Meusditos

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Local: Varanda em Pernambuco

sábado, março 31, 2007

Oscar goes to....

Blonga vida!!!

Sem maiores delongas a expressão deseja vida longa aos “Meusditos”.

Nada mau para começar o segundo ano no ar.

Antes que digam que foi uma decisão despótica quero deixar claro que, sim, foi.

Mas nem que eu quisesse poderia ser diferente por que só mesmo parentes, quase parentes, possíveis parentes ou amigos lêem meu blog!

Assim como outros, este voto de continuidade não foi postado no blog, veio por e-mail. Deve ser a timidez, a falta de tempo ou medo da súbita fama que resulta de qualquer publicação em Meusditos!

Mas chegou e foi o vencedor do concurso.

Como não gosto de seguir regras, e conhecendo o gosto do ganhador, mudei o prêmio.

Receberá o álbum duplo “100 Anos de Frevo”, da “Biscoito Fino”. Um, instrumental com a Spock Frevo Orquestra, e outro, cantado por vários artistas nacionais. Como o nome indica é homenagem aos cem anos do frevo comemorados este ano.

O prêmio original “Viola Caipira” darei ao Bruno meu orientador de informática que, descobri, fez conservatório de música como violonista.

Ano que vem tem mais.

Ao que interessa.

Pelo achado criativo, revelando uma perspicácia incomum e fino senso de humor, o vencedor só poderia ser....... meu irmão, Durval!

É esse da foto com a nossa bela mãe. Parece meio sdronzo, mas não é. Cresceu e ficou mais espertinho!

Essa família é fogo!!

sexta-feira, março 30, 2007

Por Deus, Sobel!


A doméstica Angélica Aparecida Souza Teodoro, 18 anos, negra, ficou presa 128 dias no Cadeião Pinheiros em São Paulo, acusada de ter roubado um pote de manteiga de três reais.

Injustiça? Talvez, mas roubar um ou um milhão é crime, embora juizes já tenham se negado a decretar prisão por irrelevância do objeto do furto.

Angélica tinha motivos. Mãe, pobre, roubou para dar de comer a seus filhos.

Henry Isaac Sobel, filho de belgas, nascido em Portugal e criado nos Estados Unidos, é presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista.

Foi preso em Palm Beach, Flórida (EUA) acusado de roubar gravatas de grife em lojas chiques da cidade, uma delas a Louis Vuitton. Valor total do roubo US$ 680,00.

Ao ser preso escondeu ser rabino, preferiu identificar-se como professor.

Passou 21 horas na hoje conhecida como cela santa onde já haviam ficado os bispos Sônia e Estevão Hernandez da Igreja Renascer. Pagou US$ 3 mil de fiança e foi solto.

Injustiça? Talvez, mas roubar um ou um milhão é crime, e a lei faculta a liberdade sob fiança.

Henry Sobel, o professor, não tinha motivos aparentes para roubar. Seu salário é estimado em R$ 25 mil reais. Casado, respeitado, desfrutava de posição relevante no cenário político e social.

Tinha, aliás, participação efetiva em todo e qualquer movimento social ou religioso de visibilidade. Apreciava um holofote. Era um onipresente papagaio de pirata.

Diz que herdou do pai a sabedoria e da mãe, a vaidade. Antes de ser fotografado pede licença para conferir no espelho se os cabelos estão devidamente alinhados, licença que não lhe concedeu a polícia de Palm Beach.

Por Deus, por que foi capaz de gesto tão tresloucado?

Só consigo enxergar duas possibilidades.

A primeira, é óbvia, ficou louco. Aliás, já o internaram no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para exames e provável definição de linha de defesa.

A segunda deve ser sua aspiração política. Deve estar querendo mostrar currículo e candidatar-se a federal!

PS: As despesas pagas com cartões de crédito corporativos dos funcionários do gabinete presidencial aumentaram de R$ 9 milhões, em 2003, para R$ 41 milhões em 2006. Ninguém foi preso!

terça-feira, março 27, 2007

Fugu, não, João!


João é um nissei de Marília, SP, que se mudou há quase trinta anos com família e cuia para Pernambuco e é um dos meus companheiros de caminhada matinal.

Como bom descendente, adora um sushi, um sashimi e tudo mais que lhe aparecer pela frente. É um bom glutão.

Outro dia nos informava, com água na boca, que logo mais no almoço comeria um osso de patinho!

Ninguém sabia que diabos era aquilo. Arriscaram que deveria ser o osso da carne conhecida por patinho. Não, nada a ver. Era uma espécie de alguma coisa ligada à cartilagem do joelho do boi, se é que boi tem joelho, para ser degustada com feijão preto e charque.

João é assim. Em matéria de comida regional sabe tudo. E só compra nas barracas armadas nas beiras de avenidas nos fins de semana ou em botecos mesmo. Trata-se de um sobrevivente!

Dizem as más línguas que seus níveis de colesterol, triglicérides e que tais são suficientes para enfartar dois ou três elefantes. Mas ele, impávido, todas as manhãs sai fagueiro para sua caminhada com o sol ainda nascendo.

Domingo retrasado João sucumbiu. Uma infecção intestinal deixou-o fora de combate por três dias. Mas também fez por merecer.

Raramente nos encontramos fora da rotineira caminhada, mas naquele domingo tomamos juntos uma cervejinha na praia. Não sou de ficar muito tempo nesses afazeres. Tomei umas duas e subi para um refrescante banho, musiquinha e o conforto da rede em minha varanda. Ficaram João e um grupo de amigos, entre eles Roberta, minha prima.

Na praia tomei com muito gosto um caldinho de mariscos. João já atacou com dois saquinhos de torresmo frito, sequinho, de primeira. Disse que estava com um pouco de fome já que pela manhã, após o café, havia comido somente uma rabada com polenta! Juro, não é brincadeira.

