Meusditos

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Local: Varanda em Pernambuco

terça-feira, dezembro 30, 2008

O Parque Dona Lindu e a Praça Daspu.

Hoje o recifense deve estar em júbilo. Afinal não é sempre que pode prestar uma homenagem de R$ 29 milhões à mãe do presidente Lula, dona Lindu que dá nome ao parque criado por ninguém menos que o arquiteto Oscar Niemeyer.

Tá certo que o pessoal não queria tanto pensava num parque para contemplação e caminhadas com muito verde, muitas flores, pássaros, enfim um parque que quebrasse a aridez do concreto das edificações da praia de Boa Viagem.

O nome e a homenagem não perderiam o brilho e seriam igualmente exaltadas pelo Memorial dos Retirantes monumento criado pelo escultor Abelardo da Hora para ser ali exposto.

Certamente o custo seria bem menor e talvez o restante pudesse homenagear os sem teto construindo-lhes modestas e dignas residências. Mas quis o alcaide que assim fosse.

Para não deixar de inaugurar o tal parque em sua administração convidou o presidente para inaugurar hoje não bem o parque que está inacabado, mas sua primeira fase um parquinho infantil : equipamentos de ginástica, seis balanços e quatro gangorras, dois escorregadores e uma casinha feitos com a mais pura madeira de reflorestamento!

Devo estar parecendo irônico, não é? E estou mesmo, mas talvez de inveja. Afinal não moro no Recife, mas em Jaboatão dos Guararapes. Por aqui as coisas são diferentes.

O povo mal educado e sem nenhuma noção de cidadania. Empresários míopes sem noção de valores sociais e ambientais. Poder público quando não omisso, incompetente e corrupto. Some os fatores e veja se encontra outro resultado que não esta merda em que vivemos.

As fotos que publico aqui são da área mais nobre do município: beira mar da praia de Piedade. São três terrenos vazios em posse de empresários. O da esquerda da L. Priori, construtora deste prédio em que moro e do qual tirei essas fotos. O do meio é de uma tal de Geoteste, falida, de um tal de Aníbal Gouveia e o da direita da Aveloz uma construtora de portugueses.



Todos abandonados acumulando lixo, ratos, poças para o mosquito da dengue, marginais cheirando cola e que tais, cavalos pastando e servindo de banheiro a céu aberto.


Ao lado e atrás dos terrenos estão prédios de luxo habitados pela classe média e média alta da sociedade pernambucana. É um pessoal engraçado. Pela merda do município em que moram fingem aqui não morar. Trabalham e se divertem no Recife e, pior, votam no Recife. Não se importam nem mesmo com a imundície vizinha aos seus apartamentos.

Já que todos estão se lixando para essa área vou propor ao próximo prefeito que desaproprie os terrenos e lance aqui, não um parque, mas uma simples praça com cajueiros, coqueiros, talvez alguns pés de mamonas e muitas moitas.

Numa homenagem coletiva poderíamos batizá-la de Praça Daspu!

sexta-feira, dezembro 26, 2008

A cavala e o bacalhau do rei!

Almoçava lá pela uma e pouco da tarde quando toca o interfone. Informa-me o porteiro que o Ceará estava na portaria e queria falar comigo. Disse que estava almoçando e perguntei o que ele queria. Queria que eu fotografasse um peixe que havia pescado.

Lembrei-me que ontem quando tomava uma cervejinha na barraca do Ceará na praia aqui de fronte e ele me disse que havia pescado uma cavala de 25 quilos disse-lhe que seria bom fotografar esses belos troféus de suas pescarias. Que quando chegasse e me visse na varanda do meu apartamento, me chamasse que eu desceria para fazer o registro.

Hoje pegou outra cavala de 20 e tantos quilos e lembrou-se da metade da minha proposta: que eu fotografaria sua pescada.

Como tenho grande admiração pelo batalhador que é o Ceará, desci. Cadê o peixe, perguntei?

Disse-me que estava num botequinho na rua de trás. Eram duas quadras debaixo de um sol de lascar que apesar de perto em condições normais, entre duas garfadas de um delicioso bacalhau do rei com batatas cozidas regado ao azeite extra virgem Borges, era uma verdadeira viagem.

Fui, fotografei, mal, aliás, pela pressa e desconforto e voltei. Tomei uma chuveirada para me recompor e retornar ao bacalhau do rei com um mínimo de dignidade.

Vou ter que impor regras mais claras ao Ceará. Mas fica aqui o registro. É ou não é um belo peixe?

terça-feira, dezembro 23, 2008

Excepcionalmente


Estava pesquisando na web frases e charges de bar para sugerir nome e decoração para a choperia de um amigo.

Deparei-me com um site de piadas, onde além desta charge que ilustra esses meusditos, duas de mineiros e mineirices são impagáveis!

Abro uma exceção e as transcrevo do site

www.velhosamigos.com.br/Piadas/piadas104.html

CUNVERSA DE MINEIRIM

- Cumpadi, muié é bicho estranho, num é mêsss???
- Num gosta di pescá....
- Num gosta di futebor...
- Num sabi contá piada...
- Num toma umas pinguinha....
- Óia, cumpadi....si num tivesse xoxota, eu nem cumprimentava.

