Um rio para o Éden!
Em 1847 um deputado provincial do Ceará, um tal de Marco Antônio de Macedo, imaginou uma transposição das águas do Rio São Francisco para o Riacho dos Porcos, em seu estado.
Entre 1852 e 1854, por ordem de D. Pedro II, foi realizado um estudo do rio e seus afluentes visando à navegação de seus cursos. Aproveitou-se para idealizar um canal que transportasse águas do S. Francisco para enfrentar a seca do semi-árido nordestino.
De lá até hoje, passando pelo Barão de Capanema, Euclides da Cunha e vários órgãos governamentais, vez por outra a idéia da transposição volta à baila. Hoje, Lula assumiu o projeto, nomeou um baiano, ex-inimigo da idéia, para tocá-lo e começaram as discussões.
O cerne da questão é que o governo sustenta que a transposição levará água para 15 milhões de pessoas assoladas pela seca e seus críticos afirmam que as águas serão utilizadas para irrigação de latifúndios para produção de frutas para exportação e que as populações ribeirinhas, dispersas, não tomarão nem um golinho da água transposta.
O que chama a atenção na argumentação pró e contra o projeto é a quantidade de políticos e técnicos envolvidos na disputa. Imaginei tratar-se de uma obra de engenharia com começo, meio e fim, tecnicamente mensurável em propósitos e resultados. Não é.
Politicamente até consigo entender a refrega pois há estados doadores de água e estados receptores, cada um querendo ter vantagens sobre os outros. Uma lei de Gerson aqüífera. Agora, geólogos e engenheiros com análises totalmente contraditórias fica difícil de entender.
Não bastasse esses personagens buzinando diariamente nossos ouvidos com suas pregações, reaparece um bispo católico, Dom Luiz Flávio de Cappio, que, semana sim, semana não, entra em greve de fome contra a tal transposição.
O papa que me perdoe mas esse bispo é uma fraude.
Ou engana a platéia com sua greve de fome para no momento oportuno, como já aconteceu, arrumar uma desculpa e suspendê-la ou, pior, atenta contra sua própria religião dispondo de sua vida num suicídio público.
Proponho uma corrente de fé para que Dom Cappio tenha sucesso e encontre, suavemente, a margem do lado de lá!