Depois que subi, vi se aproximando da mesa do pessoal uma vendedora de ostras. Roberta adora ostras. E o João? Também. Saciaram-se.

Não sei se vocês comem ostras na praia. As de Piedade vêm, em baldes, de Itapissuma, a 30 ou 40 km de distância, de ônibus, debaixo de uma temperatura de 30 graus, e passeiam na cabeça da vendedora ou vendedor por horas na beira mar ao canto de oshshshshstra, oshshshstra. Os vendedores, assim como as ostras, suam a alma. Suas mãos ensopadas abrem as conchas com uma pequena faquinha.

Convenhamos que não é o ambiente ideal para se degustar o molusco.

Mas tem gente que não resiste, entre elas, João.

Foi premiado. Uma das suas estava, digamos, um pouco estragada o que lhe custou os dias de repouso. Repouso é força de expressão, lógico. Neste tipo de intoxicação o circuito sala, quarto, banheiro, só não é mais movimentado que o da fórmula Indy em Indianápolis.

Por uma feliz coincidência, neste fim de semana saíram duas matérias sobre ostras, uma na Gazeta Mercantil e outra no Jornal do Commercio, de Recife. Guardei-os para dá-los ao João, mas aproveito para dividir com meus leitores algumas informações pitorescas.

Apreciadas há séculos, os gregos as cozinhavam em mel, os romanos as guardavam no sal e o Casanova as consumia cruas pela manhã acreditando em seus valores afrodisíacos.

Na Grécia antiga, além de irem à mesa suas conchas eram utilizadas como cédulas e nelas eram escritos os nomes de cidadãos que caiam em desgraça. Daí veio a palavra ostracismo!

A ostra é um organismo filtrador e por isso concentra grande quantidade de vírus, bactérias e fungos se o ambiente em que vive é poluído. Pode provocar doenças como cólera, hepatite e diversos tipos de infecções intestinais.

Pode também transmitir a difilobotriose provocada pela “Diphyllobothrium latum”, a tênia do peixe. No homem, o verme adulto se localiza no jejuno, e mede entre 3 a 15 metros de comprimento! Entre as manifestações clínicas, pode ocorrer dor epigástrica, dor de fome, anorexia, náuseas, vômitos, astenia e perda de peso.

Para não correr riscos deve-se procurar comer ostras depuradas, ou seja, ostras que ficam por 24 horas em água limpa e purificada com raios ultravioleta eliminando assim todas as suas impurezas.

Em Recife já existe a empresa de depuração de ostras Ostravitta que as fornece aos melhores restaurantes de frutos do mar da cidade.

Também em Santa Catarina, o maior produtor do país, e em Cananéia, litoral de São Paulo, além de criatórios adequados, existem ostras depuradas.

Apesar do João, no Brasil o mercado é ainda incipiente. Na França consome-se 12 quilos por habitante/ano.

Espero que meu amigo não resolva comer, na praia, um baiacu. É que no Japão tem um peixe semelhante, o Fugu, esta belezura que ilustra esse “Meusditos”, cujo sashimi é apreciadíssimo pelos mais exigentes gourmets.

O problema é que o Fugu tem uma concentração de toxinas tão grande que só uma pequena parte de seu corpo pode ser comida. Qualquer erro no corte pode causar a morte em poucos minutos.

No Japão morrem 100 pessoas por ano degustando essa rara e arriscada iguaria.

Te cuida, João, baiacu não!

domingo, março 25, 2007

Pré - História em Leilão


Esqueletos de mamute, de ursos das cavernas e de rinocerontes com lã e outros fósseis serão curiosidades colocadas à venda no próximo dia 16 de abril na casa de leilões Christie’s, filial de Paris.

Pela primeira vez será apresentado um esqueleto completo de mamute da Sibéria com 3,80 metros de altura e 4,80 metros de comprimento. Seu preço estimado é de cerca de US$ 300 mil.

Mais exótico ainda, um rinoceronte com lã, espécie desaparecida há 10 mil anos poderá ser comprado pela bagatela de US$ 120 mil.

O fóssil de peixe anjo de 50 milhões de anos, um dos únicos cinco conhecidos no mundo, sairá por uns US$ 100 mil. Barbada!

Um bezoar, estranha pérola que se forma no estômago de herbívoros, valia dez vezes seu peso em ouro no século 18. Na Christie’s, um de 12 centímetros de comprimento, poderá ser adquirido por US$ 50 mil.

Mas a vedete deste leilão da paleontologia é o fóssil que ilustra os Meusditos de hoje. Não só pelo valor envolvido, mas pela inusitada proposta: num lance negativo, embolsará, cash, na hora, US$ 1,2 milhão quem arrematar este “sarneus maranhensis” e levá-lo para bem longe de Paris.

Zé Bunda

Hoje vou falar de política. Perdoem se usar palavras inadequadas, politicamente incorretas, de baixo calão, obscenas, mesmo. São as que me vêem quando escrevo sobre o tema.

Corre pelo interior a história do Zé Bunda. Ainda menino, nos tempos dos poderosos, recebeu esse apodo.

Pode-se dizer que a alcunha moldou o caráter do Zé. Falador, simpático, prestativo, como uma compensação pela zombaria.

Deu-se bem, cresceu e tornou-se popular na pequena comunidade em que vivia. Tão popular que resolveu se candidatar a vereador. Foi o mais votado.

Afora o apelido, valeu-se do relacionamento de seus pais com os poderosos.

No cargo nunca apresentou projeto de destaque. Um nome de rua aqui, uma homenagem ali, um favorzinho para o farmacêutico, um para o padre e assim foi.

Anos depois foi fisgado pelos poderosos para ser candidato a deputado estadual. A glória, ele, o Zé Bunda, deputado! Mais uma vez foi eleito de goleada.

Aí se deu o inevitável.

