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Local: Varanda em Pernambuco

terça-feira, outubro 31, 2006

Coitadinhos, mas espertos!


Não sei porque hoje me veio à lembrança o livro do Emil Farhat, escrito em 1966, “O país dos coitadinhos”.

Penso que foi porque notei que apesar de coitadinhos somos espertos, muito espertos. Basta nos observar no trânsito, por exemplo.

Fechamos o companheiro, vamos na contramão, fazemos fila dupla, tripla, estacionamos em frente a garagens, em cima da calçada, furamos sinal fechado, trancamos cruzamentos e xingamos como ninguém. O trânsito vira um caos, engarrafamentos monstros, tudo pára, perdemos o hora, a escola, o médico, o trabalho, mas ficamos felizes por passar o outro para trás. Afinal, somos espertos.

No boteco imploramos um chorinho na dose, no supermercado ficamos na fila reservando o lugar enquanto nossa mulher termina as compras, lavamos nosso carro e nossa calçada em pleno racionamento de água, porque somos espertos. Fazemos “macaco” para não pagar energia e abusamos de nosso ar condicionado, refastelados como os reis do mundo! Até a próxima queda de energia.

Construimos a beira mar e despejamos nele nossos esgotos. Afinal não frequentamos a nossa praia, só as mais chics longe daqui. Só que lá também tem espertos e nos chafurdamos no esgoto deles!

Para morar perto do trabalho montamos casinhas sobre palafitas na beira do mar. Sabemos que em agosto com as marés altas e ventos fortes nossa casa vai de roldão. Mas somos espertos. Quando perdemos tudo choramos na frente das câmaras de TV na reportagem expondo nossa pobreza, pressionamos o prefeito, apelamos para os movimentos populares até que nos joguem num depósito qualquer com outras centenas de espertos.

Adoramos morar beira rio ou beira canal perto de tudo, mesmo não tendo nada. Espertos fazemos das águas nosso esgoto, com nosso lixo entupimos os canais, as boca de lobos, as galerias com sacos e garrafas plásticas, restos de mobília quebrada, animais mortos e até carcaças de carros depenados.

Quando chegam as chuvas as águas nos devolvem em dobro o lixo que acumulamos. Urina de rato, mosquitos, filariose, leptospirose, dengue, hepatite. Mas moramos perto de tudo, mesmo não tendo nada. Somos espertos.

E mais ainda! De quatro em quatro anos votamos para presidente!

sábado, outubro 28, 2006

O Coronel candidato


Fim da tarde desci para tomar um chopinho no Piedade Chopp na esquina aqui em frente. Lugar pequeno, mas muito bem cuidado com ótimos petiscos e o chope no ponto.

Normalmente com pouco movimento, nesse dia as mesas postas na calçada estavam ocupadas. Não sou de muito papo, mas aceitei a oferta e sentei numa mesa ocupada por um chopeiro de barba branca que degustava quibes. Ficamos em silêncio mesmo porque na mesa ao lado um senhor bem apessoado, de fala segura quase discursava falando de política.

Tudo por que alguém perguntou onde era o número tal na avenida em frente. Uma pergunta simples de ser respondida em qualquer lugar do mundo, menos em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. Muito menos em relação à Avenida Bernardo Vieira de Melo, em Piedade. A numeração da Avenida realmente é de endoidar coroinha. Do dois mil para o quatro mil e quinhentos é um pulinho de uns cem metros. Meu prédio é número 2400, o de frente é três mil e duzentos. E por aí vai.

“Isto aqui é uma vergonha. É o pior lugar do mundo, tudo é esculhambação, é tudo de cabeça para baixo! Também com os políticos daqui, só podia ser assim mesmo. Só dá ladrão. Digo porque conheço, já fui suplente de vereador, conheço todos eles”.

Fiquei curioso. Afinal votar em Jaboatão realmente não é fácil. Candidatos a prefeito, não conheci um que prestasse. Para vereador as opções são maiores, mas mesmo assim é um voto de alto risco.

Sua fisionomia me pareceu familiar e me lembrei de um cartaz de propaganda de um coronel que vi, na última eleição municipal, num restaurante ótimo de comida regional que vou de vez em quando, o Cantinho da Paz.

