Meusditos

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Local: Varanda em Pernambuco

quarta-feira, abril 29, 2009

Tempos de histeria

Outro dia vi num jornal da TV local uma menina de uns 12, 13 anos que foi a um jogo de futebol com um cartaz pedindo o técnico do time em casamento, um respeitável senhor, casado, que poderia ser seu avô.

Mais me impressionou a atitude da mãe da menininha. “Apoio, adoraria ser sogra do fulano”!

Fico me perguntando o que leva essas pessoas a tais atitudes. Hoje qualquer pessoa que apareça mais de uma vez na TV já é alvo de gritos histéricos por onde passa. Imagino que seja o fundo do poço a que chegamos na educação.

Quanto menos educação se recebe mais se exacerbam os sentimentos primários, os gritos, os urros, as palavras de ordem e por aí vai.

Não deixa de ser também uma forma de expressar uma desesperança com as coisas do país. O Brasil se acanalhou, perdeu a compostura. Perdeu-se o exemplo das pessoas honradas que de tão envergonhadas se esconderam, não participam da vida pública para não serem confundidas com a canalha que toca o país.

Há quanto tempo não se ouve falar em Pedro Simon, por exemplo? Morrer não morreu. Deve estar se mortificando e querendo ser esquecido como senador desta republiqueta.

Mesmo o senador Jarbas Vasconcelos que denunciou seu PMDB como um partido de corruptos revelou-se um herói de vôo de galinha sobre a ética. Nem sequer completou suas denúncias e voltou ao conforto das benesses senatoriais.

Por essas e outras até entendo que a menininha busque seu ídolo em quem cumpre seu dever com compostura, como o técnico e o jogador de futebol, o mecânico da esquina, o sorveteiro.

Mas, por favor, mocinha, distância dos padres, principalmente se paraguaios.

quarta-feira, abril 22, 2009

Homens honrados

Em 30 de março último enviei aos senadores Marco Maciel, Sergio Guerra e Jarbas Vasconcelos de Pernambuco, meu domicílio eleitoral, o seguinte email:

“Prezado senador,

Li, estarrecido, a matéria da última Veja sobre as benesses do senado, senadores e funcionários. Não me lembro de nenhuma intervenção sua para apontar os desmandos da casa ou lei que os corrigisse. Gostaria de saber sua opinião sobre a matéria, se verdadeira ou não, parcial ou não, e se verdadeira como conviver com tamanha sem-vergonhice, calado?

Talvez me falte informação para entender as mazelas do poder. Estou disposto a me esforçar para entendê-las a começar por suas bem-vindas explicações.

Cordialmente,”

Imaginei que teria uma resposta imediata visto que, assim como Brutus, são homens honrados que certamente aproveitariam a oportunidade para explicarem seus esforços para sanear as falcatruas do Senado.

Além disto, cada senador tem 12 auxiliares, assessores e secretários parlamentares, além de seus escritórios no estado que representam. Imaginei que pelo menos um dos aspones pudesse responder as cartas e emails recebidos por seus chefes mesmo que para mentir se necessário fosse.

Passaram-se os dias e até hoje não mereci a atenção de Suas Excelências.

Lembrei-me de um artigo do jornal Valor, “É público, é privado” deste último fim de semana no qual o professor de Ética e Filosofia Política da USP, Renato Janine Ribeiro, comentando os descalabros dos congressistas, afirma que “o que mais chama a atenção é o acinte. Todos acham que não tem de dar satisfação a ninguém”.

Mas são todos homens honrados.

segunda-feira, abril 20, 2009

Quem, eu?

Será que os novos paladinos da dignidade, ética e moral pública ainda não se deram conta de que já chafurdam na lama do Congresso?

O PSOL, dissidente das roubalheiras do PT, promoveu em novembro passado um “ato contra a corrupção”. Para dele participar convidou o delegado Protógenes Queiroz o das escutas telefônicas em prol da democracia e da justiça!