Já não era mais o Zé Bunda do lugarejo, mas o Bunda, homem rico da região.

A alcunha, pela inconveniência, começou a incomodar, principalmente, a seus pais e muito especialmente à sua mãe, Arlena, que dizem, foi a responsável pelo apelido por sua relação, digamos, promíscuas com os donos do poder e seus glúteos avantajados.

Precisavam urgentemente mudar seu nome. Mas, como? Há tantos anos Zé Bunda, como, de repente, ser outro?

Contrataram o famoso “Lavarápido”, marqueteiro assim conhecido pelas análises ligeiras e superficiais que fazia das pesquisas que ele mesmo comandava e perdedor contumaz de eleições ganhas. Mas contava com o apoio dos caciques.

Reunião vai, reunião vem, meses de elucubrações, felizmente regadas com o mais fino scotch, uma infinidade de nomes sugeridos e finalmente chegaram a uma conclusão.

Cercados de toda pompa e circunstância proclamaram o novo nome vencedor: Chico Bunda!

Chico Bunda é hoje um obscuro cidadão de uma pequena aldeia no interior deste mundão!

Lembrei-me desta história porque guarda incrível semelhança com a que está acontecendo com o PFL, Partido da Frente Liberal.

Seus caciques resolveram refundá-lo e entregá-lo a novas lideranças e não o contrário entregá-lo a novas lideranças para refundá-lo!

Começaram mudando o nome para Partido Democrata. Fizeram festa e comemoraram, mas a turba não aceitou a mudança, talvez pela sigla, PD. Cheirava mal.

Foi chamado o “Lavarápido” do PFL e decidiram se denominar Democratas, literalmente sem o Partido.

Quantos são e por onde andam, não se sabe. Sabe-se, apenas, que são conhecidos como os Democratas do PFL.

sábado, março 24, 2007

Viola Paranóica


“Ei, Alfredo, como é essa história de enviar um cd "exclusivo, com músicas selecionadas da MPB, escolhidas por vc ?" - pra quem enviar comentário sobre seu blog...

Por favor, me explique como vai ser essa produção do cd, quem será o responsável pelo pagamento dos direitos autorais, se as editoras e os artistas envolvidos estão de acordo com isso...

Enquanto não souber disso diretinho, não dá pra apoiar seu trabalho, tá ?

Espero que não esteja colocando na internet uma prática de pirataria, desculpe a sinceridade, não me leve a mal, por favor.]

Sem ofensas, e acreditando na sua boa intenção, peço que me esclareça.

Aguardo seu retorno.

Grande abraço do
JOÃO ARAÚJO”

Contrariado, respondi:

“Meu caro João, não seja tão dramático e desculpe a sinceridade, sem joie de vivre. É muito simples, eu compro vários cds, inclusive os seus, copio as músicas preferidas no media player e junto num cd à minha escolha. E ouço, ou dou de presente, a meu critério”.

Saudações!”

Confesso que fiquei chocado com o e-mail que recebi do João Araújo, violeiro da melhor estirpe das Minas Gerais. Talvez por ter me surpreendido empunhando a pena do Joaquim Silvério dos Reis, Coronel de Cavalaria dos Campos Geraes e partido quixotescamente ao ataque de moinhos imaginários.

Afinal de contas não vendo cds. Fiz apenas uma brincadeira com cinco ou seis amigos que me gratificam com a leitura dos Meusditos.

De qualquer maneira fiquei lisonjeado e agradecido a ele por dar ao meu blog uma dimensão que jamais imaginei pudesse ter.

Mas, sossega João, sem paranóia, não é nada disso! Meusditos, não é meu trabalho, é meu hobby assim como é ouvir suas canções.

Em homenagem a ele vou mudar o prêmio ofertado.

Agora será o Viola Caipira do Rodrigo Delage, comprado e pago no site do João, que recomendo: http://www.violaurbana.com/

Para divulgar um pouquinho mais o trabalho deles.

Como sempre, aguardarei novos lançamentos!

quinta-feira, março 22, 2007

Meusditos, ano II. Ganhe um CD grátis!

Hoje é o primeiro dia do segundo ano dos Meusditos.

Para comemorar mudei a ilustração do meu perfil. Utilizo agora esta vista maravilhosa da varanda do apartamento em que moro e de onde vejo o mundo e, parafraseando o Cícero Dias, ele começa na praia de Piedade, Pernambuco.

Para não dizerem que não valorizo meus leitores e que não blogueio trocando “ois”, vou dar a eles um presente, bem no estilo brasileiro. Uma premiação passível de fraudes inescrupulosas e vergonhosamente óbvias!

Não, não é boquinha do PT que basta ser amigo para receber um mimo, um ministério, um cargo em conselho de estatal, ou mesmo uma aplicação de botox em Paris! Não!

Vai ter que fazer por merecer. Releia as edições passadas dos Meusditos e mande um comentário geral sobre o blog. Pró ou contra!

O melhor vai ganhar um cd, exclusivo, com excelentes músicas da MPB, escolhidas por mim.

De grátis, como diz o presidente.

Uma comissão escolherá o premiado. Convidei para compô-la o Severino Cavalcanti, o Zé Dirceu, o Jefferson e o Palocci. Infelizmente não aceitaram o convite. Alegaram incompatibilidade de bolso: prêmio muito pequeno para bolsos enormes!

Pensei em, democraticamente, dar voto a todos os leitores. Mas para evitar o vexame da esperteza brasileira, ou seja, cada um votar em si próprio, eu mesmo votarei, com toda a parcialidade a que tenho direito.

O vencedor será escolhido entre os comentários postados até o próximo dia 30. Anunciado nos Meusditos, me enviará, então, seu endereço completo com CEP, para receber seu prêmio.

Boa sorte e feliz ano novo!!!!!

sábado, março 17, 2007

É glorioso enriquecer!