“Você é o Coronel?”, arrisquei.

“Este mesmo”, emendou.

“Pensei que você tivesse sido eleito”, retruquei.

“Que nada. Tive mil, quinhentos e poucos votos. Fiquei na suplência. Nunca mais. Não vou por a perder meu patrimônio para me eleger nesta merda! Só dá ladrão”.

Apesar do intróito, fiquei bem impressionado com o coronel. Já na reserva, é bem informado, lê revistas, jornais, navega na internet, já viajou “três vezes para a América, não uma, não, três!”, enfim, não é o estereótipo que se pode fazer de um policial militar, principalmente, nesta merda.

Já com platéia assegurada contou, então, que perdeu quase todos os seus bens, “inclusive 17 armas”, no desmoronamento do prédio em que morava, o Areia Branca.

(Faz dois anos o edifício Areia Branca em Piedade, implodiu, esfarelou, virou pó. Seus ocupantes, já de sobreaviso por estranhos estalos do prédio, abandonaram seus apartamentos na manhã anterior ao desabamento. Infelizmente morreram um porteiro e dois empregados de uma firma de reparos que trabalhavam no sub solo e não conseguiram escapar.)

“Eu não ouvi estalo nenhum. Cheguei tarde em casa, já mamado, caí na cama e dormi. Depois de recolher as jóias, minha mulher me acordou e saímos. Veja você, antes ela cuidou das jóias para só depois me acordar! Agora estou morando no Edifício Massapê, já imaginou? Do Areia Branca para o Massapê. Deve ser sina”.

Voltou á política.

“Não agüento mais esse tal de Lula! Como é que se pode votar num ladrão desses? Analfabeto, sem vergonha e ladrão”.

A essa altura dois ou três barbudinhos que saiam do boteco ligaram a antena e ficaram olhando e ouvindo disfarçadamente. E o coronel nem aí. Quando se afastaram, o coronel disse:

“Viu os barbudinhos, pensam que eu não reparei neles me olhando? Garanto que são desempregados, mas votam no Lula. Ô raça!”

“Ninguém mais respeita nada, nem ninguém. O exemplo tem que vir de cima. Do jeito que está, todo mundo perde a compostura. Outro dia quando passava pelo Viaduto Tancredo Neves com minha família, tinha um” féla “da puta mijando no meio da rua! Se não tô com a mulher dava um tiro na bilola dele”!

Vejam que fofo o coronel. Dava um tiro na bilola dele. Não no cacete, no pau, na pica, não, na bilola.

Decididamente, não se fazem mais coronéis como antigamente, nem mesmo nesta merda!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Isn't life a bitch?


A eleição em Pernambuco cheira a mofo.

Há oito anos duas das principais lideranças políticas adversárias se uniram com o discurso de agilizar o desenvolvimento do estado contra o atraso representado por Arraes: Jarbas Vasconcelos, PMDB, e Marco Maciel, PFL. Do outro lado, restou o próprio Miguel Arraes.

Arraes sofreu, então, com a “União por Pernambuco”, a mais fragorosa derrota de sua vida política. Perdeu a eleição para Jarbas, para o governo do estado, por mais de um milhão de votos num colégio eleitoral de 5,3 milhões de eleitores.

Desde então, vários políticos transitam sem cerimônia por entre as coligações, ora com a “esquerda”, ora com a “direita” ao sabor das chances de se chegar ao poder.

Há quatro anos Jarbas se reelegeu governador. Agora quer fazer seu sucessor, o vice-governador Mendonça Filho, o Mendoncinha, de família de políticos do agreste pernambucano. Uma figura quase apagada sempre à sombra de Jarbas, embora leal e eficiente colaborador do governador.

Confiante na vitória pelos 70% de aprovação do governo Jarbas, enfrentou, no primeiro turno, Eduardo Campos, PSB, neto do falecido Miguel Arraes e ex -Ministro de Ciência e Tecnologia de Lula, e Humberto Costa, PT, famoso por ser indiciado no caso dos vampiros ao tempo que era Ministro da Saúde, também de Lula.