Até aí, tudo bem. Mas, ao invés do partido bancar as despesas de seu convidado, a deputada Luciana Genro, que não se perca pelo sobrenome, resolveu pagar as passagens aéreas do delegado com sua “cota” da Câmara.

Divulgado o fato, saiu-se com a mesma candura de todos os picaretas do Congresso: ”Se a Câmara proibir o uso de passagens por terceiros, o partido devolverá o valor”.

Está cansada de saber que este tipo de argumentação é para cair no vazio, no esquecimento e que ninguém de partido nenhum jamais devolverá um centavo do que utilizou por complacência geral com a descompostura e a imoralidade.

A tal cota de passagens aéreas foi criada como um vale transporte para pagar ao congressista sua ida de casa ao trabalho e vice versa. Ponto. Se não utilizar uma semana deveria ficar no caixa da Câmara e não acumular para utilização futura ou patrocinar férias de cônjuges, filhos e que tais mundo afora.

Coitada da Genro, já é uma transgressora e finge que não sabe e que nós não percebemos.

quarta-feira, abril 15, 2009

Casa da mãe Joana, 300

A TV Globo Nordeste tem um quadro em seu jornal do meio dia, o NETV, chamado “Vida Real”. O apresentador vai aos bairros com problemas e os apresenta ao vivo, normalmente levando e entrevistando responsáveis do poder público pelos problemas e cobrando soluções.

É extremamente interessante e muito relevante no serviço que presta às comunidades.

Ontem apresentou um bairro popular em Jaboatão dos Guararapes onde o correio não chega. Por vários problemas. Vias de difícil acesso, crescimento desordenado e casas sem numeração, entre outros.

Os entrevistados, um da prefeitura e outro dos Correios ficaram naquele jogo de empurra, mas garantiram que no máximo em um ano o problema será resolvido. Um ano!

Não pense você que este é um problema de bairros periféricos e populares.

Moro na principal avenida do bairro de Piedade, o mais nobre de Jaboatão. Meu vizinho de frente, do outro lado da rua, tem uma numeração como se estivesse a mil metros de onde estou. A numeração é posta pelo morador e não tem nenhuma relação com nada. Se eu gosto do número 2500, por exemplo, coloco-o no meu imóvel e tchau.

Anos atrás tentei sensibilizar um vereador que conhecia para resolver o problema. Nem sequer me respondeu.

Ainda tem um agravante nesta avenida. Como os prédios na quadra do mar, em sua maioria são beira mar, alguns colocam sua numeração como se o imóvel fosse à Avenida Beira Mar. Trata-se de uma avenida virtual, que não existe, nunca existiu e, com o avanço do mar, jamais existirá.

Mas como acham chique morar na avenida beira mar colocam um número imaginário e, pior, o exibem na portaria da avenida principal, a única que existe.

Quando alguém quer lhe entregar uma encomenda não adianta você indicar o logradouro e a numeração. Pedem logo o nome do prédio e uma referência, senão não te encontram.

Por isso resolvi morar na Av. Casa da mãe Joana, 300. Quando me perguntam onde é isso respondo na Bernardo em frente à agência dos Correios. Não tem erro!

quinta-feira, abril 09, 2009

Isso vai dar merda!

Já estou com saudades do Lula de férias brincando de presidente mundo afora com popularidade em alta e a economia em céu de brigadeiro. Na primeira marolinha resolveu trabalhar e é aí que mora o perigo. Começaram as tais intervenções pontuais na economia. Parece o Sarney.

As montadoras de veículos precisam de ajuda, baixa o IPI. Que tal agora liquidificadores, lava louças e quejandos. Dá-lhe isenção.

-"Precisamos baixar os juros de mercado. Demite o presidente do Banco do Brasil."

-"Dilma, dá uma ajudazinha, pô!"

-"Os bancos federais não precisam ter tanto lucro, precisam baixar os juros e se preocupar com o social."

-"Mas ministra o BB não é um banco social é um banco de economia mista com ações negociadas em bolsa."