UAI SÔ

Um mineirinho bom de cama, passando por New York, pega uma americana e parte para os finalmentes.
Durante a relação, a americana fica louca e começa a gritar:
- Once more, once more, once more...
E o mineirinho responde desesperado: - Beozonte, Beozonte, Beozonte

Acessem e divirtam-se!

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Como as hienas, gargalhe!

Há dias tento escrever sobre vereadores e não consigo. Uma aversão total aos políticos tem bloqueado minha vontade de sequer pensar neles.

Hoje, para minha felicidade, assisti a uma entrevista do senador Nãoseioque Borges da Bahia relator de uma lei que cria quase oito mil novos cargos de vereadores pelo Brasil afora que me deu novo ânimo para desprezá-los publicamente.

Perguntado se o senado (em minúsculas mesmo) não estava na contra mão dos cortes de despesas de empresas e governos para enfrentar a crise respondeu:

“Não, só os mal informados ou com má fé afirmam que as despesas crescerão com esses novos cargos. Há um limite constitucional para gastos com as câmaras municipais. Não será gasto nenhum centavo a mais!”

Mal intencionado e de má fé é este pulha de senador. Se no teto de gasto permitido pela constituição cabem 8.000 novos cargos nas Câmaras, nada impede, ao contrário, determina a razão, que esses canalhas não utilizem o teto previsto e cortem os gastos a níveis compatíveis com o corte de cargos e não que criem os novos cargos!

Corte, aliás, determinado pelo TSE e agora afrontado por essa canalhada.

Enquanto isso vereadores pelo Brasil chantageiam prefeitos para aprovar projetos de interesse dos municípios, roubam o tesouro municipal emitindo notas frias e fraudadas para receber suas vergonhosas verbas indenizatórias, locupletam-se com verbas paletó, achincalhando os eleitores!

Mas para que servem, mesmo, os vereadores? Na prática, para nada a não ser dar nomes a ruas, conceder medalhas e títulos de cidadania, e para, em raríssimas exceções, fiscalizar as ações do executivo.

Vamos a um teste. Responda-me de pronto qual iniciativa de um vereador de sua cidade que você se lembra? Vamos tentar com os deputados estaduais: qual matéria de interesse da sociedade foi criada, sugerida por um deputado e votada no seu estado? Atenção, não considere projetos do executivo aos quais aderem com entusiasmada subserviência.

Tente novamente com os deputados federais e senadores. Difícil, não é?

Vamos agora para os escândalos, cara de pau, descalabros, e roubos. De imediato me veio à cabeça a utilização de notas frias pelos vereadores do Recife para meterem a mão na tal verba indenizatória. Não só frias como falsas e adulteradas. Coisa que nos levaria, cidadãos comuns, à prisão.

Aqui o tema foi tirado de pauta do TCE por um tecnicismo qualquer prontamente aceito pelo corporativismo de seus membros para dar tempo aos vereadores larápios reeleitos tomarem posse na nova legislatura.

As barbaridades apontadas pelo relator do processo, conselheiro Marcos Loreto, não foram suficientes para o julgamento imediato. Ficou para fevereiro de 2009.

Alguns exemplos:

O vereador Gilberto Luna do PSB, partido do governador do estado, apresentou notas de 303 refeições num só mês, dez por dia.

Augusto Carreras do PV em dois meses apresentou sete notas do fornecedor José Dias Barbosa que listam 402 produtos variados como lagosta, camarão, salmão, maminha importada, etc.

Em sessenta dias consumiu 402 produtos de irrepreensível bom gosto. São 6,7 produtos por dia. Várias refeições foram feitas de madrugada e em fins de semana.

Para surpresa geral a câmara dos deputados barrou, agora a tarde, a proposta do senado. Dizem que as alterações feitas pelo tal Borges desfigurou o projeto original. “Foi uma alteração substancial”, gaguejou ninguém menos que o íntegro corregedor da câmara, Inocêncio de Oliveira!

Como as hienas, gargalhei!

sábado, dezembro 06, 2008

Sifu!

O Lula, quando estou de bom humor, me diverte.

Em discurso descontraído Lula criticou a falta de regulação no mercado financeiro americano e comparou o mercado a "um adolescente, que se dizia emancipado, mas revelou-se dependente dos pais, no caso, o governo."

Comparou as medidas do governo para que a economia não pare às de um médico.

"Imagine se um de vocês fosse médico e atendesse um paciente. O que você falaria para ele? Olha companheiro, você tem um problema, mas a medicina já avançou demais, a ciência já avançou demais, nós vamos dar tal remédio, você vai se recuperar. Ou você diria: Companheiro, sifu.”

Não faltaram críticas a essa descontração presidencial. Afinal é o presidente falando, há de ter compostura e honrar a liturgia do cargo. Não pode empregar palavras chulas.

Não concordo com as criticas nem com pigarros e sobrancelhas do mauricinho do Jornal Nacional. Nem eu nem 70% dos brasileiros. Dos males da política no Brasil o Lula, certamente, não é o pior. É só mais um com sua cupinchada.

