“Dai-me um ponto de apoio e levantarei a Terra!”
Com essa expressão Arquimedes divulgou sua teoria das alavancas que apoiadas a um ponto fixo multiplicam a força aplicada.
Nascido em Siracusa, na Sicília, em 287 a.C., foi educado em Alexandria, no Egito. De regresso à Siracusa consagrou-se no estudo da Geometria e da Mecânica, conseguindo descobrir princípios e fazer aplicações que o imortalizaram.
No início de março de 1851, no século XIX, Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá, presidiu a primeira reunião dos acionistas de seu Banco do Comércio e Indústria do Brasil. Na época, aproveitando-se da ausência de qualquer regulamentação do mercado financeiro, Mauá exercia uma poderosa e arriscada alavancagem.
O estatuto do banco, redigido por ele próprio, permitia fazer empréstimos sobre caução de ações de empresas, inclusive do próprio banco. Assim que integralizou sua parte no capital empenhou ali mesmo os papéis e duplicou o capital. Aplicava em nova empresa e o ciclo sempre repetido gerava uma multiplicação inteiramente baseada em capital de terceiros.
Em 1936, Warren Buffet, aos seis anos, ganhava seus primeiros centavos de dólar vendendo chicletes. E já tinha seus princípios. Lembra-se até hoje de uma cliente que queria comprar uma tirinha de Juicy Fruit. Respondeu-lhe que não dividia os pacotinhos de cinco tiras.
Um dia caiu em suas mãos um livro cujo título o cativou: “One thousand ways to make U$ 1000,00”. Lá pelas tantas aconselhava:”A maneira de começar a ganhar dinheiro é começar. Centenas de milhares de pessoas que gostariam de ganhar muito dinheiro não conseguem porque estão esperando que isso ou aquilo venha a acontecer. Comece!”, mandava o livro.
Em 1940 seu pai levou-o a conhecer Wall Street. Foi quando conheceu Sidney Weinberg sócio sênior do banco de investimentos Goldman Sachs, que ao se despedir perguntou ao menino quais ações ele achava boas. Essa atenção do figurão não foi esquecida.
Hoje, segundo mais rico homem do mundo, em plena crise de liquidez mundial, surpreendeu estendendo a mão em ajuda ao Goldman comprando US$ 5 bilhões em ações do banco.
Durante as últimas três décadas os derivativos financeiros tiveram um crescimento espetacular graças à securitização e à “criatividade” dos bancos que jogavam seus riscos para fora de seus balanços.
De acordo com o BIS, uma espécie de banco central dos bancos centrais, o valor dos contratos no final de 2007 alcançava US$ 600 trilhões, cerca de 10 vezes o PIB mundial, ou seja, os negócios com papéis eram 10 vezes maiores que o conjunto de todos os negócios da economia real!
Neste mês de outubro empresas brasileiras firmaram contratos de derivativos, em que não só buscavam proteção contra variações cambiais, como seus "gênios financeiros" dobraram a aposta especulando que o real não haveria de se desvalorizar acima de R$ 1,80. Tiveram perdas bilionárias.
Em março deste ano o grupo português Teixeira Duarte venceu licitação para compra de uma área de 70 hectares na praia de Porto de Galinhas, a famosa casa do governador de Pernambuco.
Comprometeu-se com um investimento de até R$ 620 milhões na criação de um mega resort. No primeiro semestre o grupo apresentou perdas de R$ 537 milhões por baixas contábeis de seus ativos. Perdeu, simplesmente, um novo resort.
Assim são as alavancas. Algumas levantam o mundo, outras o burro!