-"Demite o presidente!"

-"Ministra não dá para demitir os sócios do banco. Eles vão processar a senhora. Isso vai dar merda! Banco social é o BNDES, porra!"

-"Ô do marketing, lança um factóide aí, porra, vê se desvia a atenção."

-"O governo vai construir um milhão de casas populares!"

-"Cara isso nós já dissemos em 2006 e não fizemos porra nenhuma."

-"Deixa, presidente, ninguém lembra mais. Deixa comigo."

-"Vamos construir um milhão de casas no programa Minha casa, minha vida! É o governo trabalhando para o Brasil de todos. Maiores informações pesquise na internet."

-"Mas, ô anta, não são casas populares, como é que o individuo vai procurar informações na internet? Só se for numa lan house!"

-"Calma, presidente, é só para a gente ganhar um tempinho para tentar organizar esse breguete."

-"Ô presidente, o Eduardo Campos, seu queridinho lá de Pernambuco, já tá reclamando dessas isenções do Mantega. Diz que assim ele vai quebrar os estados e os municípios. Olha a base, presidente, olha a base. Isso vai dar merda."

-"Mas quem mandou criar tantos municípios? De 1988 até 2000 criaram quase 1800 municípios, a maioria com menos de 10 mil habitantes e sem nenhuma renda. Essa cambada de políticos fica dividindo o nada em coisa nenhuma para arranjar uns votos e ganhar uma merreca do FPM e agora ficam chiando! Tem mais é que se fuder mesmo!"

-"Presidente o Sr. tá parecendo o Chavez. Isso vai dar merda!"

terça-feira, abril 07, 2009

É, mas não é. Entendeu?

Ontem me ligou um amigo assinante do Diário de Pernambuco perguntando como eu podia ler um jornal que mente desde o nome de seu verdadeiro fundador. Referia-se aos “Meusditos” de anteontem que escrevi sob o título de “O João dançou”.

Jornal, dizia ele, vende informação e eventualmente opinião, mas sua matéria prima é informação. Como confiar num jornal que diz que seu fundador em tal data foi fulano quando na verdade foi sicrano?

Tentei explicar, sem nenhuma convicção, confesso, que a propriedade do jornal foi adquirida pelo F. Pessoa de Queiroz há muito tempo e que por tradição o “slogan” que o F. Pessoa de Queiroz criou incorporou-se à história do jornal.

Indignou-se! “Como se incorporou à história? História não se cria baseada em conveniências. História registra fatos. Se o tal de João fundou o jornal em 1919 não foi o F. Pessoa e ponto. Foi o João!”

Não tive como contra-argumentar. Realmente é esquisito, para dizer o mínimo, que o JC ostentasse por anos em sua primeira página, parte integrante de seu cabeçalho, uma informação que não é verdadeira.

Deve haver uma explicação. Infelizmente na resposta à minha pergunta ao jornal optaram por responder laconicamente, quase com má vontade, que sim João é o fundador.

Não disse a ele, mas mandei a pergunta para a editora Maria Luiza Borges e para a seção cartas. Respondeu-me a secção cartas, sem subscritor.

Disse-lhe: considere que pelo menos já tiraram o slogan da primeira página e passaram para um pequeno registro no expediente.

Respondeu-me: “Meu velho não vem com senões. A informação ou é correta ou não é. É pá pum!

E desligou.

segunda-feira, abril 06, 2009

Poluição nas praias de Jaboatão!

Há anos o rio Jaboatão, em Jaboatão dos Guararapes, PE, é vítima de poluição provocada pela Usina Bulhões que duas vezes por ano descarrega em seu leito vinhoto, um subproduto da destilação do álcool.

A mortandade dos peixes é imediata. Pescadores e crianças, ribeirinhos, saem pegando os peixes que ainda respiram. “É o jeito, dizem eles, a gente vive do rio, mas com o rio poluído é pescar o que encontrar”.