Mendoncinha ganhou o primeiro turno com 35% dos votos, aproximadamente, seguido por Eduardo com algo como 28%. Humberto perdeu e imediatamente apoiou Eduardo que tem, também, o apoio do presidente da CNI o “empresário” Armando Monteiro Neto.

Este é o resumo da ópera. Mas o que quero abordar é outra coisa.

Nesta eleição ocorre um fato novo: os candidatos ao governo do estado são da nova geração de políticos, os dois beirando os quarenta anos, não são caciques, ainda.

Aí que está a grande decepção. Apesar de novos repisam velhos bordões e táticas, sem nenhuma criatividade ou proposta. Como afilhados, deixaram-se levar pelas teses de seus padrinhos.

A campanha de ambos é cansativa, sem criatividade e de um terrível baixo nível que beira a grosseria.

Jarbas, há oito anos, repisando que herdou de Arraes um estado falido e quebrado por conta de uma famosa operação dos precatórios, lançamento de títulos públicos para pagar precatórios, mas, que na verdade financiaram despesas correntes do governo, afora gordas comissões por dentro e, dizem os inimigos, por fora. Uma operação inventada em São Paulo no governo Maluf, e copiada por alguns estados pelo Brasil afora.

Eduardo Campos era, então, o Secretário da Fazenda.

Sempre desmerecendo e tentando desconstruir o adversário, a União por Pernambuco, com esta mesma tática, já perdeu duas eleições “ganhas” para a prefeitura do Recife. Pelo jeito não aprenderam nada com as derrotas, e certamente perderão de novo.

Eduardo por seu lado repisando que o candidato do Jarbas é um simples tutelado seu, e que privatizou a Celpe e que por isso o estado paga hoje um dos maiores custos de energia do país.

A bem da verdade, acordou a tempo, inovou e, a exemplo de seu padrinho Lula, lançou-se como o candidato da “paz, amor e vitória” esquecendo o passado e olhando o futuro de um novo Pernambuco. Tudo o que Mendonça deveria ter dito e não disse!

Com o apoio decidido de Lula que, no estado, tem quase 80% dos votos válidos, e com a preferência apontada nas pesquisas sempre em ascensão vem, agora, recebendo uma saraivada de adesões dos prefeitos oportunistas de última hora. E aí a bola de neve não para mais de crescer.

Chamou atenção terem nacionalizado a campanha.

O Eduardo tem razão para fazê-lo uma vez que Lula é vencedor no estado e apóia sua candidatura.

Mas o Mendoncinha, não. Ao invés de repisar na crítica ao Eduardo deveria repisar o muito que fizeram para um novo Pernambuco de obras e investimentos. Fez ainda pior. Disse em seu programa eleitoral que seu candidato é o Alckmin, mas que eleito buscará parceria com Lula... ou com quem ganhar! Ou seja, não encarou o oponente, piscou, foi fraco. Não teve culhão para se dizer adversário de Lula. E isso o pernambucano não perdoa.

Não sei quem é o responsável pela campanha do Mendonça, mas deve ser o mesmo que perdeu as duas eleições “ganhas” para a prefeitura do Recife. Está à sua altura.

Por essas e outras, Jarbas, vai comemorar sua vitória para o senado com 56% dos votos, com o gosto amargo de uma derrota retumbante de seu candidato a governador, justamente para o neto e herdeiro político de Arraes!

Isn't life a bitch?

sábado, outubro 14, 2006

Cansei do Lula. Chega!


Não agüento mais o Lula, ouvir sua voz, ver sua cara. Vou fazer como faço com o Galvão Bueno: não assisto, não ouço e mudo de canal.

Não adianta ficarmos falando e analisando o Lula. Qualquer pessoa que tenha o hábito de ler qualquer coisa relevante como jornais, revistas, livros, que assista ou ouça os jornais de rádio e TV já estão cansados de saber quem é o Lula e sua quadrilha. Se votam nele é porque acham que ele é a melhor opção para o Brasil e ponto final. É quem melhor representa os brasileiros.

Só para ficar registrada minha fotografia final do Lula digo o seguinte: o perfil de seus votos se deslocou claramente da pequena burguesia de classe média baixa representada pelos operários industriais do ABC paulista, pela classe média pseudo politizada e intelectuais de esquerda, o que quer que isso um dia tenha significado, para os grotões do país dos excluídos e que por ele nunca foram representados.

