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Local: Varanda em Pernambuco

sábado, outubro 27, 2007

Fanfarrões

O fanfarrão opera no limite do ridículo.

Se bem aparelhado para a bazófia e, principalmente, competente nos seus afazeres, torna-se figura popular. Quando não, torna-se grotesco.

O bazófio tem que dominar a forma de se expressar, da linguagem ao gestual, até eventuais dramatizações cênicas.

Um dos maiores fanfarrões do mundo em competência, humor e elegância, foi o Mohamed Ali, o maior campeão peso pesado de boxe de todos os tempos.

Quando ainda era Cassius Clay, antes de suas lutas dava entrevistas desancando o adversário, dizendo o round em que o botaria na lona e se vangloriando de ser o melhor e mais belo lutador do mundo.

Não só anunciava o nocaute, como, com uma agilidade e elegância de dançarino, cumpria o prometido.

Certo dia , em entrevista, bateu seu próprio recorde de fina ironia, inteligência, improviso e estudada arrogância.

Perguntado se realmente se achava o melhor e mais bonito boxer do mundo, respondeu que “várias vezes já tentara se convencer de que não era, mas sempre lhe faltavam argumentos!”

Um mestre da fanfarronice, com uma carreira profissional impecável!

Lembrei-me dessa história lendo uma recente afirmação do Lula de que nem mesmo ele agüentava mais seu incansável bordão do “nunca na história desse país”.

Fanfarrão de parcos recursos, de uma impressionante indigência de linguagem, tornou-se uma caricatura de si próprio. Patético!

Aos fanfarrões é fundamental a maestria e a competência!

sexta-feira, outubro 26, 2007

Os dinossauros e o tamanduá.

Há tempos não via dinossauros. Ontem reapareceram. Meio chinfrins, de espécie não identificada, de parcos recursos cênicos e sem substância.

Interromperam o Jornal Nacional para proferirem discursos jurássicos. Eram do PCB, Partido Comunista Brasileiro. Pararam no tempo e no estilo. Pensei estar ouvindo estudantes “de esquerda” da UNE dos anos 60.

Aliás não podiam ter escolhido melhor cenário e companhia do que o JN e seus mauricinhos da notícia.

Não consigo admitir que uma subeditora do telejornal de maior audiência do país leia , placidamente, uma notícia informando que a “Sra. Kirchner, se eleita, será a primeira mulher a governar a Argentina”.

Que o barraqueiro da praia aqui defronte não saiba da existência da Isabelita Perón até entendo, mas a “jornalista” da Globo, não. Com a mesma cara de anta, após breve intervalo comercial, teve que se corrigir no ar.

Mas falava eu de dinossauros ou melhor, de outros dinossauros. Que diabos tem a ver o tamanduá da foto trepado num poste em avenida de Brasília com dinossauros? Tudo.

Lembrou-me o pré-histórico coronelzinho das Alagoas, Renan, que desconhecendo seus limites galgou o mais alto que pode o poste do senado e empacou. Dormiu nos louros e no cargo, não conseguia seguir, nem descer.

Assim como o tamanduá-mirim teve que ser tirado por bombeiros de plantão!

segunda-feira, outubro 22, 2007

A idade do vacilo!

Roubar idosos ainda não é o esporte universal, mas chega lá.

Sabe como é, neguinho normalmente vive sozinho em casa, no clube, pelas praças, com a mesma vidinha, doença, depressão, as mesmas histórias repetidas ad nauseum, as mesmas piadas.

Quando tem oportunidade para uma conversa, o pobre não desperdiça a chance, abre todos os flancos.

Aí entra o malandro. Papo vai, papo vem e logo o velhinho está dando CPF, número do cartão de crédito, conta do banco onde recebe a aposentadoria, entrega a vida da família, dá o endereço dos filhos, enfim, torna-se amigo íntimo do picareta.

Isso se tiver sorte e não levar porrada na rua, assaltado ao sair do banco.

Pelo telefone, então, é uma baba. “Como vai a senhora, tudo bem? Aqui é a Zulmira da “Casa de Deus por Mim”. A senhora está com tempo para uma conversinha rápida?”

Mas é lógico que ela tem um tempinho, tem o resto da vida para uma boa prosa, como costumam dizer.

Estou falando isso porque hoje atendi um telefonema de um DDD 98, número 3232 3770, ou seja, do Maranhão. Procurando por meu nome disse ser a fulana da Editora Três, não guardei o vulgo da meliante. Queria confirmar se meu cartão era Mastercard ou Visa. Desliguei.

Não é que eu seja um velhinho esperto, é que eu não tenho saco para telefone e muito menos para telemarketing. Mesmo que a presidente da Caixa me ligue, pessoalmente, dizendo que eu ganhei na Sena, tenho certeza que vou desligar na cara e no ato.

Hoje, fiz mais, liguei para o Disque Denúncia e informei o ocorrido. Apesar de o atendente ter sido extremamente amável, notei certo enfado por ter de ouvir mais uma das milhares de denúncias de todo dia.