Dizem que os chineses comem tudo que se move e que o cachorro é uma de suas iguarias prediletas. Que joga lixo nas ruas, fala gritando e cospe no chão. Mesmo assim penso em me filiar ao PCC. Não o nosso, o deles, o Partido Comunista da China.

O conceito de propriedade privada foi abolido da China em 1949 com a Revolução Comunista.

Em 1982 foi reintroduzido por lei, mas seu texto precisava ser regulamentado. Desde então, durante todo este tempo, que no ritmo chinês deve equivaler a um nano segundo, ficou sendo discutido, analisado, amadurecido, até que, ontem, foi aprovado pelo Congresso Nacional do Povo da China numa reunião relâmpago de dez dias.

Estabelece que “a propriedade do Estado, da coletividade e do indivíduo é objeto de proteção legal e não pode ser infringida por nenhum indivíduo ou instituição”.

Ou seja, lá os porraloucas protocomunistas tipo Bruno Maranhão, Stédile, Jair Amorim, Zé Rainha e demais seguidores de ideologias da década de 50 do século passado, ao invadirem terras privadas ou edifícios públicos seriam, digamos assim, liminarmente sacrificados pelo bem da coletividade.

E mais, o primeiro-ministro Wen Jibao precisou: “A democracia, o Estado de Direito, os direitos humanos, a igualdade, a fraternidade não são apanágio do capitalismo, servem, também, ao socialismo chinês”.

E encabeçando minha decisão cito declaração do líder Deng Xiao Ping, ao desistir da luta de classes e optar pelo desenvolvimento econômico, e que se tornou palavra de ordem: “É glorioso enriquecer”.

Como na China, toda palavra de ordem vira dogma, lá já devem existir, por baixo, 300 zilhões de empreendedores. O dirigismo estatal, que prevalece no planejamento, apóia totalmente os investimentos privados, estrangeiros e nacionais. Significa dizer ter uma burocracia de governo voltada para gerar riquezas, recompensar o esforço pessoal e promover o desenvolvimento do país.

A China foi o primeiro país a superar a marca de US$ 100 bilhões em investimento estrangeiro líquido, segundo o Institute of International Finance (IIF), que reúne os maiores bancos globais. Sozinha, a China recebeu 27% do investimento externo em países emergentes em 2005, o dobro dos recursos aplicados em toda América Latina (cerca de US$ 44 bilhões líquidos) e dez vezes mais que os US$ 10,5 bilhões líquidos no Brasil.

Aqui não posso deixar de fazer um comentário ácido, porém verdadeiro. Nossa burocracia, ao contrário da chinesa, parece existir para, com sua ineficiência e academicismo bacharelesco, travar qualquer investida de quem se arriscar a empreender.

Na falta de talento para criar riquezas criam impostos, normas, regras, taxas, e tudo mais que puderem para bloquear o êxito do próximo e para justificarem suas pobres funções. Como há anos já dizem nossos empresários: “Nada mais perigoso para o desenvolvimento do país do que um burocrata ocioso!”

Aqui, sim, existe uma luta de classes subterrânea, difusa, não de estratos sociais, mas de estratos de êxito. Como disse Tom Jobim, “o sucesso no Brasil é encarado como ofensa pessoal”. É olhado de soslaio como se criminoso fosse.

Isto é que explica a diferença de crescimento do Brasil e da China. A diferença não está no planejamento estratégico das macro ou micro políticas econômicas. Está na disciplina e no comprometimento com o objetivo de desenvolvimento do país. Lá a riqueza é gloriosa, aqui é vilã!

Voltando à China. Outro dia, por acaso, olhei a etiqueta de uma bermuda minha já antiga. Surpreendeu-me uma pequena etiqueta, “Made in China”. Resolvi checar outras peças e a maioria era “Made in China”. Mesmo as que ostentavam famosas e caras marcas nacionais!

A população mundial é de 6,3 bilhões de pessoas! De cada 100 terráqueos, 20 são chineses, menos de 4 são americanos e somente 3 são brasileiros. Ou seja, não dá para chamar para uma peladinha!

Nas últimas duas décadas, o crescimento de seu PIB superou os 9% ao ano!

Esse “comunismo democrático de mercado” representou um aumento do poder aquisitivo e do nível de vida para milhões de famílias.

Paralelamente, o Estado se lançou numa modernização do país em ritmo acelerado, multiplicando a construção de infra-estruturas: portos, aeroportos, rodovias, estradas de ferro, pontes, barragens, arranha-céus, estádios para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, instalações para a Exposição Universal de Xangai, em 2010 e assim por diante.

Essa massa descomunal de obras e a nova febre de consumo dos chineses acrescentaram uma nova dimensão à economia: em pouquíssimo tempo, a China, que assustava enquanto exportadora, tornou-se um país importador com voracidade insaciável. No ano passado, foi o principal importador mundial de cimento (importou 55% da produção mundial), de carvão (40%), de aço (25%), de níquel (25%) e de alumínio (14%). E o segundo principal importador mundial de petróleo, depois dos Estados Unidos.

Essas importações maciças provocaram uma explosão de preços nos mercados mundiais. Em especial, os do petróleo.

Admitida na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, a China é atualmente a sexta maior economia do mundo. Puxa o crescimento em escala planetária e qualquer soluço seu, pelo efeito borboleta, hipótese da teoria do caos, tem um impacto imediato sobre a economia mundial. Vide as bolsas de valores, mundo afora, nessas duas últimas semanas que despencaram porque a China anunciou que refrearia seu crescimento para apenas 8%, este ano!

“Apesar da velocidade de nosso crescimento”, pondera o primeiro-ministro Wen Jibao, “a China ainda é um país em vias de desenvolvimento e ainda nos faltam uns cinqüenta anos de crescimento para nos tornarmos um país medianamente desenvolvido”.