Aliás, os verdadeiros miseráveis e excluídos do Brasil nunca foram representados por ninguém. Votam nos coronéis de seus currais eleitorais que os utilizam como massa de manobra para perpetuar sua miséria e dela se locupletarem política e economicamente.

Lula sempre se lixou para eles. Somente depois que traiu o ideal de seus eleitores babacas e viu se evaporarem suas bases, espertamente, reforçou sua imagem de pernambucano, nordestino e retirante, adequando seu discurso para os atendidos, a mancheia, pelo “Bolsa Família”. Pura e exclusiva necessidade de sobrevivência política.

Seu próximo deslocamento será para o esquecimento, pois não terá mais eleitores a enganar. Ou a cadeia, dependendo do tanto de tramóias que ainda serão flagradas.

Não terminará com a miséria do país. Mesmo que soubesse como, e houvesse um como, não há a menor possibilidade disto acontecer nos próximos quatro anos. A partir de sua reeleição, imediatamente após a sua reeleição, seu apoio político será precário. Por que? Justamente porque os coronéis e as elites já sugaram dele o que tinham para sugar e buscarão novas opções. E estará ainda sob as mais diversas suspeições.

E, principalmente, porque Lula não tem herdeiros políticos. Os que tinha foram pegos roubando. Não tem mais. Será, portanto, carta fora do baralho.

Para mim, já é, definitivamente.

Lula, tchau, fui!

terça-feira, outubro 10, 2006

Calma, arcebispo! Tudo a seu tempo!


"Sertão dá último adeus a bispo.

Milhares de fiéis se despediram do bispo emérito de Afogados da Ingazeira, dom Francisco Austregésilo, que morreu no último sábado.

Minutos antes do enterro, um acidente inusitado aconteceu com o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, 73 anos, um dos dez bispos presentes à cerimônia.

O arcebispo tropeçou em um batente com cerca de dez centímetros de altura e caiu na sepultura, que tinha aproximadamente 1,5 metro de profundidade.

Diante de olhares atônitos, dom José Cardoso Sobrinho ficou alguns segundos imóvel, sem conseguir sair do local.

Foi retirado por um grupo que estava próximo e, aparentemente, não apresentava problemas.

Apesar da queda, continuou participando da cerimônia e não se queixou de dores."

(Transcrito do Jornal do Commercio de Pernambuco de hoje)

Ato falho


Após o debate, em entrevista, Lula afirmou que o Alckmin pareceu um delegado de porta de cadeia.

Afora a confusão com “advogado de porta de cadeia” valeu o ato falho do réu.

Só restou a dúvida de se ele entrava em cana ou se dela já saía.

Agora é “Lula Não”!

segunda-feira, outubro 09, 2006

Agora é "Lula Não"


Assisti o começo do debate e desisti.

Ficou claro que o problema do Lula é realmente a falta de caráter. Ele é mentiroso e tem a estatura moral de um gnomo do mal.

Como resíduo do debate ficou, para mim, a nítida impressão de que ele e sua quadrilha são capazes, sim, de crimes, até então, inimagináveis. Seu mau-caráter acolhe com folga esta hipótese.

O mais perigoso é que ele tem o perfeito domínio da ignorância do eleitor. Assaca inverdades que sabe que o povo vai aceitar, pelo menos residualmente.

É inconcebível um presidente candidato à reeleição difamar seu opositor afirmando que na falta do que privatizar venderá a Amazônia. Deveria sair do debate preso e algemado por falta de compostura e difamação.

Mentiu do começo ao fim, incluindo sua biografia de homem pobre. Com uma fortuna declarada de mais de R$ 800 mil deixou de ser pobre há muito tempo. É hoje parte do topo da pirâmide social do Brasil.

Infelizmente está também no topo da bandidagem nacional! É o bandido e o cafajeste número um do país. Nâo tenho mais dúvidas!

Para minha surpresa, Alckmin mostrou-se seguro e firme. Resumiria sua participação na sua frase dirigindo-se ao Lula: “ Não me meça pela sua régua. Tenho trinta e quatro anos de política, tenho honra e responsabilidade pelos meus governos. Não tenho assessor e amigos processados e condenados. Respondo pelos meus governos.”

