Meusditos

Minha foto
Nome:
Local: Varanda em Pernambuco

quinta-feira, maio 31, 2007

Vai, zi fio, vai!

O Lula, quieto, na base do “deixa a vida me levar” é um estrondoso sucesso. Tem a intuição dos gênios, o gogó dos camelôs e a competência cênica de um Silvio Santos.

É, literalmente, o rei das massas!

Vez por outra, porém, resolve decidir. Aí, sai da frente que vem merda!

Grato ao seu Vice, José Alencar, Lula resolveu atendê-lo em seu pedido de dar um cargo ao professor de Harvard, Mangabeira Unger, de seu partido o PRP, seja lá o que isso signifique.

Impaciente para leituras e assessorado por luminares como Marco Aurélio Garcia, aquele que lhe jogou no colo o Chavez e o Evo, Lula não prestou a devida atenção à história do convidado.

Menos de ano e meio antes do convite, o futuro ministro do futuro escreveu um artigo, na Folha de São Paulo, chamando o governo de Lula de o mais corrupto da história da República. Pode-se dizer que o presidente foi magnânimo, perdoando as diabruras do tal Unger. Ou, o que eu acho o mais provável, resolveu passar na cara do professor que ele é desprovido de qualquer resquício de caráter.

A melhor definição que li do aloprado professor foi do Roberto Pompeu de Toledo na Veja: é um punhado de idéias a procura de um cavalo, no sentido umbandista do termo. Precisa de alguém com destaque no meio político que dê costado a seus discursos grandiloquentes.

Já havia tentado o Brizola, depois o Ciro Gomes e agora imagina soltar rédeas nos discursos do Lula. Desconhece o cavalo. Lula não é porra-louca como os anteriores e não se deixaria incendiar por um "scholar" com sotaque de gringo.

Dez dias depois de convidado para o cargo, o intempestivo professor reincidiu. Resolveu abrir um processo, nos EUA, contra a Brasil Telecom, empresa de telefonia que tem fundos de pensão oficiais brasileiros como seus principais acionistas, cobrando supostos dólares não pagos.

Criou-se um certo mal-estar no planalto. Não é para menos. Quando o banqueiro Daniel Dantas comandava a empresa moveu ação contra os fundos de pensão, seus sócios, à época. Para auxilia-lo na ação, nos USA, contratou o novo aloprado como consultor ou trustee, como ele prefere nomear sua função, por dois milhões de dólares!

Lula está corcoveando e implorando aos santos que o livrem desse encosto, o maior mala da história da República! Xô, zi fio, xô!

quarta-feira, maio 30, 2007

Brasília


-" Alô!

- Gerbastos, meu irmão, como vai?

- Oi, o que manda?

- Preciso entrar com aquele projeto, o três.

- O da Paraíba, não está pronto ainda!

- Não, pô, o três, o de Alagoas!

- Piorou, não tenho nem esboço!

- Mas rapaz, prometi pro Calheiros que dava entrada amanhã, ele já falou até com o presidente!

- Olha, a Dilma tá me pressionando pelos projetos do Rio Grande, não dá para ver tudo ao mesmo tempo.

- Vou pedir pro Tarso falar com ela para ela se acalmar e a gente tocar o três.

- Olha, não fica envolvendo muita gente não que quando estive na PF com o Paulo Lacerda notei que ele estava meio desconfiado.

- Fica frio, falo pro Múcio dar um alô prá ele, fica frio!"

Você já foi a Brasília? Então vá.

Não a Brasília monumental, turística de Lúcio Costa e Niemeyer, não.

Vá a Brasília intestina dos gabinetes, elevadores, bares e corredores. Vá à Câmara, ao Senado, perambule pelas ante-salas. Repare nos tipos, nas conversas murmuradas, nos sorrisos matreiros e nos grandes e fraternais abraços!

Note a legião de aspones, assessores, lobistas e pés de chinelos em geral suplicando uma atençãozinha de uma “otoridade” qualquer. O ar da Brasília intestina cheira a propina, comissão, compadrio, puxa-saquismo, mutreta, cheira a ralo, como no filme.