Semana passada o governo suspendeu o tal de empréstimo consignado. O sistema tinha brechas que permitiam fraudes que, lógico, aconteciam às carradas! Mais uma vez os velhinhos aposentados eram os preferidos para o assalto. Faziam empréstimos em seus nomes, impagáveis, tornando suas vidas um drama real.

Mas hoje li uma muito melhor. Alguns governos estaduais descontam a parcela do consignado do salário de seus funcionários, velhinhos ou não, e, acredite, não repassam aos bancos!

Isso mesmo, usam o crédito dos funcionários para financiar suas despesas. O trampo aconteceu em Alagoas, Piauí e Rio de Janeiro. Como sempre Alagoas é o campeão do trambique. Deve aos bancos R$ 40 milhões e, sequer, se dispôs a renegociar a dívida!

Não, não, os governadores estão todos soltos.

Voltando aos velhinhos.

Morreu ontem, logo após sua agitada lua de mel, a octogenária argentina Adelfa Volpes deixando viúvo e inconsolável o bichona de seu marido de 24 anos e, pasmem, coitado, desempregado.

sábado, outubro 20, 2007

A Donzela Joana


Este quadro acabou de ser criado e já tem história.

Nise e Augusto Rodrigues encontraram uma forma criativa de homenagear Geninha da Rosa Borges, grande dama do teatro pernambucano. Convidaram vários artistas plásticos para interpretarem, com suas pinturas, peças protagonizadas por ela e reunidas na mostra “O teatro do mundo na cidade do Recife”.

"É a dramaturgia moderna inserida na cidade do Recife, vista por artistas plásticos", escrevem Jommard Muniz de Brito e João Denys no texto que apresenta a exposição, desde ontem na Rodrigues Galeria de Artes.

Neste quadro de José Cláudio, um dos melhores e mais criativos pintores pernambucanos, ele interpreta com suas pinceladas personalíssimas, a peça “A Donzela Joana” de Hermilo Borba Filho.

Hermilo que nas palavras de Benjamin Santos no livro “Conversa de camarim” é o “artista mais importante de toda a História do Teatro em Pernambuco. Se não havia antes, não apareceu depois alguém que se assemelhasse a ele na entrega ao ato de fazer e pensar Teatro”.

A Donzela Joana, escrita em 1966, tem como tema a expulsão dos holandeses de Pernambuco, transferindo para o Nordeste os feitos da donzela de Orléans, Joana D’Arc, recriada moça humilde do interior de Pernambuco, com a missão de expulsar os holandeses, libertar Olinda e coroar João Fernandes Vieira.

Se aconteceu na França, por que não poderia acontecer em Pernambuco?

Hermilo, que não chegou a ver esse espetáculo, queria, no palco, personagens humanas contracenando com bonecos de mamulengo, figuras do bumba-meu-boi, pastoras do pastoril.

Retomando espetáculos e folguedos populares, deu espaço para a contenda entre cantadores, como em um dos momentos do interrogatório da Donzela quando desafia o inquisidor Penico Branco:

“Vou fazer-lhe outra pergunta,/ tome nota do recado:/ quero que você me diga/ o que é mal-empregado.”

Responde a Donzela:

“Doutor, eu vou lhe dizer/ o que é ‘ mal-empregado’; é uma moça bonita/ casar com rapaz safado; é um vaqueiro ruim/ num cavalo bom de gado; paletó de pano fino/ num corpo mal-amanhado; é um cabra preguiçoso/ abrir um grande roçado: abre, planta e não o limpa,/ perde o legume plantado./ Disso tudo é que se diz:/ Ó, meu Deus, mal-empregado!”

Neste quadro de José Cláudio, o talento bem empregado!

Texto sobre Hermilo baseado no site de Sônia van Dijck

segunda-feira, outubro 15, 2007

Nossa Senhora e eu

Não sou uma pessoa religiosa. Como vários de nós, nasci católico, batizado, fui criado na religião católica mas não me tornei um católico.

Meus avós maternos eram praticantes. Aliás uma das primeiras vezes que ouvi um palavrão foi um proferido pelo meu avô, no trânsito, mandando um motorista que havia lhe dado uma “fechada” à puta que o pariu. Fiquei chocado. Como um senhor tão religioso poderia dirigir tal impropério a seu próximo?

Com o tempo percebi que a religião não santificava o homem. Muitas vezes, ao contrário, acolhia os maiores monstros em seu rebanho.

O segundo impacto pessoal com a religião foi na minha primeira comunhão. Na primeira confissão, menti ao padre. Não me lembro qual a mentira mas, seguramente, pela idade, nada de muito grave. Mesmo assim, acreditem vocês, na noite anterior à comunhão, tive uma caxumba que me derrubou e me acamou por uma semana. Fiquei impressionadíssimo! Só poderia ser castigo de Deus! Curado, confessei-me novamente, tendo o cuidado de dizer a verdade, inclusive, relatando a mentira na primeira confissão.