Nada como um bom debate para clarear nossos pensamentos!

Agora, mais do que nunca é "Lula Não"!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Itu? Não, Santa Cruz do Capibaribe!



320 mil m² de área total.
80 mil m² de área coberta, maior que a do Anhembi em São Paulo.
6.208 boxes de feira e 528 lojas.
Quatro praças de alimentação com 28 restaurantes e 116 lanchonetes.
Setor bancário, postos de saúde, segurança e informações.
Oito conjuntos de sanitários com 179 gabinetes.
Estacionamento para mais de 3.000 veículos.
Dormitórios com dois mil leitos.
Área de show para 50.000 pessoas.
Investimentos de R$ 60 milhões.

Este é o complexo comercial Moda Center Santa Cruz construído em 65 hectares ao lado da cidade de Santa Cruz do Capibaribe a 180km do Recife, que com Toritama e Caruaru formam o destacado circuito das confecções em Pernambuco.

Será inaugurado a partir de 7 de outubro com uma semana de shows de grupos como Banda Calypso, Paralamas do Sucesso, culminando com Zezé di Camargo e Luciano no dia 15.

Abrigará a feira por onde passam diariamente 15 mil compradores atacadistas de todo o país. Em média 400 ônibus chegam na cidade por dia.

Tudo começou no fim dos anos 60 do século passado com uma pequena feira da sulanca, palavra que para uns vem da união de helanca (malha vinda do Sul do País) e sul.

Outros dão como origem uma designação depreciativa dada ao produto na época, algo como sucata.

Coberta ou roupa feita pelo povo com pedaços de retalhos. Era coisa mal acabada, de carregação mesmo, feita numa sociedade, então, muito pobre. Assim, é provável que o su de sulanca tenha vindo de sucata assim como o lanca, de helanca.

A sulanca passou de simples cobertas e roupas populares para confecção de qualidade.

A atividade cresceu e, hoje, sulanca significa, por extensão, todos os tecidos e confecções fabricados ou comercializados na região de Santa Cruz do Capibaribe.

Destaca-se pela informalidade , por suas vendas no atacado e por seus preços reduzidos.

É moda copiada da TV, da novela das oito ou de uma revista. Se o modelito de uma atriz ou ator faz sucesso, pode contar, na semana seguinte, estará nas bancas da feira de Santa Cruz!

quarta-feira, outubro 04, 2006

Churrasco na Granja


-Ô Galega!

-??!!!

-Ô Galega vai abrir a porra desse portão, porra!

Esse pessoal anda meio arisco, não quer esperar não, quer avançar logo! Tão pensando que vai acabar a farra!

E vai ver vai mesmo, né, ô Lorenza? Vai me queimar essa picanha de novo! Só faz cagada, porra!

Berzô, já te pedi prá você não chutar o velhinho, porra! Quer uma geladinha pede com jeito.

Pelo amor de Deus Mercadante, para de chorar, porra. Bebe, fica essa merda. Cagou, cagou, cara dura e vamo em frente!

Precisa aprender com o Zé. Agora é jornalista, consultor! Esse ganha de mim. E ainda esnoba, não veio comer uma carninha. Foi para Venezuela comer aquelas merdas de cachapas com o puto do Chavez. Do jeito que ele anda animado ainda vende o Brasil prá eles!

-Lula, a Lurian no telefone!

-Pô, Gilberto, vê o que ela quer.

-Tá reclamando que o japonês atrasou de novo o pagamento do telefone.

-Puta que o pariu Gilberto, liga pra esse aloprado desse japonês e dá um esporro. Só tem incompetente do meu lado, porra!

-Ô Galega!

-??!!!

-Cê ligou pro Chico? Tá na hora da pelada, porra. Daqui a pouco já tá todo mundo meio zumbeta, vai jogar a pelada como? Vou jogar sozinho? Acabo quebrando a perna!

-Genoíno, seu cheira merda, sai aí de trás, porra. Pode vir ficar com a gente. Come aí uns coraçãozinho de frango, toma umas boa, mas para de fungar, cacete!

-Ô Galega!

-??!!