Fui poucas vezes a Brasília e menos ainda a negócios. Veja como você que me lê já ficou ouriçado quando eu disse que fui a negócios. Ir a Brasília a negócios já causa uma enorme desconfiança no interlocutor e um certo desconforto no narrador. A primeira coisa que vem a cabeça é “O que esse cara foi fazer lá? Deve ter arrumado uma boquinha, uma mamata qualquer”.

Ninguém vai a Brasília impunemente. No avião, se você está de terno, bem vestido, já é olhado de soslaio com a certeza silenciosa de que "ali vai mais um picareta."

Da última vez que lá estive fui a uma reunião no Ministério da Cultura nos idos tempos do Weffort. O porte que Deus me deu, modéstia à parte, me abria todas as portas com um bajulador “bom dia, doutor”. Fiquei chocado com o número de marginais do poder perambulando pelos corredores.

Dei toda esta volta para dizer que as citações nas gravações da Polícia Federal devem ser consideradas com muita, muita cautela. Não, não defendo que não devam existir as gravações. Pelo contrário, devem sim. Os homens de bem que pareçam honestos e sejam honestos! Que sejam mais seletivos em seus contatos.

Mas deve-se ter em mente que qualquer zé ninguém para se passar por alguém vai, em qualquer conversa, citar o maior número possível de autoridades para se dar uma importância que não tem. O bostejo no baixo meretrício político é regra.

O telefonema que abriu este texto poderia ter existido e ter sido gravado pela PF.

sexta-feira, maio 25, 2007

Cheiro de melancia


Dizem que quando há tubarão por perto, o mar cheira a melancia. Quando o cheiro é de merda, com certeza, há merda mesmo.

De repente todo mundo ficou contra as ações da polícia federal.

Desde que foi implantada a Operação Navalha, comecei a perceber pequenos sinais de nervosismo em pessoas, até então, olimpicamente serenas.

A começar pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que esquecido de sua posição de magistrado, acusou a PF de canalhice, por, supostamente, vazar informações onde aparece um homônimo seu recebendo mimos do acusado mor Zuleido Veras. Como se quizessem intimidá-lo.

Ao invés de esclarecer o fato preferiu atacar a polícia que cumpria mandados de juíza do Tribunal Superior de Justiça.

Foi acompanhado pelos oportunistas de sempre.

A cara de bunda do Renan Calheiros, zanzando como zumbi pelos corredores do senado, acabou de ser justificada por matéria de hoje da revista Veja acusando-o de receber pagamentos de lobista da construtora Mendes Junior. O Chinaglia não sabe o que faz para se fingir de morto assim como a maioria dos deputados e senadores.

Sarney não se fez de rogado em sacrificar, agilmente, seu indicado ministro. Safou-se, ao menos, por enquanto.

Esta operação cutucou a onça que ao invés de atacar, acuou-se.

Mas o que há de diferente, afinal, nesta operação?

A diferença, a grande diferença, é que desta vez o Lula está soberano. Seus amigos, amigos in pectore, não estão envolvidos.

É uma oportunidade única que ele não perderá, por nada neste mundo, de livrar-se dos chantagistas aliados assando-os em fogo brando e se mostrar ao povo com o título que lhe falta, de paladino da moral!

Respirem fundo porque há cheiro de merda no ar, muita merda!

quarta-feira, maio 23, 2007

Insignificâncias

Antonio Carlos Magalhães, o avô, disse que considera "insignificante um corrupto e um corruptor de R$ 20 mil ”. Referia-se a seu sobrinho, Paulo Magalhães, flagrado, na humilhante condição de trombadinha, deixando-se corromper por aquela mísera quantia. No que depender do tio, será expulso da família por incompatibilidade de status negocial.

ACM, cidadão urbano, cacique político, não endossa o dito popular de que “por onde passa um boi, passa uma boiada”. Mesmo porque nunca associou seu impoluto nome a uma solitária rês, sempre a robustos rebanhos.