Por essas e por outras vou me filiar ao PCC. Para assegurar o futuro, não o meu, pois acredito que não vá ter a longevidade de um natimorto chinês, mas o dos meus, a quem desejo longa vida e a milenar sabedoria dos anciãos.

Para o futuro mediato vou começar a estocar cerveja e pedir ao meu filho que esconda seus cachorrinhos. Só para garantir.

quarta-feira, março 14, 2007

O intéprido cearense!

Esta foto tirei-a da varanda do apartamento onde moro, no domingo. Tomava eu uma cervejinha quando apareceu esta catraia chegando à areia.

Fiquei admirado. Tão cedo e o Ceará já chegava da pesca.

Ceará é o barraqueiro da praia aqui de frente. Já foi personagem dos meusditos.

Fora de temporada ou feriados não arma a barraca, sai para o mar para pescar. Sempre volta com umas bicudas. Vez por outra uma pescadinha e raramente pescada de 2 ou 3 quilos.

Sempre que nossas disponibilidades se cruzam, compro uma e levo direto para o forno.

Nascido em Limoeiro do Norte no Ceará, aos vinte e poucos anos, em 1986, pegou o rumo de São Paulo atrás de um irmão que morava em Guarulhos. Andando pela cidade, ao passar por uma tecelagem, viu a placa de precisa-se. Empregou-se, na hora, como ajudante de fiação.

Passou a morar sozinho e aprendeu de tudo um pouco: cozinhar, lavar, passar e paquerar.

Casou-se com uma viúva pernambucana, mãe de um filho, Lucas. Teve com ela uma filha, Jaqueline. Tinham um pequeno comércio, uma bodega e chegaram a ter até um sítio onde criavam porcos.

Foram assaltados duas vezes. A mulher exigiu que mudassem para Pernambuco.

Escolheram casa a uns mil metros da praia de Piedade e compraram o ponto da barraca na praia.

Ceará é hiper ativo, não para quieto. Tem um olhar brilhante de quase louco.

Outro dia, em sua barraca, vários fregueses gritavam seus pedidos ao mesmo tempo. Ceará não hesitou. Parou no meio das mesas, olhar em chamas, e berrou: “não atendo mais ninguém!”.

Foi uma gargalhada geral.

Pois foi nele que me inspirei para esses meusditos.

Um dia perguntei seu nome. Respondeu-me: "amigo, é questão de ótica. Em meus sonhos já fui corsário francês e pintor, em Limoeiro sou Francisco, o Miúdo. Aqui me chamam Ceará!"

terça-feira, março 13, 2007

O corsário francês


Este quadro comprei-o na praia, aqui em frente, no domingo, lógico. Tomava eu um caldinho de mariscos quando aparece um senhor carregando esta obra de arte.

Fiquei maravilhado. Tinha a precisão de uma foto e ao mesmo tempo uma textura dos impressionistas.

Chamei o pintor que se apresentou como Zé de Antônio, natural de Goiana, mata norte de Pernambuco. Disse ser autodidata em pintura e ter se inspirado numa lenda que corre por aqui.

Narrou a seguinte história, num só fôlego:

“Duarte Coelho, Cavaleiro da Casa Real Portuguesa, fidalgo e militar brilhante, tornou-se o primeiro donatário a receber uma capitania no Brasil.

Em 10 de março de 1534 tornou-se senhor de Pernambuco que batizou de Nova Lusitânia. Seu lote, com 360 quilômetros de largura, iniciava-se abaixo da ilha de Itamaracá estendendo-se até a foz do rio S. Francisco, atual fronteira entre Alagoas e Sergipe.

No verão de 1535, depois de fundar a vila de Iguaraçu, instalou-se no topo de uma colina, onde hoje se ergue Olinda, sede da capitania. Beneficiou-se do rico solo de massapê da região, e ali estabeleceu alguns dos primeiros engenhos de açúcar do Brasil.

Mas enfrentava seus contratempos. Sua capitania era freqüentemente saqueada por traficantes portugueses e franceses que percorriam a costa em bergantins contrabandeando escravos e pau-brasil.

Diz a lenda que um destes franceses foi um dos sobreviventes do grupo que estava com o bispo Sardinha na nau Nossa Senhora da Ajuda que naufragou no Pontal do Coruripe a menos de 50 quilômetros da aprazível praia do Francês, em Alagoas.

Os náufragos foram cercados por guerreiros Caeté que se ofereceram para guia-los até Pernambuco, a 250 quilômetros dali. A marcha deve ter começado em 16 de junho de 1556.

Algumas horas depois, no momento em que o grupo atravessava a barra de S. Miguel, próxima à hoje famosa praia do Gunga, a uns 30 quilômetros ao sul de Maceió, os Caeté atacaram e o resultado todos sabemos: comeram o bispo e mais alguns bravos portugueses.

Salvou-se nosso corsário francês que, sabe-se lá como, aboletado num resto do casco da nau N. S. da Ajuda bateu na praia de Piedade, em Pernambuco, algumas semanas depois.

Pois foi nele, meu amigo, que me inspirei.”

Mais fascinado ainda, agora, com a história, insisti para que me contasse onde aprendera aquelas pinceladas tão reais e ao mesmo tempo tão impressionistas.

Respondeu-me: “amigo, vi e gostei de um pintor francês chamado Monet. Busquei imitar sua textura. Por isso me chamo Zé de Antônio, mas me assino Danton!”

sábado, março 10, 2007

Eu, hein???!!!!!



Depois de ouvir o Lula discursando candidamente, após seu encontro com o Bush na suíte presidencial do Hilton, resolvi consultar a sexóloga Adriana Sommer da Costa:

O ponto G dos homens se localiza na próstata, pouco abaixo da bexiga, e um pouco atrás dos testículos.