Na hora certa o vinhoto é insumo, pois serve para irrigar a plantação. Terminada a safra a calda, como chamam, é descartada. Desconheço qualquer atitude das autoridades para multar ou penalizar a usina.

Mais grave ainda é que o rio desemboca no mar na praia de Barra de Jangada e, com as correntezas, vem poluindo, além dela, as praias de Candeias e Piedade.

Ontem no fim da manhã a espuma do vinhoto carregada de lixo e peixes mortos passou pela praia aqui defronte. Tirei a foto que ilustra este “Meudito”, mas por incompetência do fotógrafo, não revela com dramaticidade a sujeirada.

Vale pelo registro.

sábado, abril 04, 2009

O João dançou!

O Jornal do Commercio, líder em Pernambuco, completou ontem 90 anos. É disparado o melhor jornal daqui.

Passou por fases difíceis até ser comprado e reerguido pelo grande empresário João Carlos Paes Mendonça.

Desde que me mudei para cá que o assino, com um breve interregno por má vontade com um dos jornalistas que compõem seu quadro de profissionais.

Adotei há algum tempo a atitude de stress zero tentando por todos os meios não deixar que alguma coisa encha o meu saco.

Ficou mais fácil também de ler jornal. Simplesmente pulo e não leio a coluna do tal jornalista.

Algumas coisas que antes me incomodavam agora me divertem. Conto um caso ocorrido ontem. Mandei ao JC o seguinte email:

“Prezados Senhores

Durante muitos anos o JC exibia abaixo de seu logo a frase “Fundado em 3 de abril de 1919 por F. Pessoa de Queiroz”. Hoje no seu expediente.

No especial de hoje sobre os 90 anos do jornal, página 2, somos informados que o jornal foi fundado em 3 de abril de 1919 sob responsabilidade de seu proprietário João Pessoa de Queiroz.

Francisco só é citado na entrevista que fez com Mussolini em 1924 para o JC “de que era apenas diretor”.

Afinal quem é o fundador do JC e quem era João Pessoa de Queiroz?

Abraço”

Recebi hoje a seguinte e seca resposta:

“Foi João, irmão de Francisco. Mais tarde, Francisco assumiu o comando só, adotando o F. Pessoa de Queiroz.”

Permito-me rir da apropriação perpetrada durante anos pelo F. Pessoa de Queiroz e seus sucessores.

Coitado do João!

sexta-feira, abril 03, 2009

Mistério dos caquis

Começo de março estive em São Paulo. Perto de onde fiquei tem uma bela loja do Pão de Açúcar, em frente ao Portal do Morumbi. Coisa fina. Como gosto de caqui pedi ao meu filho para me comprar uma bandejinha. Vieram uns caquis de quinta categoria.

Sua empregada comprou outros numa loja de hortifruti ali perto. Melhoraram pouca coisa.

Voltando para Piedade comprei uns caquis vendidos nas esquinas. Perfeitos, rígidos, maduros, bem embalados e conservados. Logo pensei que deveriam vir do Vale do São Francisco. Nada, em Pernambuco não se cultivam caquis. São produzidos em regiões de clima subtropical e temperado.

O Estado de São Paulo é o principal produtor brasileiro de caqui, possuindo uma cultura bastante desenvolvida e de relevante importância econômica. Produz 87 mil toneladas, com uma área de 3610 hectares e quase um milhão de pés.

Ontem ao pegar um para comer notei uma pequenina etiqueta redonda colada num deles. Lá estava “TH Frutas selecionadas, Guararema, SP”!

Fui procurar saber onde é esta tal de Guararema. Os principais municípios produtores são Mogi das Cruzes (40%), Ibiúna (7%), Guararema e Morungaba (5% cada). Ficam no Vale do Paraíba.

Como um supermercado do porte e qualidade do Pão de Açúcar não consegue ter caquis de qualidade que são produzidos em São Paulo e vendidos na CEAGESP e os meninos nas ruas de Piedade vendem esses caquis em perfeitíssimas condições em qualquer sinal de trânsito?

Quem souber me responda.