em setenta municípios das nove regiões metropolitanas e pediram que indicassem onde ficava o Brasil. Metade não sabia localizar o Brasil no mapa!

Dez por cento dos entrevistados que passaram por uma faculdade não sabem que o Brasil fica na América do Sul. Trinta por cento dos que fizeram ensino médio e 50% dos que iniciaram o curso fundamental também não!

Era só o que faltava eu esperar que soubessem onde fica essa poronga de Jaboatão dos Guararapes! Tem dó, tigrão!

Caminhando


Não sei por que
As paixões se vão,
Mas sei que se vão.
Sei que os amores ficam,
Sei que ficam.
Passam os dias,
Passam as noites,
Passa a vida.
Até que um dia
A noite fica.
Sei que é assim,
Simples assim.

sexta-feira, novembro 02, 2007

A fascinante Catalunha!

Passei por mais uma pane do meu PC. Estou perdendo a paciência, acho que vou aposentá-lo.

A estrutura da minha CPU não admite recursos mais moderninhos e os compatíveis com ela já se tornaram difíceis de encontrar. Sem considerar que minha assistência técnica fica a 15 km daqui, não tem mais estoque de peças e eu não tenho mais estoque de saco.

Desta vez, saí ganhando. Li o livro do Francesc Petit, “Quem inventou Picasso”. É uma leitura deliciosa.

Petit é um catalão de Barcelona, radicado no Brasil, que se tornou uma das maiores referências da propaganda do país.

É um intelectual, pintor, artista de mão cheia, que se dedicou à direção de arte formando uma vencedora parceria com Roberto Duailibi e José Zaragoza na famosa agência DPZ.

Num enredo extremamente criativo, seu livro é uma grande declaração de amor à Catalunha.

Redescobre para nós uma Barcelona vibrante por tantos anos sufocada pela ditadura franquista e a omissão das elites espanholas. Resgata seus mais importantes pintores, as mais charmosas cidades catalãs, sua culinária, músicos, escritores e recantos.

Apresenta-nos, enfim, à vigorosa história da pátria catalã, vista por um filho apaixonado.

Petit é uma pessoa cordial, agradável. Assim é seu livro, bom de ler, instigante e divertido.