De qualquer maneira a “Operação Navalha” da Polícia Federal que flagrou Magalhães, o pobre, parece ter desvendado irregularidades, roubos enfim, que alcançam a não desprezível soma de R$ 1,3 bilhão e envolvem na bandalheira, mais uma vez, os de sempre: deputados, senadores, funcionários públicos, ministros, secretários, governadores, prefeitos e os eternos corruptores, os empreiteiros.

Bastante significante. Ou não?

Depende. Agora, por exemplo, no próximo dia 31, se consumará um estelionato de aproximadamente R$ 2 trilhões de reais. Perto deste, a Operação Navalha é troco. Mas este será um estelionato “legalizado”.

Nos idos de 1987 os cidadãos que mantinham contas de poupança foram garfados, pelo Plano Bresser, em 8,08% na correção monetária devida às suas aplicações. Repetindo: suas aplicações foram corrigidas a menor em 8,08%. Somando todas as aplicações, este valor a menor, se corrigido, alcançaria hoje a incrível montanha de quase R$ 2 trilhões!

Agora vem o mais significante da coisa, mesmo para um ACM da vida: se até o dia 31 próximo, você, poupador, não entrar com uma ação na justiça reclamando seu direito, pasme, seu dinheiro será incorporado ao patrimônio dos bancos!

O que era seu do banco será, legalmente.

Para mover a ação você precisa de um extrato de sua poupança de junho a julho de 1987 que os bancos são obrigados a fornecer. Você, com razão, deve estar se perguntando: mas se a correção é devida e os bancos têm os nomes dos poupadores tungados, porque não depositam logo a grana em suas contas?

Era só o que faltava! Onde você pensa que mora, na Suíça, aquele lugarejo chato e sem graça? Aqui é Brasil, meu velho, Brasil, o país cordial do verão, do futebol, das grandes bundas e pequenos cidadãos, ora porra! Quer o seu, vai atrás, qual é?

Se todos fossem atrás dos seus direitos, em prazo hábil, não haveria dinheiro bastante. Nada melhor, portanto, para o bem de todos e felicidade geral da nação, que se leve de barriga o maior número possível de imbecis. Entre os quais, galhardamente, me incluo.

Ontem saí de minha inércia macunaímica e fui procurar se, por acaso, em tal data eu tinha uma conta de poupança. Para minha surpresa, tinha! Não só eu, como meus filhos, menores à época, portanto, no meu CPF. Ligo para meu banco e peço o tal extrato. Sou, simpaticamente, informado que a requisição tem de ser por escrito e assinada, via fax ou pessoalmente. Enviarão em 25 dias! Retruco que o prazo termina dia 31. Afirmam que o prazo será prorrogado, não sei baseado em que.

Resolvo arriscar e mediante acordo com meu atendente, gentilíssimo, preparo a requisição, assino, escaneio e envio anexada a um e-mail. Pronto.

Para me informar entrei na página do IDEC, Instituto de Defesa do Consumidor. A boa notícia é que o Instituto está propondo uma ação civil pública contra a Nossa Caixa Nosso Banco, Caixa Econômica Federal, ABN Amro (Real), Banco do Brasil, Bradesco (BCN, Mercantil e FINASA), Itaú (Banestado), Safra e Unibanco (Bandeirantes), com o objetivo de beneficiar indistintamente todos os poupadores lesados dessas instituições financeiras, associados ou não ao Instituto. Como você imaginava que deveria ser.

É a esperança que me resta. De qualquer maneira me associei ao IDEC para colaborar com suas causas que, no final das contas, são as de todos nós. Nada mais justo, afinal é uma organização sem fins lucrativos que vive de anuidades de associados, doações e vendas de sua revista.

Se você ainda não pegou o avião para se mudar para países insossos, plenos de significâncias e vai continuar compartilhando solo com ACMs, aconselho que faça o mesmo e prestigie o IDEC.