Pior são os desmandos e roubos diuturnos de senadores, deputados federais e estaduais e vereadores pelo Brasil afora.

Chulas para mim são palavras como verba indenizatória, notas fiscais frias, nepotismo, ladroeira, cara de pau, salário paletó, verba de gabinete, verbas de moradia e apartamentos funcionais. Tornaram-se chulas por descreverem o que o Brasil tem de pior.

Se há uma competência que o Lula administra com maestria é a do timing, da linguagem e da adequação de seus discursos quando discorre com ligeireza sobre assuntos mesmos os mais espinhosos.

Vez em quando pisa na bola, porque não? Prefiro o Lula pisando leve e solto na bola a políticos primatas inocêncios oliveiras bostejando firulas como se fossem donos da verdade e honestos.

Em tempos bicudos como os que ainda estão por vir, uma descontraçãozinha cai bem. Temos ainda dois anos de Lula presidente. Não vamos tirar o que ele tem de melhor, o papo de botequim.

Companheiro divirta-se!

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Dr. Antonio se aborreceu.




Minha ficha não caiu e penso que dificilmente cairá. Sou incompetente para entender uma montanha de trilhões de toneladas construída no pântano. Entendo a montanha e o pântano, mas não o conjunto. Essa é a figura que me ocorre tentando entender a atual crise mundial.

Os maiores e mais conceituados bancos do mundo, os mais famosos teóricos do livre mercado e os governos dos países comandantes do capitalismo de repente soçobraram. Como o comandante do Titanic que pilotando o “inaufragável”, surpreendeu-se naufragando.

No Brasil, várias das melhores empresas, inclusive a maior, a Petrobrás, foram pegas de calça na mão e carteira vazia. Precisaram recorrer ao governo e seus bancos estatais para enfrentarem problemas emergenciais de caixa.

Em operações desastradas com derivativos de câmbio, que tinham por finalidade garantirem-se contra suas variações, Sadia, Suzano e Votorantim, entre tantas outras, perderam US$ bilhões em meses. Só a Votorantim perdeu R$ 2 bilhões. Houve aí uma tremenda ironia do destino. Para explicá-la vou abrir aqui parênteses.

(Terminei de ler o ótimo “Pioneirismo empresarial no Brasil”, três volumes escritos por Jacques Marcovitch, ex reitor da USP e professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da mesma instituição. Em quase mil páginas apresenta o perfil e a história de 24 empreendedores brasileiros cobrindo o pioneirismo empresarial dos últimos 187 anos.

Desde Antonio Prado, barão de Iguape, em 1820, até os dias de hoje. José Ermírio de Moraes é um deles. Nacionalista extremado fazia questão de distinguir o empresário do especulador. Em palestra na Sociedade Mineira de Engenheiros em 7 de novembro de 1958 dizia:

“Chamam os industriais de “tubarões”. Os verdadeiros “tubarões” são aqueles que vivem nas grandes cidades, sem nada produzir, levando vida de nababo, não sabemos a custa de quem. Boa parte dos industriais brasileiros começa seu dia de trabalho às seis horas da manhã e entra pela noite adentro. Levam uma vida de sacrifícios, procurando realizar alguma coisa de útil, mesmo com todas as dificuldades que lhe são impostas dentro de seu próprio país.”

Reconhecem este discurso? Não? Vou ajudá-los. Como defensor da ética empresarial baseada no trabalho, José Ermírio influenciou seus herdeiros a começar por Antonio Ermírio de Moraes, seu filho mais conhecido, e talvez o mais parecido nas convicções e temperamento. Bingo!

Fecho os parênteses e volto à ironia do destino. )

Durante décadas Antonio Ermírio vociferou contra os bancos e seus juros, "verdadeiros parasitas da economia mundial". Há uns dez anos não é que a terceira geração do império resolveu ter seu próprio banco? Porque não? Em poucos anos as empresas financeiras do grupo passaram a responder por quase 30% de seu lucro!

Mês passado deu-se o sacolejo. O grupo Votorantim perdeu mais de R$ 2 bilhões em derivativos de câmbio. Você há de imaginar que o preju foi das empresas financeiras, não é? Não. Nem das financeiras e muito menos das industriais. Foi justamente na holding do grupo que abriga 8 conselheiros da terceira geração dos Ermírio de Moraes. Nela centralizaram as decisões e o caixa.

Não se pode negar o acerto de sua governança nos últimos nove anos que multiplicou a receita do grupo em mais de oito vezes e seu lucro líquido em 16!

Uma das características do Votorantim é sua capacidade de superação em tempos bicudos. Nesta crise não haverá de ser diferente. Mas até lá é bom os jovens herdeiros irem tomar a benção daquele que melhor representa a filosofia do grupo de austeridade e empenho no trabalho, o Dr. Antonio.



Mas vão com jeito. Afinal, o patriarca ficou muito “aborrecido e irritado” com o pequeno tropeço de R$ 2,2 bilhões! Aborrecido, não. Ficou mesmo é puto da vida!