Meusditos

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Local: Varanda em Pernambuco

segunda-feira, julho 31, 2006

Salve-me a viola!


Não é que faltem assuntos. Falta-me vontade de escrever sobre eles, de uma mesmice mediocrizante.

Cansei de falar do Lula, seus asseclas e sua “ética”. Dos políticos ladrões e seus roubos cada vez mais descarados.

Não agüento mais ler sobre a Varig e sua agonia.

Tenho horror de ler sobre Israel matando impunemente mulheres e crianças no Líbano. Envergonha-me o pudor do mundo em condenar Israel e os EUA em nome do holocausto que virou justificativa para um vergonhoso terrorismo de estado.

Falta-me estômago para ler diariamente os mais escabrosos e os mais banais assassinatos.

Fico desanimado com a certeza da reeleição dos políticos corruptos e como campeões de votos.

Cansei dos evangélicos ignorantes expulsando falsos demônios e enriquecendo bandidos verdadeiros.

Acho que vou voltar a tocar violão.

sábado, julho 22, 2006

Pequenos Delitos, Brasil

Ceará, agitado, com olhar inquieto de águia, é de Limoeiro do Norte. Em 1986 mudou-se para Guarulhos, SP, em busca de vida melhor. Lá ganhou o apelido e estabeleceu uma pequena bodega. Conheceu uma pernambucana, viúva nova, e juntou-se. Com ela veio um filho com ano e pouco.

Assaltado duas vezes e já com algumas rixas pessoais foi convencido pela mulher a se mudar para Pernambuco. Veio dar em Jardim Piedade em Jaboatão dos Guararapes. Comprou um ponto de barraqueiro na praia de Piedade. Um dos melhores.

Passados alguns meses a vendedora de seu ponto voltou à praia e instalou-se quase ao seu lado. Não reclamou.

Ativo, não conseguia ficar parado esperando freguesia como todos os outros barraqueiros. Construiu uma catraia e quando o movimento da barraca era fraco deixava lá seu filho adotivo, hoje com quinze anos, e se largava para o mar a pescar. Vendia seus peixes ali mesmo na praia, fresquinhos.

Para a mulher montou, de novo, um pequeno negócio em frente à sua casa para vender doces. Tentou a sorte também na feira de Prazeres vendendo carne. Batalhador, enfim.

Passado o verão notei que sua mulher não mais o ajudava na barraca da praia. Perguntei por ela e ele me disse que "a mulher era muito preguiçosa. Imaginasse eu uma mulher com 40 anos, novinha e já aposentada. Não sabia nem como isso era possível. Coisas do Brasil."

Não é na verdade aposentada, mas pensionista. Enviuvou muito cedo e recebe R$ 600,00 por mês de pensão. Por isso não quis casar com ele, para não perder a pensão e como tantos, mesmo engabelando o Estado e todos nós, continuar mamando nas tetas da viúva.

Juntaram-se, tiveram uma linda menina, mas nem pensasse em papel passado!

Pequenos Delitos não é uma cidade ou estado do imaginário brasileiro. Pelo contrário, é uma grande comunidade presente em cada um dos 5561 municípios em todos os estados do país.

sexta-feira, julho 21, 2006

Palpiteiros


Você já reparou como é fácil resolver os problemas dos outros? Não passa dia que eu não ouça palpites sobre como eu deveria tocar minha vida resolvendo minhas agruras desde uma simples unha encravada até as mais profundas mágoas do coração.

Alguns começam rodeando, cercando Lourenço, passam por uma sumária descrição da genialidade de Freud, de suas desavenças com Jung, até chegar ao ponto que interessa: “viver a vida do jeito que você vive, não vale a pena. Há que reagir ao desânimo, visitar os amigos, ir ao cinema e não ficar aí ensimesmado pensando não sei o quê”!

Outros, mais simples, vão direto ao ponto, e tem sempre um bom exemplo a ser seguido e soluções milagrosas: “você devia fazer como o Eufrásio. Vivia meio borocochô receitei um floral de Bach que foi tiro e queda. Animou-se, vive rodeado de amigos, vai a festas, até em rave já foi!”

O mais engraçado é que para resolverem o seu problema eles têm antes que criar o seu problema. Se você diz estar um pouco cansado vem logo o diagnóstico. “Deve ser o fígado, você anda exagerando na cerveja, tem que se alimentar melhor, tá magro como um vara pau! Bata uma vitamina de abacate com berinjela, tomate e laranja. Pode por um pouco de suco de limão também, tem vitamina C.”

Argumento que não deve ser o caso já que acordei as cinco e meia da manhã, andei hora e pouco na praia, nadei num gostoso banho de mar, tomei umas cervejinhas no almoço e agora às 3 da tarde estou meio cansado, pronto para uma sesta. Não adianta. “É isso, exagerado, tem que ir com calma afinal você já não é mais criança, né?”