O site é www.idec.org.br

E fique atento. O prazo para entrar com ação para reaver outra tungada, a do Plano Verão, só caduca em 2009. Boa sorte!

terça-feira, maio 15, 2007

Habemus sarapatel!

Devo ao papa meu apetitoso almoço de domingo, um sarapatel com farofa e salpicos de vinagrete.

Não me pergunte porque, mas achei o papa com cara de miúdos. De tanto vê-lo na televisão e jornais foi me dando uma vontade irresistível de comer um sarapatel.

Fui ao Cantinho da Paz, restaurante ótimo de comidas típicas, perto daqui, e trouxe um para casa.

Antes, tentei assistir à F1 da Espanha. Impossível. Há tanto tempo que não sintonizava a Globo, que já havia me esquecido do Bueno. Sim, Bueno, porque Galvão é o santo e o Bueno é a penitência. Se o pecado for grave tem de rezar 100 ave-marias e ouvir um programa inteirinho com o Bueno.

Graças a Deus trocaram a corrida pela missa do papa. Preferi uma cerva.

No sábado, a Globo conseguiu fazer a tradução simultânea do papa que falava em português! Agora vão traduzir os discursos do Lula, as previsões do Mangabeira Unger e os programas do João Gordo vão ter legendas! Aê, broder!

Ontem em Aparecida (SP) bispos que participam da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe disseram que o discurso de abertura do papa não foi uma crítica, mas sim um desafio à Igreja latino-americana. O porta-voz foi o arcebispo de Mérida, Venezuela, o competentíssimo monsenhor Baltazar Porras Cardozo, pau para toda obra!

Voltando ao sarapatel. Estava de comer rezando! Com todo respeito.

sábado, maio 12, 2007

O trapalhão, o arquiteto e a professora.

O povo quer um parque, o prefeito trapalhão encomendou uma praça. Criou-se a confusão!

Parque, por definição, é uma área de preservação, normalmente arborizada, que pode ou não ter equipamentos de lazer ou recreação. Praça, ao contrário, é uma área livre, chão batido, entre edificações, para encontros, reuniões, feiras e comércio. É o que dizem os dicionários. Para um leigo e semi-analfabeto, como eu, que quer entender a polêmica, foi um bom começo.

O bairro de Boa Viagem, no Recife, é um verdadeiro paliteiro. Prédios e mais prédios a ponto de, na beira mar, existirem somente meia dúzia de terrenos vazios, se tanto. As poucas casas ainda existentes, na sua maioria, pertencem à Marinha ou à Aeronáutica.

Por uma lei dos tempos que canhoneiras disparavam bolotas de ferro nas costas de paises inimigos ou a conquistar, os terrenos beira mar, por segurança, eram considerados terrenos de Marinha. Pertenciam á União. Como toda e qualquer vantagem dos poderes constituídos no Brasil nunca são revistas, esta estrovenga jurídica permanece até hoje. Se você é proprietário de um terreno nestas condições tem de pagar um tal de laudêmio à União. É assim como pagar um aluguel para morar na sua própria casa.

Mas vamos ao que interessa. Em Boa Viagem existe um terreno, frente ao mar, de 33 mil metros quadrados que pertence à Aeronáutica (também fruto de apropriação no tempo da Segunda Grande Guerra) e está, imaginem, vazio e sem uso. Aliás, não está completamente sem uso. Serve de base para uma singela, porém prepotente, placa “Propriedade da Aeronáutica”.

Em face de tamanho desperdício e na falta de locais para descanso e lazer no bairro, residentes da área reuniram-se numa Associação para lutar pela criação de um parque onde pudessem desfrutar de caminhadas por entre árvores, ouvindo o canto dos pássaros e contemplando o mar de Boa Viagem. No máximo, imaginavam, uma pista de Cooper, um laguinho e uns brinquedinhos para as crianças.

Tudo, menos a construção de edifícios, asfalto e cimento, que lá já tinham demais!

Por obra e graça do esforço comum e com ajuda de um vereador conseguiram apoio do prefeito e, do governo federal, a cessão do terreno em comodato à cidade por vinte anos prorrogáveis indefinidamente.