No ginásio estudei no Colégio Santa Cruz, de padres canadenses. Em matéria de religião não foi uma boa experiência. Como em qualquer comunidade, havia os bons padres e os maus. Aos maus, não dei mole e vice versa. Tive sérias desavenças com alguns. Credito a eles meu afastamento da religião e do colégio que não aceitou minha nova matrícula no primeiro científico, quando fui reprovado.

Casei-me no religioso, como vários, pela beleza e tradição da cerimônia. Já havia na época, necessidade de um pequeno “curso de noivos” para casar na igreja. Não me dispus a fazê-lo e apelei ao meu avô que pediu ao pároco da igreja minha dispensa do curso. Valeu o pistolão, não fiz o tal curso.

Quando nasceram meus filhos não os batizei, deixando para eles, no futuro, a decisão. Quando terminaram o primário quis que cursassem o Colégio Santo Américo, um ótimo colégio. Como não eram batizados, mais uma vez precisei de um lobby, desta vez, de uma prima de minha mulher, amiga do diretor do Colégio.

Pensei comigo, não são os padres missionários de Deus? Porque não aceitar alunos não batizados e ter a oportunidade de convertê-los à religião? Pelo jeito não queriam trabalho, desacostumados do sacerdócio.

Meu filho mais novo, para glória do diretor do colégio, aos 16 anos, pediu para ser batizado. Foi uma cerimônia comovente.

E assim venho levando a vida sem religião. Dizem os irreverentes que jamais se viu um ateu no leito da morte. Que na hora do vamos ver, todos chamam por Deus!

Toda manhã em minhas caminhadas passo em frente a uma pequena igreja, a de Nossa Senhora de Piedade, a beira mar da praia de mesmo nome.

Um dia quando passava em frente à igreja me veio uma não rara urgência fisiológica, uma tremenda dor de barriga. Meio na brincadeira olhei para a igreja e na maior camaradagem falei: “Ô minha Nossa Senhora me ajude!”

Não é que deu certo! Cheguei em casa a tempo, são e salvo!

Desde então mantenho com N.S. de Piedade um relacionamento informal convidando-a sempre para me acompanhar nos meus exercícios matinais.

Sexta feira passada, dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, li que havia um site na internet onde se podia acender uma vela virtual a Nossa Senhora. Moderninho, não?

Como Nossa Senhora é mãe, só tem uma, resolvi acender uma vela pedindo proteção aos leitores dos “Meusditos”.

Se quiserem um reforço para garantir e acender uma individual, o endereço é http://www.santuarionacional.com/. Aproveitem, nunca é demais uma boa amizade!

quinta-feira, outubro 11, 2007

A vingança do púbis!


Dias atrás recebi um e-mail com as fotos da Mônica Veloso. A primeira impressão foi a de que olhava mais uma fraude do Renan. A fraude do retoque digital, a ponto de eliminar de suas feições, refiro-me ao rosto, o pouco de charme que ela tem.

A segunda impressão foi a pior, a de alguém que se deixou levar pela grana, pelo momento e escancarou-se em despudor. Talvez tenha sido vingança por que é bastante provável que a senhora Renan, a verdadeira, que não é, digamos, nenhuma Brastemp, vá se sentir humilhada por silhueta tão bem desenhada e cheia de curvas.

Pior ainda, a ostensiva nudez parece querer dizer “olha, babaca, o que era seu agora é de todos!”.

Imagino os olhares. Para ela seguramente não existirão mais os puros e desinteressados. Virão sempre acompanhados por aquele sorrisinho maroto dos machos fazendo distraidamente bilu bilu com os dedos nos lábios.

Para ele os olhares serão de inveja e rancor. Não foi por acaso que logo após a publicação das fotos o apoio ao meliante sumiu. Imagina se a glamurosa Ideli Salvatti ou o galã de subúrbio Mercadante iriam perdoar seu par por ter prevaricado com tão bela donzela!

A desfaçatez de eliminar os honrados Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos da CCJ foi um tiro no pé, sem dúvida, mas a canalha do Senado está se lixando para a honradez, a ética e as históricas olheiras de ambos.

O que os golpeou mesmo foi o escárnio desse púbis liso, sem recato, escanhoado com Mach 3 da Gillete. Esse, sim, derrubou o Renan.

Pela segunda vez, mas, agora, espera-se, definitivamente!

terça-feira, outubro 09, 2007

Shiatsu?

Ando meio fora do ar. Mas hoje não posso deixar de comentar a matéria do Diário de Pernambuco sobre o Prêmio Nobel de Medicina conferido ontem a dois pesquisadores americanos e um britânico.

Receberam o prêmio por suas descobertas inovadoras envolvendo células-tronco embrionárias e recombinação de DNA em mamíferos.

As descobertas levaram a uma tecnologia conhecida por “gene targeting” que foi usada em camundongos e permitiu “desligar” genes especificamente selecionados ajudando a determinar como certas doenças afetam as células.

Complicado, não é? Pois bem, o Diário resolveu simplificar e mandou o seguinte título para a matéria:

“Manipulação de ratos rende o Prêmio Nobel”.

Só não consegui decifrar se a manipulação era de shiatsu, pilates ou tailandesa mesmo.

De qualquer modo os ratinhos devem ter adorado!