-Ô Galega, não me deixa entrar o capo. Aquele bosta daquele causídico vai querer cagar regra e eu não tô a fim de ouvir bostejo! Manda ele ficar com os amiguinhos dele da federal.

Manda sentar no montão de grana que saiu na fotografia! Manda sentar numa touceira de caralho! Mas aqui, não!

Não podemos reclamar da vida, né, Galega. Hein, Galega?

-??!!

-Viajamos pacas, comemos do bom e do melhor, cachaça de primeira, conhecemos gente as pampas, eh, vida boa!

-Agora vem aquele caipira de merda com aquela gostosinha dos vestidos querer me tirar daqui. Mas não vai mesmo! Vou chamar a quadrilha toda, mas daqui eu não saio.

-É ou não é, Galega?

-??!!

-Hein, Galega? Hein, Galega? Heeeeiinnn????? Poooorrrraaaa????

-??!!

segunda-feira, outubro 02, 2006

Custo São Paulo


Confesso que me surpreendi com o segundo turno. Para o bem.

Afinal vamos ter a chance de desnudar o rei, de arranhar o teflon, de mostrar quem realmente é o culpado por essa quadrilha que tomou de assalto o governo.

O caso do dossiê terá de ser esclarecido. Não poderá ficar por mais um mês com ”il capo” Márcio Bastos sentado em cima dos nomes dos autores e patrocinadores.

Infelizmente ainda nos mostramos lenientes com a corrupção elegendo bandidos.

Dizem que São Paulo fez a diferença para levar Geraldo Alckmin para o segundo turno.

Pode ser, mas foi um caso de saturação. Teve seu custo, o custo São Paulo.

A cota da ladroagem já estava completa com Paulo Maluf, Palocci, Zé Genoíno, José Mentor, Waldemar da Costa Neto, Jilmar Tato, João Paulo Cunha e outros.

Não cabia mais um, com tanto peso, como o Lula.

domingo, outubro 01, 2006

Cidadania


Acordei cedo e não consegui pular da cama. Uma gripe que finge que vem, não vem, mas a cabeça dói, o corpo amolece e a sensação é de febre.

Logo hoje, domingo ensolarado como pedi.

Lá pelas 10 e pouco da manhã saí para votar. Voto numa pequena escola aqui mesmo em Piedade ao lado de outra, pouco maior, também local de votação.

Já esperava pela multidão, gente para todo lado. Afinal cinco votações, cinco teclas verde e 16 números numa urna eletrônica não faz parte do dia a dia do brasileiro. Não é como ligar um rádio, uma tv, esquentar o feijão.

É uma tarefa complexa que exige atenção e destemor. Leva tempo! Não se pode amarelar frente à máquina. Queixo erguido, mão segura e vamos nós!

Após atravessar longos corredores lotados, enfrentar alguns encontrões e outros tantos empurrões, cheguei na minha seção.

Notei que havia um impasse.

Na mini cabina de votação viam-se duas pernas onde se agarrava um menininho de uns 4 ou 5 anos. Notava-se que a senhora na cabina estava com a maior boa vontade, mas não havia jeito da urna manter um diálogo adequado com ela. Já tentavam estabelecer contato há uns 15 minutos.

Os mesários bocejavam, instruíam de longe:

-O que está aparecendo agora?
-De..pu...tado fe...de...ral, respondia prontamente.
-São quatro algarismos.
-Pronto.
-Aperte o verde.
-Apertei, mas eu quero o estadual.
-Calma, agora o que está aparecendo?
-Ah, é o de...pu...ta...do es..ta..dual, ói ele aí! Menino tire a mão!
-São 5 algarismos e aperte o verde.
-O que é algarismo?
-São números, são cinco números! Menino sai daí, sai.
-Deu certo!

E por aí foi.

Terminado o suplício, saiu de trás da urna contentíssima, arrastando o molequinho pela mão e pedindo desculpas. Tinha se atrapalhado um pouquinho.

Olhei a fila, enorme, pulei pra frente, peguei o braço da mesária que não tem mesa e fica organizando a entrada e perguntei:

-Velho, tem preferência?
-Tem sim senhor!
-Então com licença!

Com um sorriso nos lábios, exerci exultante minha cidadania: furei a fila!