Você já está, acertadamente, imaginando que, finalmente, no Brasil, as coisas estão tendo um final feliz, não é mesmo? Muito bem. Não estão, não!

O que era para ser evitado virou prioridade do prefeito. Aliás, não é a primeira trapalhada do alcaide em relação ao parque de Boa Viagem. Começou desagradando ao usar o parque público de Boa Viagem para, em inspiração solo, puxar o saco do presidente, batizando o parque com o nome da progenitora de Lula, D. Lindu!

Prontamente foi acompanhado pelos vereadores que, em matéria de puxa saquismo e subserviência ao poder, não ficam nada a dever aos melhores do mundo!

Não muito prendado em coisas do saber e por mote próprio, imaginando seu nome piscando em neón multicolorido para a eternidade, mundo afora, como o responsável pela obra de Niemeyer no Recife, o prefeito resolveu contratar o escritório do arquiteto, vejam vocês, para projetar o parque.

O grande arquiteto não é um urbanista, muito menos um paisagista. É um arquiteto, desenhista de formas deslumbrantes, sinuosas, atraentes, que por força de sua competência, fazem do concreto esculturas monumentais! Como tal, ele sabe que sua obra deve ser valorizada de per si sem adereços que lhe tirem a majestade. Árvores próximas, nem pensar! No máximo uma palmeira imperial que com seu traço retilíneo de obelisco agrega imponência à sua obra.

Resultado, Niemeyer projetou uma praça de eventos que certamente colocará Recife como uma das privilegiadas cidades do mundo que ostentam suas obras primas.

Só tem um pequeno probleminha: o projeto vai cimentar e impermeabilizar 50% da área do parque e, pior, terá um teatro que em sua versão externa terá capacidade para receber vinte mil pessoas para assistirem a espetáculos variados! A verdadeira praça do povo, da comemoração, dos grandes eventos, do trânsito infernal, do som ensurdecedor! Tudo o que os moradores de Boa Viagem não queriam!

Deu-se o impasse. O prefeito fez a encomenda que custará aos cofres municipais a bagatela de R$ 2 milhões pelo projeto e R$ 18 milhões de custo total de execução, sem os costumeiros adendos de contrato. Para ter uma obra do Niemeyer, penso que é um investimento que vale a pena! O que não vale é sacrificar mais uma vez a população de Boa Viagem com mais movimento em um bairro já saturado de gente, carros, carrocinhas, ambulantes e, absolutamente, sem nenhuma área verde.

O prefeito radicalizou e disse que uma elite intransigente está fazendo tempestade em copo d’água. Na falta de melhor argumento diz que o futuro lhe dará razão, como se a garantia de um futuro melhor não fosse, justamente, o fruto de discussões no presente.

Comparações as mais estapafúrdias foram feitas. Uma que chamou a atenção foi comparar o parque de Boa Viagem com o do Ibirapuera em São Paulo onde existem grandes projetos de Niemeyer. A diferença é que lá são 1,6 milhão de metros quadrados com apenas 192 mil metros quadrados de área impermeável e 1,04 milhão de áreas permeáveis.

Apenas 62 mil m² são edificações, incluídos os projetos do arquiteto!

Lá foram catalogadas 112 espécies de aves, beneficiadas pela diversidade da flora, que lhes proporciona condições favoráveis para abrigo, alimentação e reprodução.

Entre elas estão o biguá, a coruja orelhuda, o tuim, o beija-flor de garganta roxa, a risadinha e outras.

O lago de 150 mil m² abriga, principalmente durante o inverno, aves migratórias como irerês, garças-brancas-grandes, socós-dorminhocos e martins-pescadores, bem como grande número de carpas e tilápias.

Completam o ambiente, próximo ao lago, animais domésticos com funções ornamentais e contemplativas como gansos, patos, marrecos, galinhas d'angola e pavões. Podem ser encontrados ainda o gambá de orelha preta e répteis como a cobra-dormideira, a cobra-d'água e a cobra de duas cabeças.