A sensação prazerosa do ponto G vem de uma compressão sobre a próstata. Por se tratar de uma glândula muito sensível, quando o ato sexual se inicia, e até mesmo antes, nas preliminares, há um músculo que durante as movimentações do pênis e do atrito entre os corpos irá proporcionar tal estímulo, causador das sensações de prazer. Estamos falando de uma estimulação indireta, que acontece como conseqüência do ato sexual.

Esse ponto também pode ser encontrado e deliciosamente sentido pelo homem, com a estimulação manual. Mas para isso, a intimidade e a cumplicidade entre os companheiros, conta muito pois torna essa procura mais fácil, mais amena, sem tensões, por acharem que estão fazendo algo errado.

Começa-se, massageando a região do períneo (que se situa um pouco atrás do saco, região sem pêlos, entre as pernas do homem) com o dedo médio. Ali, existe um ponto um pouco elevado, que se bem estimulado, leva o homem a sentir um prazer muito grande.

Outra forma de estimular o ponto G é ir introduzindo o dedo mediano no ânus do parceiro, e iniciar alguns movimentos circulares, com alternações nos ritmos da pressão.

É preciso calma, treino, até porque seu parceiro irá lhe mostrar, com expressões de prazer ou não, se você encontrou ou não, o ponto G dele.

Tudo muito bem, tudo muito bom, mas o que eu não consigo é imaginar o Bush e o Lula se enroscando nessa busca.

Mas que diabo, presidente! Só pode ser a cachaça!!!!!



O circo


Sou simples nas minhas colocações, mas não sou simplista nas minhas conclusões.

Não sou do tipo “Fora ianque”. Sei perfeitamente da importância do presidente dos Estados Unidos e da necessidade de sua proteção por 500, mil ou dois mil seguranças ou quantos necessários para proteger sua integridade física.

Neste caso não existe o risco Brasil. Não é, como alguns imaginam, que o brasileiro represente qualquer risco ao mandatário. Ele não precisa de segurança por estar no Brasil, mas por estar no mundo. É o alvo número 1 de terroristas e mesmo de homens de bem em acesso de fúria contra sua performance de blockbuster da salvação mundial.

Sei da importância da relação de estado do Brasil com os EUA para o desenvolvimento econômico e da felicidade de seus povos.

Sei, também, da importância do presidente da República Federativa do Brasil e de seu esforço para manter diálogo e aparências com o poderoso da maior economia do mundo. Nem mesmo o porra-louca do Hugo Chavez fecha as portas aos fluxos monetários do maior patrocinador de suas bazófias pelo mundo afora.

O que não consigo entender é porque o visitante decidiu o local para sua visita ao Brasil.

Brasília foi projetada para ser a capital do país. Lá é a sede de nosso governo. O eixo monumental dá segurança e rapidez aos deslocamentos de autoridades.

Mas, não. O ilustre visitante resolveu ser recebido, em São Paulo, a maior cidade da América do Sul, com todos os problemas de trânsito que a dimensão lhe acarreta.

Não bastasse isso, o Walker Bush, atravessou a cidade três vezes, de norte a sul. De Guarulhos ao Morumbi. Na chegada, na manhã seguinte quando visitou a Transpetro e na partida. Fez-se o caos, mais do que esperado. Uma afronta ao cidadão e à cidade!

Não imagino outra justificativa senão a arrogância e a prepotência!

Não se pode ignorar as liturgias do cargo e o simbolismo de ações que podem parecer sem importância, mas, no teatro das representações de poder, são cruciais para a imagem das nações nas relações internacionais.

Nosso presidente e seus asseclas matutos, com arroubos de estadistas, foram incapazes de enxergar que em nosso país, nosso presidente não recebeu o presidente dos EUA. Foi recebido por ele no Hotel Hilton onde estava hospedado!

Uma verdadeira palhaçada, um circo, à altura de seus personagens!

quinta-feira, março 08, 2007

Vendedor inato!


A cliente ideal é tão rara quanto o nome, Inajan.

Mas antes de apresentá-la vou situá-lo, meu leitor, nas minhas competências de vendedor.

Jovem com 18 anos ou perto disso, meu pai deu para mim e para meu irmão um fusca azul para dividirmos irmamente. Apesar do potencial explosivo da proposta, até que nos saímos bem. Uma noite um, outra o outro, fim de semana sim, fim de semana não, e íamos tocando.

Um dia que resolvemos vender o fusquinha.

Anunciamos no jornal de domingo. À tarde vem o primeiro candidato a comprador. Olha o carro, cara de desdém, muxoxos, tédio e começa a ladainha:

- Os pneus estão gastos, não é?
- Olha aqui um arranhãozinho! É muito rodado, é?

Perdi a paciência!

- Meu senhor o carro é usado e é este que está à venda e não o novinho que você deve ter na cabeça!

Sem jeito desculpou-se e continuou olhando o carro.

- Pintura meio queimada, não é?

- É, disse eu, queimada e minha. Agradeço a visita, mas para você não vendo mais o carro, não.

Saiu soltando fumaça pelas ventas e eu sossegado saí com o meu fusquinha.

Em outra ocasião devo ter batido o recorde mundial!

Meu pai adorava fazenda. Teve duas, uma no Mato Grosso à beira do Rio Araguaia. Eu, ao contrário, fazenda não era e não é o meu forte. Sou mais de praia.

Um dia meu pai me chama e diz que combinou, para sábado, vender um gado na fazenda do Araguaia, mas infelizmente não poderia ir. Falou para eu ir em seu lugar. Sim, porque meu pai não sugeria, convocava!

Para chegar à fazenda peguei um vôo comercial em Congonhas, SP, para Goiânia. Pernoitei e sábado cedinho me encontrei com o piloto Carlos e seu monomotor que nos levaria até Bandeirante, pequena cidade do Mato Grosso.

O pouso era numa pista de terra e taxiava-se o aviãozinho para debaixo de uma frondosa árvore, em frente à venda local, na beira do Rio Araguaia.

