Estranho mundo das doações!
Sempre me perguntei por que as pessoas jurídicas podem fazer doações para campanha política. Não é seu objeto doar a não ser em casos de coincidência de programas de partido com os seus de desenvolvimento social, econômico e ambiental, o famoso triple bottom line ou triple P, Profit, People, Planet.
Se não isso, sempre me pareceu facilitação para o futuro da empresa, garantia de favores, lobby genérico, propina, enfim.
É interessante notar que dos doadores do candidato Eduardo Paes, PMDB, por exemplo, de um total de 25 nada menos que 14 são incorporadores, engenharia e construções.
Dos 10 maiores nove são do ramo imobiliário. O maior doador é o famoso Eike Batista, o novo Midas brasileiro. Detalhe: doador pessoa física com R$ 500 mil. A segunda colocada é a Construtora OAS com R$ 350 mil, e por aí vai.
Pergunto-me se o assunto nunca interessou ao Ministério Público. Porque raios tanta construtora quer doar dinheiro para campanha de prefeitos?
A OAS, por exemplo, doou para todos os candidatos e o mais interessante é que sua maior doação foi para a candidata Jandira Feghali do PC do B.
Que será que entidades tão díspares têm em comum para justificar uma doação de R$ 400 mil o dobro da doação ao Fernando Gabeira e R$ 50 mil a mais que a do Eduardo Paes?
Se analisarmos as doações dos candidatos o campeão é o Eduardo Paes e suas empreiteiras com R$ 3 milhões. Em segundo, o Gabeira com R$ 1,8 milhão, Jandira Feghali com R$ 783 mil e Alessandro Molon do PT com R$ 680 mil.
O pobrezinho é o Chico Alencar do PSOL com R$ 94 mil, sendo a maior do diretório estadual de R$ 28 mil e a menor de R$ 20,00 da Iran Oliveira Dias. De um total de 44 doadores somente 18 doaram R$ 1 mil ou mais e, excetuando-se o diretório, todos os outros são pessoas físicas.
Pelo perfil dos doadores não há dúvida que o vencedor vai ser o do PMDB. Empreiteiros não jogam dinheiro fora.
A única dúvida que ainda me incomoda é o porquê da doação da OAS à Jandira Feghali. Desconfio que ou é compadrio de pessoas ou um tremendo de um cala boca.
Já o Crivella da Igreja Universal informou seus maiores doadores: Bradesco, Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, OAS e Vale sem especificar valores. Pergunto cadê o bispo?
Pena que o Brasil inteiro não adotou a transparência carioca. Seria, no mínimo, muito divertido.