A concepção paisagística, inacreditável, foi de dois paisagistas e não de Niemeyer: Roberto Burle Marx e Augusto Teixeira Mendes. Resultou numa flora diversificada composta pelos eucaliptais, plantados na década de 20 para drenar o terreno alagadiço de várzea, e por jardins e bosques com árvores ornamentais, nativas e exóticas, formando paisagens abertas e fechadas. Assim, lá se encontram alamedas de figueira-benjamim, chichá, carvalho brasileiro e ipê-rosa; bosques de jaqueira e guapuruvus; e conjuntos de sete capotes e araribá. Há ainda o jardim dos cegos e espécimes de pau-ferro, banyan-da-índia, paineira, tamareira-das-canárias e muitas outras.

Não cabe a comparação, mas pode inspirar um parque menor e não menos agradável.

Moradores foram ao Ministério Público queixar-se de que o projeto do prefeito não respeita os termos da cessão federal que, dizem, não permite edificações na área.

Infelizmente cada um vai buscando suas razões apaixonadamente que é o caminho mais rápido para se perder o foco.

Li várias opiniões, reclamações, arrazoados, pareceres, e os mais variados bostejos, técnicos e políticos, sobre o tema. Prós e contras. Cheguei a conclusão de que todos têm razão.

Mas, alguns têm mais razão do que outros por apresentarem soluções.

Circe Monteiro é professora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano (MDU) da Universidade Federal de Pernambuco. Sua idéia é levar o projeto para outro terreno que ela sugeriu seja a área vizinha a Vila Naval, que está incluída no Complexo Turístico-Cultural Recife-Olinda. “Seria uma forma de a cidade ter a obra de Niemeyer e o parque verde em Boa Viagem, diz ela”.

A região da Vila Naval é mais adequada para um projeto de caráter metropolitano, como pretende a prefeitura. "A localização é boa, o entorno é privilegiado, de frente para o mar”.

Uma área sem edifícios que daria à obra de Niemeyer uma visibilidade infinitamente superior a que teria na pequena área de Boa Viagem.

Ganhariam todos: o Recife, Olinda, o povo pernambucano, os moradores de Boa Viagem, o mestre da arquitetura Oscar Niemeyer e, por tabela, o trapalhão!

Talvez por sua simplicidade a idéia da professora não tenha merecido a atenção devida.

Dizia Nelson Rodrigues que só os gênios enxergam o óbvio! Ainda há tempo!

quarta-feira, maio 09, 2007

Mundo Cão


Degradante e constrangedor.

Encontrei outras palavras para definir o programa Bronca Pesada da TV Jornal, de Pernambuco, mas a elegância, a pouca que me resta, não me permite usá-las.

Não assisto a TV Jornal, não por preconceito, mas por conceito. Não há um programa que preste. O jornal do SBT é até palatável, mas o horário, após o da Bandeirantes, torna-o dispensável.

Os telejornais locais, exceção feita aos da Globo, são praticamente iguais. Exploram quase que unicamente assassinatos, mortes, assaltos e afins. Com requintes de closes em poças de sangue, cadáveres e ataques histéricos de familiares em desespero.

Não satisfeitos, os responsáveis pela programação da TV Jornal levam ao ar, diariamente, em horário de almoço, o Bronca Pesada apresentado por um tal de Cardinot que faz o tipo galã de subúrbio.

O tal programa, como tantos pelo Brasil afora, é uma seqüência interminável de constrangimentos a que são submetidas pessoas presas e expostas na TV, pela Polícia Civil, para desbunde de delegados e policiais de plantão, e da grande massa de indigentes mentais que formam a maioria da audiência de televisão no país.

Lógico que são pessoas pobres, pés-de-chinelo, que não contam com atendimento de advogados que lhes evitassem o achincalhe público, sem nenhum pudor. Com raríssimas exceções, todos negam o envolvimento com o crime de que são acusados. Mas são execrados assim mesmo, em rito sumário de justiça midiática.