De lá, pegamos um barco com motor de popa até a sede da fazenda, uma casa de concreto aparente, sobre pilotis, para evitar as enchentes do rio. Entrava-se na casa subindo por uma escada de ferro que depois de usada era içada, como nos castelos medievais, impedindo a entrada de estranhos, homens ou bichos.

Só meu pai, mesmo, com seu engenho e arte, construiria tal casa naquele fim de mundo.

Muito bem. Chegamos, e enquanto esperávamos o comprador do gado, ficamos tentando pescar um tucunaré, missão quase impossível pela voracidade das piranhas do local. Piranhas peixes, mesmo! Mal a isca batia na água e já avançava uma piranha!

Foi-se a tarde e nada do comprador. Só não fiquei contrariado porque o local era deslumbrante.

O rio Araguaia tem som de peixe em tempo integral. Movimentam-se em suas águas desde as piranhas até botos enormes. Pássaros de todas as espécies de ricas plumagens em vôos maravilhosos.

Anoiteceu e o comprador, nada. Fomos dormir. Na manhã seguinte, domingo, continuamos com a pescaria e ao meio dia preparamos a partida. Já embarcados para voltarmos a Bandeirante, surge o comprador num barquinho.

- Bom dia!
- Bom dia, respondi.
- Então, vamos ver o gado?
- Que gado? indaguei.
- Uai, moço, o gado que o Dr. Durval me ofereceu para comprar!
- Ah! Aquele gado? Não está mais a venda, não. Estava até ontem à tarde.

Peguei o barco, o monomotor, o avião em Goiânia e cheguei de volta em Congonhas.

Dia seguinte meu pai me liga:

- E aí filhinho, vendeu o gado?

- Não pai, o cara chegou quando eu estava de partida. Fica para a próxima.

Este sou eu, um vendedor inato.

Mas tudo isso para dizer que encontrei a compradora ideal. Ligou-me querendo comprar uma casa em Sirinhaém.

Pois não, o preço é tal e vou preparar o contrato. Quando ia enviar o contrato para o cartório, descobri que eu estava vendendo a casa sede da empresa que eu e meu sócio temos e que é dona da casa. Constrangido liguei para ela e expliquei que havia me enganado e que não poderia vender aquela casa. Talvez se interessasse por outra.

Ficou de ir a Sirinhaém no final de semana e depois me daria uma resposta. Segunda feira me liga:

-Vou ficar com a casa, pode preparar a documentação.

Por e-mail trocamos textos e contratos e marcamos para hoje, no cartório, a assinatura da escritura. Objetiva, sem nhémnhémnhém, direto ao ponto.

Por incrível que pareça, Inajan, cordial, e muito simpática, apesar da minha performance, comprou a casa.
Engraçado que há alguns meses atrás vendi uma outra casa, na mesma praia, para o Marcos, também simpaticíssimo, casado com a Adilene, que não conheci pessoalmente, mas soube que lê estes ditos.

Com meu aguçado tino comercial de vendedor, estou me convencendo de que as boas compradoras têm nomes raros e delicados.

Quem sabe não vendo a casa que ainda resta para a Adijan?

quarta-feira, março 07, 2007

Uma marvada de respeito!

Carlota Joaquina, a mal humorada e ranzinza mulher de D. João VI, quem diria, era chegada numa cachacinha com polpas de frutas. Inventou o drinque preferido dos brasileiros e que conquista rapidamente o mundo: a batida.

O Príncipe Dom João Henrique Maria Gabriel Gonzaga de Orleans e Bragança, popularmente conhecido como D. Joãozinho, carioca da gema, ambientalista, surfista e fotógrafo possui, na cidade histórica de Parati, um engenho onde há vinte anos fabrica a cachaça de alambique “Maré Alta”.

Em campanha à presidência da República, em 1960, Jânio Quadros visita Salinas, cidade do norte mineiro, e é recebido com banquete por correligionários. Champagne e uísque corriam soltos quando Jânio diz: “soube que aqui existe uma cachaça famosa”. Após sorver meio copo de Havana, afirmou ter experimentado a melhor bebida de toda sua vida. Situada no Vale do Jequitinhonha, Salinas é considerada a Capital Mundial da Cachaça.

Paulo Monteiro, mineiro de Santa Luzia, 81 anos, coleciona cachaças. Ao visitar o irmão em Copacabana, no Rio, passou por um despacho numa esquina. Entre flores, velas, farofas e que tais, estava uma garrafa da cachaça “Marofa de Exu”. Olhou para os lados e pensou “comigo não tem essa de ver garrafa e não pegar”. Hoje a preciosa se exibe nas prateleiras do Museu da Cachaça de Caeté, que fundou há mais de trinta anos.

Estas e outras permeam a história da cachaça contada no livro “Cachaça, Cultura e Prazer do Brasil”, editado pelos jornalistas Ricardo Giraldez e Sandra Ventura.

Desde os primeiros tempos do Brasil Colônia até os dias de hoje é uma viagem ricamente ilustrada com belas fotografias, patrocinada pela Fosfertil com apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

Vale a pena! Saúde e boa leitura!

TV? Tô fora!

Quanto tempo faz que você passou o dia inteirinho, desde acordar até ir dormir, sem ligar a televisão?

Não vale contar o dia que, por ventura, você tenha ido fazer um acampamento no Alasca ou esteve internado, em coma, numa UTI.

E há quanto tempo você não lê um bom livro? Ou parou para somente ouvir uma boa música, olhar a lua cheia nascendo, o canto do vento ou o simples quebrar das ondas do mar? Ou, ainda, passear com um amigo conversando?

Há quanto tempo você não faz uma ginástica, um esporte, dá uma caminhada, mexe o corpo, ativa a circulação?

Percebe que tem aí alguma coisa errada? Pois é.

