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Local: Varanda em Pernambuco

quarta-feira, novembro 18, 2009

O poste balançou. E agora?

Se você não foi um militante clandestino da esquerda revolucionária no tempo da ditadura e nem é gaúcho certamente a Dilma Roussef para você é politicamente um poste. Dela tomou conhecimento quando Lula a nomeou Ministra de Minas e Energia. Se é que se deu conta.

Pouco se sabe dela além de ser uma gestora durona, grosseira, mesmo, com subordinados e pares, e com um currículo de mestranda de economia enganoso.

Seu destaque como Ministra de Minas foi o desenvolvimento de um novo modelo de setor elétrico brasileiro, que busca reduzir preço ao consumidor, através de contratos mais longos para fornecimento entre Geradoras e Distribuidores. Parece que não foi uma boa idéia.

Dizem os mercadólogos que “sempre existe um produto mais barato e.... pior! Parece que serviu como luva para a ministra. O recente apagão que o confirme.

Hoje Ministra da Casa Civil foi elevada pelo Lula à pré-candidata à presidência da república. É voz corrente que com sua altíssima popularidade Lula elege até um poste para seu sucessor. E assim infere-se que o poste da vez é a Dilma.

De repente acontece um apagão. A bem da verdade um duplo apagão: de energia e da Dilma. Blindada, foi escondida pelo governo que lançou às feras o atual Ministro de Energia, Lobão, para dar as devidas explicações do ocorrido. Como não é do ramo saiu-se muito mal a ponto de Lula ter de interceder cobrando explicações críveis.

È interessante ver como o desespero embota o raciocínio. Para não correr o risco de ser comparado com o apagão do governo de FHC, neura diuturna dos governistas e do próprio Lula, começaram a complicar o simples. Ao invés de admitirem logo que houve um acidente, mudou-se o nome para blecaute como se o país às escuras se importasse com o nome da escuridão.

De repente numa entrevista surge Dilma. Perguntada, fora do script, pelo apagão perdeu a pouca cintura que tem e dirigiu-se com prepotência à repórter chamando-a de “minha filha” e dando aula de obviedades. Foi o primeiro teste de stress público da talvez futura candidata.

Saiu-se pessimamente e ficou a impressão que com esse andar da carruagem será presa fácil para as agressivas ciladas de uma campanha política.

O poste balançou. E agora? Segura, Lula.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Por dois aminoácidos!

Estudo de cientistas da Universidade da Califórnia indica que dois aminoácidos da proteína do gene FOXP2 podem ser responsáveis pela fala do ser humano. A diferença dessas moléculas é a única no sistema da faculdade de falar em comparação com o dos chipanzés.

Fiquei matutando como só dois aminoácidos podem mudar tanto a evolução das espécies. Veja, por exemplo, a primeira dama. Ela não fala e por isso pode muito bem ser, no futuro, uma ancestral do “homo primusdamus”. Este ser evoluiu para trocar a fala , por exemplo, por análise de expressões faciais.

Dela, primeira dama, só conheço três: séria, sorrindo e rindo. Mas a nova espécie, no futuro, pode desenvolver uma sensibilidade tal que reconheça uma miríade de expressões entre as pontas daquelas que reconheci e por meio delas se comunique.

Pense também nessa juventude twiteira, orkuteira e tecladista em geral. Desenvolvem uma linguagem absolutamente nova que substitui não só a fala como o vocabulário atual, suprimindo sempre que possível as vogais. No futuro aqueles dois aminoácidos serão, para eles, completamente dispensáveis. Poderíamos chamar a nova espécie de “homo tecladus”. O mal dessa espécie é que só se comunicam entre si em suas subespécies tornando-se autistas tribais.

Eu mesmo há muito que tenho dificuldade de escrever a mão. Coisa mais esquisita. Quando cursava o primário aprendi caligrafia, imaginem. Quanto tempo jogado fora. Hoje se não leio o que escrevo imediatamente, alguns minutos mais tarde já não consigo entender meus garranchos.

E no meu caso a transferência genética foi de primeira geração: a escrita dos meus filhos tem uma caligrafia própria, a ogrática, um neologismo relativo a ogro. Principalmente o caçula que é médico classe sobejamente conhecida por seus hieróglifos.

Finalizando, lembre-se de, na próxima vez que encontrar um chipanzé, reverenciá-lo. Afinal para lhe desejar “bom dia” faltam-lhe apenas dois aminoácidos. Tente perscrutar suas feições e retribua-lhe com um simpático sorriso. Não esqueça que ele é primo da primeira dama.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Porque não um apagão?

Esse pessoal da foto ao lado se reuniu três dias consecutivos para resolver um sério problema: como afixar uma escada de madeira de 14 degraus que dá acesso da rua à praia.