O impressionante é que este tipo de “jornalismo” conta com o apoio, pela omissão, de doutores e togados dos três poderes e, por ação, dos proprietários das TVs.

Mas, então, porque assisti hoje a este Bronca Pesada? Simples, por curiosidade.

Há dias o Sr. Marcelo Tavares de Melo, empresário, membro do Conselho de Administração do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, dono da TV Jornal e de vários outros veículos, foi preso em seu apartamento, na elegante Avenida Boa Viagem, por formação de cartel na venda de gasolina na Paraíba. É acusado pela Polícia Federal de liderar o suposto cartel. Em seu escritório foram apreendidos R$ 2 milhões em ouro e moedas estrangeiras.

Como em outras operações espetáculo da PF, esta também contou com TV, algemas, mãos ao rosto se escondendo das câmaras, enfim, tudo o que a galera de telespectadores espera. Extremamente constrangedor ver o genro do poderoso João Carlos Paes Mendonça, casado com sua única filha, educado e elegante no trato social, em tal situação.

Logo deputados, senadores, e indignados de ocasião recriminaram a ação da PF. Onde já se viu prender e algemar um homem de bem, empresário conhecido, e expô-lo a tal vexame?

Pois bem, foi isso. Fiquei curioso para saber, se passado o constrangimento, a TV Jornal iria rever seus critérios para disputar a audiência dos telespectadores.

Infelizmente parece que não. O tratamento respeitoso e discreto que devem ter direito seus diretores, quando flagrados pela PF, não é o mesmo que dedicam ao enxovalhar, diariamente, a imagem de presos desvalidos em seu canal de televisão.

É degradante e constrangedor.

quarta-feira, maio 02, 2007

Com vocês...

O Secretário de Ações de Longo Prazo
O Longo Prazo


terça-feira, maio 01, 2007

Surpreenda-se!

Mascarpone, minas, gouda, cream cheese, mussarela fresca, emmental, fondue, boursin, raclete, cheddar, morbier são queijos produzidos em uma fazenda na cidade de Pombos, agreste pernambucano. Vou repetir, na Fazenda Nova Esperança, propriedade de 600 hectares, no município de Pombos, agreste de Pernambuco, são produzidos queijos que nada ficam a dever aos melhores do mundo!

Vitória Barros é uma engenheira química que resolveu conhecer os segredos da fabricação de queijos. Queria encontrar uma solução para padronizar a fabricação do queijo coalho, o preferido dos pernambucanos. Criou uma pequena empresa, a Produtos da Fazenda. Aí começou a mudar sua vida.

Matriculou-se no Instituto Tecnológico Cândido Tostes, em Minas Gerais. Lá conheceu o famoso Minas Frescal e resolveu que, de tão bom, não poderia ser exclusividade daquele estado. Hoje é o carro chefe de sua produção.

A Produtos da Fazenda mantém uma parceria com o mestre queijeiro Benoît Paquereau, que se responsabiliza pela linha francesa da marca. Benoît, que veio ao Brasil participar de um programa de melhoria dos laticínios fabricados em Pernambuco, a convite do Instituto de Tecnologia de Pernambuco, terminou ficando por aqui.

Os maiores clientes da Produtos da Fazenda são os hotéis e restaurantes, mas começou a vender também para os amigos. Foi matéria no Jornal do Commercio do Recife, base desta edição dos Meusditos, assinada por Flávia de Gusmão, que afora um texto competente e maravilhoso, tem o dom de descobrir surpresas gastronômicas agradabilíssimas para seus leitores. Foi lendo seu artigo que conheci a Vitória Barros.

Se não bastasse a qualidade irrepreensível dos queijos, a Produtos da Fazenda ainda entrega em domicílio pela não menos incrível taxa de R$ 2,00.

Como não sou de deixar as coisas pela metade aí vão os telefones da Produtos da Fazenda: (81) 3325-4153 e 9152-2484.

Se você mora na Região Metropolitana do Recife, surpreenda-se!

Eu fiquei fã.