A eleição em Pernambuco cheira a mofo.
Há oito anos duas das principais lideranças políticas adversárias se uniram com o discurso de agilizar o desenvolvimento do estado contra o atraso representado por Arraes: Jarbas Vasconcelos, PMDB, e Marco Maciel, PFL. Do outro lado, restou o próprio Miguel Arraes.
Arraes sofreu, então, com a “União por Pernambuco”, a mais fragorosa derrota de sua vida política. Perdeu a eleição para Jarbas, para o governo do estado, por mais de um milhão de votos num colégio eleitoral de 5,3 milhões de eleitores.
Desde então, vários políticos transitam sem cerimônia por entre as coligações, ora com a “esquerda”, ora com a “direita” ao sabor das chances de se chegar ao poder.
Há quatro anos Jarbas se reelegeu governador. Agora quer fazer seu sucessor, o vice-governador Mendonça Filho, o Mendoncinha, de família de políticos do agreste pernambucano. Uma figura quase apagada sempre à sombra de Jarbas, embora leal e eficiente colaborador do governador.
Confiante na vitória pelos 70% de aprovação do governo Jarbas, enfrentou, no primeiro turno, Eduardo Campos, PSB, neto do falecido Miguel Arraes e ex -Ministro de Ciência e Tecnologia de Lula, e Humberto Costa, PT, famoso por ser indiciado no caso dos vampiros ao tempo que era Ministro da Saúde, também de Lula.
Mendoncinha ganhou o primeiro turno com 35% dos votos, aproximadamente, seguido por Eduardo com algo como 28%. Humberto perdeu e imediatamente apoiou Eduardo que tem, também, o apoio do presidente da CNI o “empresário” Armando Monteiro Neto.
Este é o resumo da ópera. Mas o que quero abordar é outra coisa.
Nesta eleição ocorre um fato novo: os candidatos ao governo do estado são da nova geração de políticos, os dois beirando os quarenta anos, não são caciques, ainda.
Aí que está a grande decepção. Apesar de novos repisam velhos bordões e táticas, sem nenhuma criatividade ou proposta. Como afilhados, deixaram-se levar pelas teses de seus padrinhos.
A campanha de ambos é cansativa, sem criatividade e de um terrível baixo nível que beira a grosseria.
Jarbas, há oito anos, repisando que herdou de Arraes um estado falido e quebrado por conta de uma famosa operação dos precatórios, lançamento de títulos públicos para pagar precatórios, mas, que na verdade financiaram despesas correntes do governo, afora gordas comissões por dentro e, dizem os inimigos, por fora. Uma operação inventada em São Paulo no governo Maluf, e copiada por alguns estados pelo Brasil afora.
Eduardo Campos era, então, o Secretário da Fazenda.
Sempre desmerecendo e tentando desconstruir o adversário, a União por Pernambuco, com esta mesma tática, já perdeu duas eleições “ganhas” para a prefeitura do Recife. Pelo jeito não aprenderam nada com as derrotas, e certamente perderão de novo.
Eduardo por seu lado repisando que o candidato do Jarbas é um simples tutelado seu, e que privatizou a Celpe e que por isso o estado paga hoje um dos maiores custos de energia do país.
A bem da verdade, acordou a tempo, inovou e, a exemplo de seu padrinho Lula, lançou-se como o candidato da “paz, amor e vitória” esquecendo o passado e olhando o futuro de um novo Pernambuco. Tudo o que Mendonça deveria ter dito e não disse!
Com o apoio decidido de Lula que, no estado, tem quase 80% dos votos válidos, e com a preferência apontada nas pesquisas sempre em ascensão vem, agora, recebendo uma saraivada de adesões dos prefeitos oportunistas de última hora. E aí a bola de neve não para mais de crescer.
Chamou atenção terem nacionalizado a campanha.
O Eduardo tem razão para fazê-lo uma vez que Lula é vencedor no estado e apóia sua candidatura.
Mas o Mendoncinha, não. Ao invés de repisar na crítica ao Eduardo deveria repisar o muito que fizeram para um novo Pernambuco de obras e investimentos. Fez ainda pior. Disse em seu programa eleitoral que seu candidato é o Alckmin, mas que eleito buscará parceria com Lula... ou com quem ganhar! Ou seja, não encarou o oponente, piscou, foi fraco. Não teve culhão para se dizer adversário de Lula. E isso o pernambucano não perdoa.
Não sei quem é o responsável pela campanha do Mendonça, mas deve ser o mesmo que perdeu as duas eleições “ganhas” para a prefeitura do Recife. Está à sua altura.
Por essas e outras, Jarbas, vai comemorar sua vitória para o senado com 56% dos votos, com o gosto amargo de uma derrota retumbante de seu candidato a governador, justamente para o neto e herdeiro político de Arraes!
Isn't life a bitch?