Parece brincadeira, mas não é.

São sete funcionários graduados da prefeitura de Jaboatão e de seu fornecedor que discutiram três dias este assunto. No quarto, finalmente, instalaram a escada.

Perguntei-me o que aconteceria se fosse uma ponte. Quantos dias e quantos aspones para decidir?

Encontrei hoje a resposta na manchete de primeira página do Jornal do Commercio de Pernambuco:

“Tem um metrô. E a prefeitura não viu.”

O projeto de duplicação do viaduto Capitão Temudo que une o Centro à Zona Sul, em execução pela prefeitura de Recife, é de 1976 quando ainda não existia metrô na cidade!



O projeto prevê oito pilares nas proximidades dos trilhos do metrô, dois deles entre as linhas de ferro. Para não correrem o sério risco de eletrocutarem seus funcionários os engenheiros da prefeitura teriam de pô-los para trabalhar da meia noite às 3,30 horas levando o custo da obra às alturas.

Outra solução seria paralisar todo o sistema acarretando o corte de transporte para 200 mil pessoas.

Optaram, não sem várias reuniões antes, por investir mais R$ 3 milhões e refazer o projeto adaptando-o ao terrível e real inconveniente de ter um metrô no seu caminho!

Agora fico me perguntando: com esse nível de administradores públicos, projetos e obras, porque não um bom e geral apagão no Brasil? Ontem tive a resposta.

Ainda bem que a escadinha da minha praia já está pronta!

sexta-feira, novembro 06, 2009

Um homem que sabe o que não quer

Esse sugestivo título chamou minha atenção quando lia o jornal Valor de ontem. A matéria traça um ligeiro perfil de Jayme Garfinkel dono de uma das maiores seguradoras do Brasil, a Porto Seguro.

Considerado um “cabeça dura” foi capaz de descartar associação com o Bradesco e firmar uma com o Itaú como queria, mantendo o controle da companhia.

Aos 62 anos resolveu há tempos fazer uma lista de coisas que não mais faria. Desde uma prosaica recusa de comer risotos e kiwi até frequentar coquetéis. Fora da lista só coisas e pessoas que lhe dão satisfação.

Quantas vezes não fizemos listas parecidas até começarem a surgir exceções que por fim punham a lista a perder? Eu mesmo fiz várias tentativas.

Até que um dia acordei com o saco realmente cheio e radicalizei: não faria mais concessões para nada, literalmente nada. Se não estivesse a fim de fazer alguma coisa não faria e fim.

Comecei com os tais compromissos sociais. Eliminei-os de minha vida. Se for a um evento social não será por compromisso, mas porque me deu vontade de ir.

Sempre aparece alguém para lhe censurar: puxa o cara é tão teu amigo você não pode deixar de ir. Acontece que o cara é meu amigo, mas os amigos dele não são ou o lugar que ele escolheu para lhe convidar é um pardieiro ou escolheu um horário que não bate com o seu.

O melhor, por princípio, é dizer que cortou compromissos sociais, que não lhe levem a mal, mas é assim que é. E agüente o tranco. Normalmente não lhe convidam mais o que acaba lhe poupando o desgaste de não ir.

“Reunião de negócios” normalmente é nome pomposo para papo de botequim fora de lugar. Começa com um “precisamos conversar, vamos marcar uma reunião”. Sugiro que de imediato pergunte o assunto, qual o negócio e onde você entra nele.

A resposta, via de regra, é “tive uma idéia e acho que deveríamos conversar a respeito”. Sugiro que tope e comece a conversa imediatamente por telefone mesmo. “Qual a idéia?”. Perdi a conta das vezes de que esse simples começo encerrou a futura reunião.

Não foi um aprendizado fácil porque todos nós estamos a fim de um bom negócio e portanto abertos a ouvir propostas. O cara “sem negócios” cria em sua cabeça algumas hipóteses e para fingir que está trabalhando lhe envolve na trama.

Já passei horas com fulanos que não paravam de falar sobre idéias que já tiveram na vida, repetitivas, chatas até o dia que você não agüenta mais e barra o papo no nascedouro.

Outra concessão que não faço é sair do meu ócio porque “temos que ir ver o show do fulano, não podemos perder.” Se não estiver com vontade perco e não explico.

Aliás, explicar minha vida e opções é outra medida que está na minha lista de cortados. Dei-me conta que não devo explicações a ninguém, mas a ninguém mesmo.

O que tenho pela maioria das pessoas é consideração. Se alguma atitude minha for interferir na vida de outra que considero aí abro diálogo com muito prazer.

O que viabilizou a lista do que não quero é que nunca tive o dinheiro nem o sucesso do Garfinkel. Isso facilitou muito as coisas.