Sempre pensei que não tivesse nada de errado com esta vida que eu levo : caminhar na praia, banho de mar, uma cervejinha gelada, uma boa música. Ler meu jornal com calma em silêncio, vez por outra um filminho na TV, um bom livro, surfar na internet. Eu gosto disso. Gosto de não ter compromissos, de não ter que ir a algum lugar nem ter que visitar alguém, de ir ver tal filme ou tal peça teatral porque são as da vez. Gosto de ficar só. Estou confortável assim.

De vez em quando tenho lá minha depressãozinha, mas já tomei minhas providências. Vou a uma psiquiatra muito simpática. São sessões memoráveis! Chego para a consulta carregado de problemas e ela, logo ela, acha que eu não tenho problema nenhum. Afinal de contas diariamente a gente é bombardeado por milhares de insights negativos. São guerras, assassinatos, roubalheira geral, calamidades, falta de solidariedade. Mexem mesmo com a gente.

Tá certa ela, neste mundo de hoje, felicidade em tempo integral é um estado de demência e eu seguramente não atingi esse estágio. (“Ainda”, comentam meus palpiteiros de plantão).

segunda-feira, julho 17, 2006

Código de Defesa do Eleitor


Entre tantas inovações criadas pelo Código de Defesa do Consumidor uma das mais importantes é a possibilidade do juiz inverter o ônus da prova, no processo civil, em benefício do consumidor: quem deve provar o questionamento é aquele que recebe a acusação, e não o acusador.

Diante do descaramento do Congresso Nacional que não condena deputados ou senadores pelos mais incríveis e diversificados crimes cometidos, desde simples roubos até mensalões, propinas para apresentação de emendas, lavagem de dinheiro, apresentação de notas fiscais frias para receber uma indecente verba indenizatória, etc., etc., deveríamos exigir a mesma exceção, como eleitores.

Criaríamos o Código de Defesa do Eleitor: de hoje em diante caberia aos candidatos e ocupantes de cargo público federal, estadual ou municipal, a priori, provarem que não são ladrões, estelionatários, traficantes ou mensaleiros.

Não seria uma boa idéia?

Por exemplo: o deputado Inocêncio de Oliveira recebeu durante o ano de 2006, até meados de junho, R$ 83.275,75 de verbas indenizatórias sob a rubrica genérica de locomoção, hospedagem e alimentação.

Por serviços tão diversificados obteve ressarcimento, sempre em números redondos, no mês de janeiro de R$ 19.300,00, em fevereiro, R$ 13.600,00, em março R$10.000,00, abril nada mas compensou em maio R$ 20.900,00 e junho R$ 20.475,75, única despesa quebrada do semestre, por coincidência quando a emissão de notas frias foi denunciada.

Com sua prepotência não se deu nem ao trabalho de disfarçar, como fazem outros, apresentando notas de valores quebrados mais compatíveis com as despesas do dia a dia.

Pelo novo Código teríamos o direito de acusá-lo, no mínimo, de fraudar despesas. Caberia a ele provar com notas fiscais suas despesas anexadas a um parecer de auditoria independente que comprove a veracidade e regularidade de tais indenizações. Caso contrário, em rito administrativo sumário, deveria devolver em dobro o valor recebido sem prejuízo da devida ação cível e criminal.

PS: consulte as despesas indenizadas de seu deputado federal no site:
http://www2.camara.gov.br/transparencia/deputado/quotas

quinta-feira, julho 13, 2006

E os primeiros R$ 400 mil?



Lula hoje é uma pessoa rica.

Seu patrimônio é de R$ 800 e tantos mil reais. Está no topo da pirâmide social do Brasil. Terminado seu atual mandato será um milionário. Já é se tivesse declarado valores reais de seus imóveis. Parabéns e felicidades para ele e família.

Depois de eleito presidente, Lula (ou qualquer outro) não comprou nem um palito. Tudo o que ele gasta e consome pagamos nós. Desde a sagrada birita, passando por seus charutos cubanos até o mais trivial pão de queijo, peladas e churrascos, tudo, enfim, tudo mesmo, pagamos nós.

Portanto não é de estranhar que nos últimos três anos e meio tenha poupado integralmente sua discutível aposentadoria de cerca de R$ 4 mil mais sua remuneração de presidente de R$ 8 mil e pouco. Dá uma poupança de uns R$ 150 mil por ano. Até aí tudo bem.

O que me intriga mesmo é como conseguiu poupar os primeiros R$ 400 mil quando só recebia a tal aposentadoria e era dirigente do PT e tinha que pagar todas as suas contas.

Não só viveu às custas dos trabalhadores que diz representar como também amealhou uma pequena fortuna pela média do que ganham seus supostos representados, os verdadeiros trabalhadores do Brasil.

Quantos metalúrgicos brasileiros acumularam durante toda sua vida R$ 400 mil reais?

É intrigante ou não é?

sábado, julho 08, 2006

O melhor da Copa


Para não passar em branco elegi o melhor da Copa esta frase publicada pelo Zé Simão em sua coluna:

Liberté, egalité et vansefudé!

Voltei!