Domingo consegui fazer várias dessas coisas e nem por um segundo ligar a TV. Você poderá retrucar que aos domingos não existe vida inteligente na Tv. Meu desafio ficou, portanto, mais fácil. Concordo plenamente. Fim de semana salvo alguma transmissão esportiva para quem gosta, a televisão é facilmente descartável, certo? Não, não é verdade.

Tem gente que acorda e automaticamente liga a televisão. Não importa o programa, importante é a companhia, dizem, como a provar que existe vida em sua vida.

Já há algum tempo venho me afastando da TV. Definitivamente, para mim, a televisão emburrece. Por dois motivos: pelo que você assiste e pelo que deixa de fazer.

Vejo somente os telejornais. Mesmo assim estou fugindo do Jornal Nacional do mauricinho e da patricinha do telejornalismo. Da superficialidade e da parcialidade pretensamente disfarçada. Aliás, por princípio, não assisto a Globo. Direito meu e ponto final.

Quando uma transmissão esportiva é exclusiva, tiro o som, se transmitida pelo tal de Galvão Bueno. É insuportável!

De resto não tem nada que, para mim, signifique alguma perda em não assistir. Gosto do Jornal da Band, do programa “Provocações” com o Abujamra na TV Universitária, do Senhor Brasil do Rolando Boldrin e até do programa “Sopa” com um doido local, Roger de Renor.
E basta!

Voltando ao último domingo.

Cedinho caminhei pela praia, nadei e fiz hidroginástica no mar, orientado por mim mesmo, e grátis!

Mais tarde terminei de ler “A coroa, a cruz e a espada” do historiador Eduardo Bueno e “Cachaça, cultura e prazer do Brasil” dos jornalistas Ricardo Giraldez e Sandra Ventura. E ouvi os dois cds comemorativos dos 100 anos do frevo.

Juro que fui dormir me sentindo cansado, mais rico e muito feliz.

sexta-feira, março 02, 2007

Tia Dadá

Conheci a praia de Piedade, onde moro, aos seis ou sete anos de idade. Vínhamos de São Paulo, eu e meu irmão, passar as férias de verão, hóspedes de Tia Dadá e tio Valdemar.
Lá se vão mais de 50 anos.

Lembro-me que a casa era muito distante do Recife e chegava-se por uma estrada de terra. Tinha um confortável terraço, um bom quintal na frente e, nos fundos, a imensidão de um mundo de cajueiros e chão coberto de herbáceas de melancia.

Um poço garantia a água, tirada por caçamba e por uma bomba manual, mais tarde, trocada por uma elétrica.

Uma forte imagem que guardo é a de tio Valdemar sentado no terraço lendo. Lia muito e todo dia. Usava um aparelho para audição que solenemente desligava para evitar os barulhos dos sobrinhos e ficar sossegado com sua leitura.

Conversava muito com tia Dadá sobre a paixão dos dois, 0 Teatro de Amadores de Pernambuco.

Em frente à casa, do outro lado da rua, alguns terrenos nos separavam da praia. Tínhamos pouquíssimos vizinhos. A praia e seus arrecifes ficavam praticamente à nossa disposição para pequenas pescarias de budião batata, mariquita, peixe gato, macaco, castanhola e se déssemos sorte, uma brigadora palombeta.

Tenho muita saudade desses bons tempos de minha infância. Devo ao carinho e atenção de meus tios o primeiro amor que tive por esta minha praia de Piedade.

A casa ainda existe, mas desfigurada pela avenida Bernardo Vieira de Melo que cortou seu quintal e terraço. Piedade continua linda e é uma desenvolvida praia urbana tomada por edifícios.

Hoje, tia Dadá, Diná Rosa Borges de Oliveira, inesquecível primeira dama do teatro pernambucano, completaria 100 anos de idade.

Em sua homenagem publico esta foto de um momento de felicidade com seus irmãos.
Da esquerda para a direita: Roberto, Elza, Diná, Durval, Maria Luiza, Ruy e Sylvio Granville.

quinta-feira, março 01, 2007

Alô, Presidente!

-Puf, puf, argh, mi hermano, buenos dias.

-Te oigo, quien és?

-Puf, Fidel.

-Palhaçada não ô cabrón, quien habla?

-Ui, puf, Fidel, Chavez, Fidel de Havana!

-Não conheço nenhum Fidel de havana, quién és?

-Fideeeeelll, Chavez, Fideeeelll

-Oiga, director, se não paras com essa palhaçada, fecho esta rádio, nacionalizo tu madre, hein? Será a primera tchaca bolivariana do mundo, cabrón!

-Mas presidente é o comandante Fidel de Cuba!!!!

-Ai, ai, ai, carajo! Quando estuve com Fidel el estava aos peidos, quer me dizer agora, que el está ao teléfono hablando comigo, cabron. Pro carajo! Deve ser o hijo de una gran puta do demo dos USA!

-Chavez, alô, é Fidel, o comandante!

-Comandante um carajo, cabrón! Vou fechar esta radio, hein diretor!

-Mas presidente, és verdad, és el comandante Fidel!

-Me passa o enxofre, companheiro. Deve ser vodu del demônio do Bush!
Capitão traga o alicate e este boludo do director aqui para o estúdio.

-Presidente, por favor, estamos no ar e é o comandante Fidel na linha! Te imploro, presidente, o alicate nos cojones, não presidente. Presidente és Fidel ao telefono!

-Ministro, é mismo Fidel ao telefono?

-Si presidente, seguro que si!

-Puf, puf, rouuuff. Soy yo, querido amigo, Fidel.

-Ai, ai, ai, mi Santa Madre de Guadalupe, caramba, é mesmo Fidel! Fidel, mas que prazer Fidel! How are you?

O resto da conversa vocês já conhecem, toda a imprensa publicou.

PS: Essa transcrição foi feita em portunhol por total falta de intimidade do escriba com a língua espanhola.